Você já deve ter ouvido o ditado popular “O trabalho dignifica o homem”. Ele quer dizer que, quando o homem mantém a mente ocupada, evita que ela fique preguiçosa. Mas você já parou para pensar quando e como nasceu a atual rotina de trabalho que conhecemos?
Em 1920, o fundador das indústrias Ford, Henry Ford, decidiu implantar um regime de trabalho de cinco dias úteis, seguidos de dois dias de folga, com oito horas de trabalho em cada dia. Quase um século depois, já não estaria na hora de atualizar essa questão? Não é à toa que a semana de quatro dias de trabalho sem redução de salário está em pauta. Empresas como Unilever, Microsoft e Panasonic, por exemplo, já adotaram esta tendência, mas só recentemente o assunto tem virado destaque na mídia.
No Brasil, a jornada de trabalho é de 44 horas semanais, uma média de oito horas por dia, como regra geral da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). No dia 28 de maio de 2008, centrais sindicais em todo o Brasil mobilizaram-se para sugerir a “redução da jornada de trabalho sem redução dos salários”, segundo o sociólogo Daniel Gustavo. Porém, daquele tempo para cá, a redução da jornada ainda é um debate que pouco avança.
Como isso impacta a economia?
De acordo com reportagem da revista Exame, em 2019, a filial da Microsoft no Japão testou um modelo de quatro dias úteis por semana e teve um aumento de 40% no faturamento. Segundo um estudo feito pela Universidade de Oxford, o impacto da semana de quatro dias apontou resultados positivos em termos de produtividade, destacou o diretor Jan-Emmanuel De Neve.
No Brasil, a agência gaúcha de comunicação Shoot implantou a semana de quatro dias com seis horas de trabalho, sem redução salarial, e viu seu lucro crescer 18% em 2021. Segundo economistas, reduzir a jornada de trabalho sem reduzir o salário é uma forma de distribuição de renda.
Com menos carga horária, as pessoas voltam para seus postos de trabalho mais focadas e produzem melhor. Além do mais, empregados podem investir em formação profissional, o que beneficia a empresa, que terá profissionais mais qualificados.
Como essa nova jornada afeta a vida do trabalhador?
Você pode pensar que as pessoas vão trabalhar menos, mas pelo contrário: reduzir a jornada de trabalho significa que elas trabalharão melhor. Além disso, com jornadas menores, sobra mais tempo para lazer, para a vida pessoal e para consumir mais, o que, consequentemente, melhora a atividade econômica do país.
“Com mais consumo, haverá maior demanda de produção e de serviços. Com jornadas reduzidas, empresas deverão contratar mais trabalhadores”, diz Marilane Teixeira, economista da Unicamp, em entrevista para a CUT. No mais, Marilane e outros economistas ressaltam que a redução da jornada de trabalho não vai zerar o desemprego; entretanto, é um dos primeiros passos para superar essa questão social.
*O Mercadizar não se responsabiliza pelos comentários postados nas plataformas digitais. Qualquer comentário considerado ofensivo ou que falte com respeito a outras pessoas poderá ser retirado do ar sem prévio aviso.