Thaís Andrade; 09/04/2024 às 17:48

Projeto ‘Aldeia Manaó’ leva oficinas, palestras e mesa de debate sobre os saberes dos povos originários para escola pública da capital amazonense

A oficina de dança Tukano, ministrada pela artista indígena Dhuígo Tukano; e a oficina de língua Matses, ministrada pelo oficineiro Nakua Mayoruna acontecem de 8 a 12 de abril; as demais atividades seguem por todo o mês de abril

No mês dos Povos Indígenas, o projeto formativo “Aldeia Manaó” chega ao Centro Integrado Municipal de Ensino – CIME Draª Viviane Estrela Marques Rodella, situado na Zona Norte de Manaus, com a realização de oficinas, palestras e roda de conversa acerca dos saberes dos povos originários, como as danças, as línguas e a tradição indígena.

A oficina de dança Tukano, ministrada pela artista indígena Dhuígo Tukano; e a oficina de língua Matses, ministrada pelo oficineiro Nakua Mayoruna acontecem nesta semana, no período de 8 a 12 de abril, nos turnos matutino e vespertino. As demais atividades seguem por todo o mês de abril.

O projeto tem como proposta fomentar a integração entre crianças, adolescentes e professores sobre os saberes ancestrais, promovendo esse processo de introdução da educação indígena, junto com os colaboradores, como pesquisadores, ativistas, artistas e historiadores que fazem parte de oito povos, sendo eles: Sateré-Mawé, Marubo, Tukano, Tikuna, Matses, Desssana, Karãpana e Baré.

Novas formas de compreensão

Para o gestor do CEMI Dra. Viviane Estrela Marques Rodella, professor Anderson Gamaro, o projeto também é pautado na necessidade de desmistificar o que é contado ao longo da história e apresenta novas formas de compreensão da cultura indígena.

“Os saberes indígenas são as referências da nossa cultura, eles podem auxiliar às crianças na formação de novos sujeitos, com uma visão mais específica do que os nossos ancestrais vivenciaram desde a chegada dos colonizadores no território em que vivemos. Eles certamente ampliaram a compreensão dos nossos educadores para que o trabalho com as crianças seja realizado com os fatos mais atuais, que muitas vezes não são contados pela história dos povos originários”, diz ele.

Idealizado pela multiartista e gestora cultural Francis Baiardi, com a proposta de Potira Baré, esse projeto é contemplado pelo edital Funarte Retomada 2023 – Dança. 

“Com o projeto quero gerar um impacto a fim de trazer reflexões, debates e troca de conhecimentos que contribuam para uma sociedade mais consciente em relação aos povos originários, reverberando a voz dos sabedores e protagonistas de suas próprias histórias, bem como deste projeto, trazendo com as oficinas um ambiente de respeito e valorização a nossa cultura”, destaca a propositora.

Oficina de dança Tukano

Ao todo, o projeto conta com seis oficinas – cada uma delas com o total de 20h, duas palestras e uma mesa de conversa. Todas as atividades formativas serão realizadas por profissionais indígenas. A artista Dhuígo Tukano conta de que forma vai levar o conhecimento sobre a dança do seu povo para as salas de aula nessa primeira semana do projeto.

“Eu vou explicar o significado de cada instrumento, vou ter uma troca com eles sobre instrumentalização, e depois farei uma breve prática. Esse conhecimento da dança são mais os homens Tukanos que fazem, não são as mulheres, a gente só participa, e segue o rito com os nossos guerreiros. Então a minha oficina será um pouco teórica e um pouco prática, com a instrumentalização, o significado, em quais festas a gente usa, em quais festas a gente dança, etc”, revela.

Para Francis, o projeto “Aldeia Manaó” é uma experiência transformadora. “Eu desejo que a gente possa lançar a semente, e que essa semente se multiplique dentro da escola, da sociedade, da cidade…E que a gente entenda que a língua Nheengatu, uma língua indígena, é tão importante quanto saber o idioma estrangeiro, o inglês, o espanhol. Que uma dança Tukano é tão ou maior em significância quanto uma dança clássica”, destaca.

“Eu penso que a forma como os corpos amazônidas são construídos é diferente dos corpos do sudeste, a forma como nos movemos é peculiar, então porque não ter uma dança Tukano dentro das universidades? Sendo ensinada nas instituições, sendo ensinada nos cursos de formação…Então esse é um projeto feito também para nós refletirmos sobre esse lugar enquanto pesquisadores, professores e educadores de dança, de arte”, complementa.

Agenda de atividades 

Semana de 8 a 12 de abril

Oficina de dança Tukano

Oficineira: Dhuígo Tukano

Dias: Segunda, quarta e sexta-feira

Turnos: Matutino e vespertino

 

Oficina de língua Matses

Oficineiro: Nakua Mayoruna

Dias: Terça, quinta e sexta

Turnos: Matutino e vespertino

 

Semana de 15 a 19 de abril

Oficina de Grafismo Indígena

Oficineira: Mepaeruna Tikuna

 

Oficina Língua Nheegatu

Oficineiro: Kay Vau Massamé, do povo Karapãna

 

Semana de 21 a 26 de abril

Moda indígena

Oficineira: Waikiru

 

Produção indígena

Oficineira: Rosana Baré

 

Palestras

Tema:  A importância da oralidade para os povos indígenas

Palestrante: Cacica Milena Kukama

Dia: 29/04

Turno: Matutino

 

Tema: Conhecimento ancestral

Palestrante: Thaís Dessana

Dia: 29/04

Turno: Vespertino

 

Mesa de conversa

Tema: O protagonismo da mulher indígena

Dia: 30/04

Mediação: Francis Baiardi

Convidadas: Kian Sateré, Thais Dessa e Mel Mura

 

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