As manifestações culturais do Amazonas são ricas e múltiplas, e a música eletrônica produzida e fomentada por aqui não é diferente, embora nem sempre tenha o reconhecimento que merece. Esse movimento tem mudado aos poucos, com artistas e produtores cada vez mais se articulando em busca de visibilidade, historicamente limitada por outras regiões do Brasil.
Exemplo dessa subversão é a participação de artistas amazonenses em festivais, eventos e espaços de entretenimento e cultura no Sudeste, como a apresentação das DJs Alba e Melka, do coletivo Arhe, em locais referenciados pela música eletrônica nacional no eixo Rio-São Paulo. Na última semana, as artistas tocaram no Caracol Bar (SP) e no Comuna Lapa (RJ), se adequando à proposta de cada um e, principalmente, mostrando o valor da arte nortista para locais em que o consumo cultural, muitas vezes, se limita a estereotipar e/ou ignorar a região.
O Caracol Bar é um listening bar, local que, para além da gastronomia e dos drinks, dá muito valor à música, por meio de uma curadoria aguçada de artistas e da qualidade do sistema de som. O Comuna Lapa tem quase 10 anos de atuação na economia criativa do Rio de Janeiro, referenciado pelo fomento à arte e a convergência de projetos. Desde 2021, o bar funciona no térreo do hotel Selina, se tornando ainda mais uma fonte de intercâmbio cultural. É possível contar nos dedos das mãos a quantidade de artistas nortistas que já passaram por ambos, mas essa realidade tende a mudar.
Ocupar esses espaços é essencial para o reconhecimento da arte amazonense, além da troca entre cenas, que só fortalece as iniciativas Brasil afora. Esse objetivo também é ansiado pelo festival Arheião, que tem como base criativa o coletivo Arhe citado acima. O evento será realizado no réveillon, em Novo Airão (AM), e conta com 39 artistas amazonenses e de outros estados do país. É a primeira vez que o Amazonas é palco de um festival de ano-novo focado em música eletrônica, com produção e direção efetivamente da terra, valorizando as produções e os artistas do Norte de forma majoritária.
Esse pioneirismo também é refletido nessas concretizações, cada vez mais frequentes e palpáveis. Mais do que nunca, é preciso dizer que a arte no Amazonas existe, resiste e sempre mereceu ser enaltecida – e quem não vê, está perdendo.
Conheça e fomente as iniciativas citadas:
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