Celebrado no dia 5 de setembro, o Dia da Amazônia é uma oportunidade para refletir sobre a importância da região e de sua ampla biodiversidade de fauna e flora. Com cerca de cinco milhões de km² no Brasil, a área guarda costumes, cultura e também é laboratório natural para iniciativas científicas nacionais e mundiais.

Na região, pesquisas científicas ampliam o poder de elementos regionais como frutas, raízes e outros recursos locais. Exemplo disso é o estudo produzido pela santarena Jhéssica Krhistinne Caetano Frota, em sua dissertação de mestrado defendida em 2018 no programa de Biociências da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). A pesquisa analisou a capacidade da copaíba, insumo muito utilizado na medicina tradicional amazônica, de combater células cancerígenas.
Durante seu doutorado, concluído em 2025, no programa de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Jhéssica Krhistinne Caetano Frota aprofundou e analisou a oleorresina de copaíba, coletada da em Belterra (PA), e comprovou o potencial antitumoral e anti-inflamatório em investigações in vivo, que são parte de ensaios pré-clínicos.
Contribuição da Ufam para a comunidade científica
Além de destacar os grandes estudos que envolvem planejamentos, questionamentos e análises dos resultados, é preciso evidenciar a importância das diversas instituições da Amazônia, que apoiam e ampliam a pluralidade de pesquisas no Norte do país.
Sendo uma das referências de incentivo ao desenvolvimento científico na região, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) abriga a produção de inúmeros projetos de pesquisa relevantes para o setor.
A instituição federal obteve destaque no cenário científico recentemente, sendo a sede do “Encontro da Comunidade Científica e Tecnológica da Amazônia com a Presidência da COP 30”, que contou com a presença de importantes autoridades da área científica.

A reunião foi marcada pela entrega do documento produzido por 70 instituições de pesquisa da região amazônica para a presidência da 30° Conferência das Nações Unidas sobre Mudança de Clima, responsável pela COP 30, encontro global para a discussão de ações no combate às mudanças climáticas. Em 2025, o evento ocorre em Belém, capital do Pará, no mês de novembro.
O Portal da Ciência, um dos projetos da universidade focado na popularização do conhecimento científico produzido na Amazônia, é um canal para o acesso a múltiplos conteúdos, vídeos interativos e matérias sobre pesquisas que envolvem as comunidades e as riquezas naturais da região.
Resíduos de peixe transformados em petiscos
Um exemplo de pesquisa inovadora e sustentável é a ração feita com resíduos de peixes para animais domésticos. O projeto foi conduzido pelo Laboratório de Nutrição Animal da Ufam de Parintins e contribui com o meio ambiente da região, pois reutiliza resíduos que seriam despejados nos rios e lixeiras públicas da cidade. O processo de aproveitamento racional e tecnológico conta com a coleta dos restos de peixes nas feiras públicas e frigoríficos. Após isso, são realizados os processos de higienização e seleção dos produtos.
Dependendo da espécie do animal, também ocorre o procedimento de balanceamento, ou seja, a pesquisa profunda sobre a exigência nutricional do animal. O produto final pode ser definido como rações, empadas ou farelos para os pets.

BioInseticida para o combate de pragas agrícolas
Outro destaque entre os estudos é o “Insetbio ce Natural”, um inseticida e acaricida desenvolvido com substâncias extraídas do bioma amazônico. Foi desenvolvido por Tatiane Mota, mestranda do Programa de Pós-graduação de Ciência e Tecnologia de Recursos Amazônicos no Laboratório de Acarologia e Entomologia Agrícola do Instituto de Ciências Exatas, localizado em Itacoatiara. O produto é uma alternativa sustentável, prometendo controlar pragas, insetos e ácaros com menor impacto ao meio ambiente. A iniciativa busca auxiliar agricultores na proteção de suas plantações e garantir a qualidade da colheita.
O Insetbio ce Natural se destaca por não deixar cheiro desagradável e por não prejudicar organismos benéficos entre as plantações. Além disso, o acaricida se degrada em até dois dias, ao contrário de outros produtos convencionais que podem levar de 12 a 40 anos para sua decomposição. Em 2024, o inseticida foi apresentado na Feira de Negócios Inovadores da Bioeconomia da Amazônia, parte do projeto Jornada Amazônica, ocorrida em Belém.

Chocolate de sementes de Ingá
O chocolate à base da fruta ingá faz parte da pesquisa desenvolvida no Laboratório de Química Geral, do Instituto de Natureza e Cultura da Ufam em Benjamin Constant. O ingá é utilizado como substituição do cacau, por meio da bioprospecção, que é uma exploração sistemática que busca novos recursos biológicos de valor social e econômico na biodiversidade, para uso em indústrias farmacêuticas, alimentícias e cosméticas. O chocolate é produzido a partir do pó obtido da semente do ingá, que serve como matéria prima principal, junto a outros compostos que enriquecem sua composição e originalidade.


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