Anielle Francisco da Silva, mais conhecida como Anielle Franco, é a atual ministra no comando do Ministério da Igualdade Racial (MIR). Nasceu em 1984 e cresceu na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro. Além de sua ocupação como ministra, é jornalista, escritora, educadora, pesquisadora e ativista, além de ter atuado como jogadora de vôlei.
Por sua vivência na Maré e também influenciada pelas mulheres de sua família, de origem nordestina, Anielle afirma ter desde cedo interesse por pautas e discussões políticas. Mas foi após o assassinato de sua irmã mais velha, a então vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, em março de 2018, que seu envolvimento político se intensificou.
Ainda criança, Anielle começou a jogar vôlei, o que, mais tarde, rendeu a ela a oportunidade de morar fora do país. Aos 16 anos, por meio de bolsas esportivas, se mudou para os Estados Unidos, onde viveu por 12 anos. No país, estudou em diversas instituições, como Navarro College, Louisiana Tech University, North Carolina Central University e Florida A&M University.
Sua trajetória acadêmica é vasta. Anielle é formada em Jornalismo e Inglês pela North Carolina Central University e bacharel-licenciada em Inglês e Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É também mestre em relações étnico-raciais pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ), e doutoranda em linguística aplicada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Em março de 2018, o assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes abalaram não só a família da então vereadora e Anielle, quanto também a política brasileira, por conta da violência com a qual o crime ocorreu. Com o objetivo de dar continuidade às lutas e causas defendidas pela irmã assassinada em um crime político ainda sem resolução, e ainda buscar que a justiça sobre o caso seja feita, Anielle passou a ter maior envolvimento com a política no país.
No mesmo ano da morte de Marielle, Anielle Franco foi uma das responsáveis pela fundação do Instituto Marielle Franco, no qual ocupa o cargo de diretora executiva. Segundo o próprio instituto, sua missão é “inspirar, conectar e potencializar mulheres negras, pessoas LGBTQIA+ e periféricas a seguirem movendo as estruturas da sociedade por um mundo mais justo e igualitário”. As ações promovidas buscam continuar o legado de Marielle no âmbito político e social. Exemplo disso foi a criação da Plataforma Antirracista nas Eleições (PANE), em 2020, que reúne ações e ferramentas antirracistas visando mudanças nas estruturas do sistema político, buscando ainda viabilizar candidaturas negras em todas as cidades do país durante eleições.
Também motivada pela morte da irmã, Anielle publicou os livros “Cartas para Marielle” (2019) e “Minha irmã e eu: diário, memórias e conversas sobre Marielle” (2022), além de ter participado de outras obras, incluindo a autobiografia de Angela Davis.
Com diversas publicações acadêmicas, a linha de pesquisa de Anielle inclui temáticas como racismo, feminismo e relações étnico-raciais, entre outros. Seu ativismo político, que a dá destaque no meio político nacional, defende pautas como combate ao racismo, combate à violência policial, luta contra a pobreza e a desigualdade, feminismo, protagonismo da mulher negra, acesso de jovens negros e pobres ao ensino superior, entre várias outras.
Anielle fez parte do grupo técnico de transição do governo do atual presidente. Mais tarde, foi indicada e assumiu o Ministério da Igualdade Racial, em janeiro de 2023, cujo principal tema está diretamente ligado à linha de pesquisa já explorada por Anielle durante sua formação acadêmica e ativismos sociais.
Destaque na revista ‘Time’
Em março de 2023, a revista americana “Time” anunciou sua lista das “12 Mulheres do Ano”. Anielle Franco é uma das personalidades listadas pela revista, ganhando destaque internacional pelas ações políticas e sociais que desenvolve.
Segundo a “Time”, as personalidades são escolhidas ao se examinar as formas de influência mais edificantes, “destacando líderes que estão usando suas vozes para lutar por um mundo mais igualitário”. A revista considera o impacto significativo gerado por estas mulheres em suas comunidades, em áreas que vão do ativismo ao governo, e até ao esporte e às artes.
“Se eu puder nomear tudo que eu quero, eu quero um país mais humano, menos dividido, sem racismo, onde as pessoas se respeitem de fato, mesmo pensando diferente. Onde as pessoas possam se encontrar, e não termos nenhum ato como nós tivemos no último dia 8 de janeiro. Eu espero que o país saia do mapa da fome, espero que a gente consiga ter um meio ambiente e um clima melhores, com políticas públicas voltadas para essa área. Eu espero que as pessoas negras estejam em lugares de protagonismo, e não representadas na capa de jornal ou revista como o genocídio que tem sido tão frequente no país”, afirma Anielle em entrevista à “Time”.
As demais escolhidas pela revista são Cate Blanchett, Ayisha Siddiqa, Verónica Cruz Sánchez, Angela Bassett, Ramla Ali, Phoebe Bridgers, Olena Shevchenko, Megan Rapinoe, Masih Alinejad, Makiko Ono e Quinta Brunson.
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