O Outubro Rosa é mais do que um laço cor-de-rosa: é um movimento mundial de conscientização para alertar sobre dois tipos de câncer que, em muitos casos, podem ser prevenidos ou diagnosticados precocemente: o câncer de mama e o câncer do colo do útero.

Criado internacionalmente no início da década de 1990 pela fundação Susan G. Komen for the Cure, o Outubro Rosa foi adotado no Brasil para ampliar o diálogo sobre prevenção, diagnóstico e tratamento.
A seguir, confira o que se sabe sobre cada tipo de câncer, o que você pode fazer, e como incorporar hábitos e exames ao seu cuidado de saúde.
Por que dois focos? Mama e colo do útero
Câncer de mama
O câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete pessoas com útero no Brasil, excluindo o câncer de pele não-melanoma. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que o Brasil registre aproximadamente 73.610 novos casos entre 2023 e 2025, o que representa um risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), globalmente em 2022 havia cerca de 2,3 milhões de pessoas diagnosticadas com câncer de mama e 670.000 mortes.
Câncer do colo do útero
Já o câncer do colo do útero é globalmente o quarto tipo mais comum entre as pessoas com útero, com cerca de 660.000 novos casos estimados em 2022 e cerca de 350.000 mortes.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, é o terceiro tumor mais incidente entre esse grupo (triênio 2023-2025), com cerca de 17 mil novos casos por ano, taxa de 15,38 casos por 100 mil mulheres.
A escolha de focar nestes dois tipos se explica porque ambos têm fortes evidências de que a prevenção e o diagnóstico precoce fazem diferença — e ambos são responsabilidade da saúde pública e da atenção primária.
O que você pode fazer?
- Controle de fatores modificáveis
- Adotar alimentação saudável, manter peso corporal adequado e praticar atividade física regularmente ajuda na prevenção do câncer de mama.
- Evitar consumo excessivo de bebidas alcoólicas é outra medida recomendada tanto para câncer de mama quanto de colo do útero.
- Amamentação é considerada um fator de proteção para o câncer de mama.
- Para câncer de colo do útero, reduzir o risco de infecção pelo papilomavírus humano (HPV) é fundamental, por exemplo, utilizando preservativo, mantendo cuidados com relações sexuais, evitando tabagismo.
- Vacinação e exames preventivos
- A vacina contra o HPV é, segundo a OMS, a medida mais eficaz de prevenção do câncer do colo do útero.
- Exame de Papanicolau (citopatologia) ou outros métodos de rastreamento do colo do útero devem ser utilizados para detectar lesões precursoras.
- Para o câncer de mama, o exame de rastreamento recomendado pelo Ministério da Saúde para pessoas de risco padrão (50-69 anos) é a mamografia a cada dois anos.
- Autoconhecimento e atenção aos sinais
- Conhecer seu corpo — por exemplo, nas mamas observar presença de nódulos, mudança de forma, aspecto da pele, secreção no mamilo — e, no caso do colo do útero, observar sangramentos fora do habitual, secreções, dor durante relação sexual ou outras queixas. A OMS lista esses sintomas para ambos os cânceres.
- Busca imediata por atendimento em caso de alteração ou sintoma suspeito aumenta as chances de tratamento bem-sucedido.
- Acesso aos serviços de saúde
- No Brasil, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), estão disponíveis prevenção, diagnóstico e tratamento para ambos os cânceres.
- Importante seguir o calendário de exames, que consultem a atenção básica, ginecologista, mastologista conforme indicação, e que não adiem queixas.
- O que fazer em cada faixa etária ou situação de risco
- Pessoas com histórico familiar ou genético de câncer de mama podem precisar de atenção especial (exames mais frequentes, orientação genética). A OMS destaca que cerca de metade dos casos de câncer de mama ocorrem em pessoas sem fatores de risco identificados além do sexo feminino e da idade.
- No câncer de colo do útero, o rastreamento e vacinação são ainda mais importantes, especialmente em regiões com menor acesso à saúde, pois a incidência e mortalidade são maiores em países de renda média ou baixa.
Por que agir agora? Entenda os benefícios do diagnóstico precoce
Detectar precocemente significa melhores chances de cura, tratamentos menos agressivos, menor impacto na vida de pacientes, na família e na sociedade. A OMS informa que para o câncer de mama, países que implantaram rastreamento organizado e sistemas de saúde fortes conseguiram reduzir a mortalidade em 2% a 4% ao ano desde os anos 1980.
No caso do colo do útero, a eliminação da doença como problema de saúde pública depende de metas para 2030 estabelecidas pela OMS: vacinação contra HPV, rastreamento e tratamento de lesões precursoras e acesso ao tratamento.
No Brasil, a campanha do Ministério da Saúde reforça que cerca de 17% dos casos de câncer de mama poderiam ser evitados por meio de hábitos de vida saudáveis.
Apesar de existirem as ferramentas de prevenção, rastreamento e tratamento, persistem desafios:
- Desigualdades regionais no Brasil ainda fazem com que pessoas em certas áreas tenham menos acesso aos exames de mamografia ou ao Papanicolau.
- Em muitos países de renda média ou baixa, a mortalidade por câncer de colo do útero é muito maior, justamente pela falta de acesso à vacinação, rastreamento e tratamento adequado.
- Ainda há mitos ou falta de informação: por exemplo, “não sinto nada, então está tudo bem” ou “mamografia causa câncer”. O movimento do Outubro Rosa busca desmontar essas crenças.
O Outubro Rosa é um chamado à ação individual e coletiva. Individualmente, quanto antes você incorporar hábitos saudáveis, fizer os exames recomendados e estiver atenta ao seu corpo, maior a chance de permanecer saudável ou detectar qualquer alteração em fase inicial.
Coletivamente, envolver redes de apoio, família, comunidade e incentivar que pessoas que você conhece façam seus exames também amplia o impacto.
Se você ainda não conversou com seu médico ou fez a mamografia ou o Papanicolau conforme sua faixa etária ou histórico, agende. E se sente qualquer sinal diferente ou alteração: procure atendimento.
Lembre-se: prevenção não garante que não vá surgir câncer, mas reduz muito o risco, e diagnóstico precoce muda a história.

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