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#MercadizarExplica: O que é pobreza menstrual?

Nós já falamos por aqui que menstruar é um processo natural do corpo humano que acontece com mais da metade da população mundial e, mesmo assim, ainda é cercado por tabus. Além do já pesado estigma em torno da menstruação, milhares de pessoas que menstruam ainda enfrentam a pobreza menstrual. 

Assunto que tem ganhado cada vez mais espaço nos debates sociais, em termos simples e diretos, a pobreza menstrual se refere, literalmente, à pobreza e falta de acesso a recursos, infraestrutura e conhecimento por parte das pessoas que menstruam sobre a menstruação. A partir desta definição, podemos entender que não se trata apenas da falta de dinheiro para comprar produtos de higiene, mas também expõe a clara desigualdade social quando se fala em falta de acesso à água, saneamento básico e educação. 

Segundo o estudo “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos”, divulgado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), 713 mil pessoas que menstruam vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas, incluindo falta de acesso a absorventes e instalações básicas, como banheiros e sabonetes.

Antes de tudo, é necessário entender que menstruar não custa barato. Em média, um pacote de absorvente sai a R$ 12. Se contarmos o período entre menarca e menopausa como a média de 35 anos, conforme aponta a literatura médica, são R$ 5.040 durante toda a vida. Pessoas em situação de pobreza precisam optar pelo que compram. Na hierarquia, a comida certamente vem como uma prioridade e itens de higiene são até mesmo considerados como luxos. Além da questão financeira, precisamos pensar também nas pessoas em situação de rua e extrema pobreza, pessoas que vivem em abrigos, refugiadas e que estão recolhidas em penitenciárias. Diante desta situação, uma solução encontrada por estas pessoas é utilizar papel higiênico, papéis comuns, folhas de plantas, roupas e panos velhos e até mesmo miolo de pão, como foi denunciado pela autora Nana Queiroz, no livro “Pessoas que Menstruam”, publicado em 2015. 

Além de serem uma clara consequência de desamparo e desassistência do aparato público, estas práticas improvisadas podem levar a sérias doenças do trato urinário e infecções nos rins e nos órgãos reprodutores femininos. 

Sem estas condições básicas, além de correrem riscos de saúde ao tentarem substituir o absorvente por outros itens, tais práticas também fazem com que crianças e adolescentes que menstruam parem de ir à escola, uma vez que a grande maioria delas não se sente confiante no período menstrual e  tem vergonha de falar sobre o assunto. 

Segundo pesquisa encabeçada pela Always, marca de cuidados íntimos da P&G, em parceria com a Toluna, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 1  em cada 10 pessoas falte a escola durante a menstruação. No Brasil, este índice é ainda mais assustador: 1 em cada 4 pessoas já faltou a aula por não poder comprar absorventes. Além disso, quase metade delas (48%) tentaram esconder que o motivo foi a falta de absorventes e 45% acredita que não ir à aula por falta de absorventes impactou negativamente o seu rendimento escolar.

Nos últimos anos, a sociedade tem olhado para a pobreza menstrual como o problema grave de saúde pública que realmente é. Instituições públicas e privadas têm se movido em todo o mundo para combater a pobreza menstrual e auxiliar pessoas em vulnerabilidade, seja através da arrecadação e doação de produtos de higiene, promovendo a educação menstrual ou pressionando órgãos governamentais por políticas públicas.

No Amazonas, o Governo do Estado anunciou a implementação do programa “Dignidade Menstrual”, com o objetivo de garantir dignidade menstrual de meninas e adolescentes de baixa renda, que estudam em escolas da rede estadual pela distribuição gratuita de absorventes higiênicos, a partir de agosto deste ano. A estimativa é atender 50 mil estudantes, na capital e interior, em idade menstrual, que se encontram em situação de vulnerabilidade social, pobreza e extrema pobreza. 

Como ser um aliado no combate à pobreza menstrual?

Aqui no Mercadizar, acreditamos que o acesso à informação é o primeiro passo para iniciar transformações e nós trabalhamos para isto. Nossa equipe, em sua maioria formada por mulheres, entende na pele as nem tão prazerosas marcas da menstruação e, da forma que podemos, construímos conteúdos voltados à desmistificação desse processo do corpo humano, afinal, somente quando falarmos abertamente sobre, faremos com que se torne tão natural quanto realmente é.

Cada uma de nós pode trabalhar para realmente entender o que é a pobreza menstrual, baseando-se em informações verdadeiras. Se for uma realidade distante da sua, é importante sair da bolha e tentar entender este processo. Afinal, se com todos os devidos cuidados a menstruação já não é tão agradável para muitas pessoas, não ter acesso à higiene transforma este processo em um fardo.

Também podemos pedir por políticas públicas voltadas à dignidade menstrual e apoiar personalidades políticas que têm o projeto em sua agenda, além de apoiar iniciativas voltadas à arrecadação e distribuição de produtos de higiene.

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