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#MercadizarExplica: Intolerância Religiosa

Essa semana, o #MercadizarExplica se dedica a esclarecer uma questão antiga, porém ainda muito presente em nossa sociedade: a intolerância religiosa. Ela que já destruiu culturas, instituiu perseguições, gerou guerras, sistemas de separação e incentivou massacres e extermínios. Ao longo dos anos já mostrou na prática os motivos pelos quais deve ser combatida. 

Como surgiu e o que é a intolerância religiosa?

Assim como qualquer outro tipo de preconceito e descriminação, a intolerância religiosa surge da necessidade de marginalizar determinada religião ou grupo de pessoas em detrimento de outras. Por exemplo, aquilo que é considerado “certo” por aqueles que têm poder de decisão e replicam isso na sociedade é determinado como o padrão a ser seguido. Dessa forma, tudo aquilo que não segue esse tal padrão é julgado como errado. e, nesse sentido, cria-se uma oposição entre o que é “certo” e “errado”, que é utilizada para justificar perseguições. 

Em síntese, a intolerância religiosa, assim como qualquer outro tipo de opressão, é um exercício de poder sobre o outro, já que esse outro (indivíduo, cultura ou crença), quando não se encaixa no que é determinado, é perseguido, apagado ou silenciado.

No Brasil, o surgimento da intolerância religiosa está atrelado ao processo de colonização e à chegada dos portugueses no país. A maneira em que os europeus conduziram esse processo impondo suas crenças e tradições, e obrigando os povos tradicionais a renegar as suas, não foi só um exercício de poder, como uma ato determinante para que a partir dali, fosse instaurado o pensamento de que algumas pessoas, culturas e crenças não merecem o mesmo respeito em comparação a outras. Em seguida, com o processo de escravização e tráfico dos povos africanos, fez esse pensamento ser ainda mais difundido ao ponto de ser reproduzido até os dias atuais.

Intolerância religiosa e racismo

Nesse contexto, o racismo estrutural e a intolerância religiosa agem juntamente com a necessidade de eleger um grande mal imaginário que se responsabilize por todos os males na vida das pessoas, fazendo com que as religiões que mais são alvo desse tipo de crime sejam as de matriz africana.

No primeiro semestre de 2020, as denúncias de casos relacionados à intolerância religiosa, destinadas à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), pelo Disque 100, aumentaram 41,2% em relação ao mesmo período de 2019. A maior parte dos relatos foi feita por praticantes de crenças como a Umbanda e o Candomblé. 

Um estudo realizado pela PUC-Rio sugere também que há subnotificação quando se trata de denúncias sobre esse tipo de crime. O levantamento ouviu lideranças de aproximadamente 847 terreiros, que fizeram 430 relatos de intolerância religiosa. Desses, apenas 160 foram legalizados com notificação e somente 58 chegaram a algum tipo de ação judicial. O trabalho também aponta que 70% das agressões são verbais e incluem ofensas como “macumbeiro e filho do demônio”, além de pichações em muros, postagens nas redes sociais, invasões, furtos, quebra de símbolos sagrados, incêndios e agressões físicas.

Violência do mundo real transferida para o virtual

Fora todas as discriminações sofridas do mundo real, com o crescimento das redes sociais essas violências foram transferidas para o virtual. A falta de conhecimento sobre outras religiões não dominantes se mistura aos estigmas construídos ao longo dos séculos que favorecem o desrespeito sobre determinadas crenças. Atualmente, essa ausência de conhecimento também é reproduzida nos espaços digitais. Um exemplo disto, foi a utilização de “figurinhas do Ramadã”. 

Em maio deste ano, o instagram disponibilizou três “stickers” (figurinhas temáticas para os stories) sobre o mês sagrado de jejum e oração para os muçulmanos. Acontece que muitos usuários aplicaram essas ilustrações em postagens para fins lucrativos que não tinham nenhuma relação com o islamismo, esvaziando o sentido sagrado da homenagem. 

Além disso, em 15 anos, a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da SaferNet Brasil, registrou 269.469 denúncias de Intolerância Religiosa, envolvendo 21.546 páginas distintas na internet, das quais apenas 17.648 foram removidas, algumas delas escritas em 8 idiomas e hospedadas em 1.727 domínios diferentes, atribuídos em 36 países e em 5 continentes.

A intolerância religiosa ocorre com todas as religiões?

Sim, apesar da intolerância religiosa atingir mais as religiões de matriz afro, no caso do Brasil, outras religiões também sofrem com esse tipo de crime no país. De acordo com o balanço de denúncias pelo disque 100, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, confirma que das 354 denúncias realizadas no ano de 2019:

  • 61 eram relacionadas a religiões de matriz afro;
  • 18 relacionadas a espírita; 
  • 12 relacionadas a católica;
  • 12 relacionadas a testemunhas de jeová;
  • 11 relacionadas a evangélicas;
  • 3 cristãs;
  • 2 budistas;
  • 1 protestante ;
  • 1 ateu ;
  • e 233 não foram informadas.

Abaixo, selecionamos algumas falas que parecem inofensivas, mas na verdade são intolerantes:

  • “É de gesso, não vai te ouvir!”; (sobre devoção aos santos).
  • “Crente é tudo antiquado, brega”; (sobre vestimentas evangélicas).
  • “Morreu, tá morto. O Espírito não volta mais!”; (sobre reencarnação).
  • “Olha a bomba!”; (sobre religiões muçulmanas).
  • “Exu é coisa do demônio”; (sobre religiões afro).

Como combater a intolerância religiosa?

É difícil chegar em uma fórmula de como iremos erradicar a intolerância religiosa no Brasil e no mundo, mas manter o debate sobre o tema sempre em alta é um passo importante, afinal, um dos principais sentimentos que incentivam esse tipo de crime é a falta de conhecimento. 

Além disso, é importante ressaltar que a intolerância religiosa pode vir acompanhada de outros tipos de discriminação, como gênero, língua, pertencimento, raça e, por isso, um segundo passo muito importante é a  compreensão de que vivemos em um mundo plural. Apesar das diferenças, nós podemos ser quem somos, sem que isso invada e desrespeite o outro. Entender também que toda prática de fé, independente de qual seja, merece respeito, é um terceiro passo fundamental. 

Lembre-se: intolerância religiosa é crime!

Se você presenciar casos de intolerância, não apenas religiosa, ligue e faça uma denúncia anônima no  Disque 100.

 

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