Organizações selecionadas na chamada “Parentas que Fazem” da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) receberam capacitação empreendedora por meio de um workshop. As organizações que participaram foram selecionadas a receber aporte de R$ 250 mil, cada, e a capacitação é um dos itens previstos no edital.
O workshop faz parte do cronograma da chamada, beneficiando os dez primeiros projetos colocados no “Parentas que Fazem”.
A empreendedora indígena Maria Nazaré Castro de Lima, 47 anos, coordenadora da Associação dos Artesãos Indígenas de São Gabriel da Cachoeira (ASSAI), comentou sobre a capacitação direcionada a mulheres indígenas e como os aprendizados serão importantes na melhoria dos trabalhos que são realizados na comunidade. A associação atua com 40 mulheres e existe há 24 anos.
“A gente trabalha com artesanato, com fibra de tucum extraída na floresta, e produzimos cestarias, decorações, brincos, colares e etc. Inscrevemos o nosso projeto na chamada para conseguir recursos para melhoria da infraestrutura e também para aprendermos sobre educação financeira. Precisamos melhorar a nossa sede em questão de estrutura”, disse a empreendedora.
O projeto é uma iniciativa da FAS com apoio do Google.org, instituição filantrópica do Google, e parceria com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e Makira-E’ta – Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas. A chamada selecionou cinco projetos de associações de mulheres indígenas.
A supervisora da Agenda Indígena da FAS, Rosa dos Anjos, detalha que essa foi apenas a primeira de outras capacitações que serão realizadas enquanto durar o projeto. A ideia é orientar as “parentas” a organizar a forma de vender seus trabalhos, pensando desde investimento em infraestrutura até agregar valor levando em consideração todo o processo de fabricação dos produtos.
“São organizações indígenas que trabalham com artesanato e nós trouxemos elas aqui para uma troca de experiências, além de entender a forma de empreendedorismo que elas realizam nas comunidades. A partir disso, vamos ajudá-las a entender o que é o empreendedorismo direcionado à comercialização desses produtos. Levamos elas para visitar algumas organizações aqui de Manaus que são envolvidas com empreendedorismo para elas entenderem como essas empresas se organizam, porque esse é um termo muito novo ainda para elas, já que todas suas produções têm significado. Por exemplo, não é somente colocar um preço, pois são feitos a partir do sentimento que elas carregam no momento em que produzem”, afirma a supervisora.
Dez participantes, representando suas organizações, receberam aulas e treinamentos em empreendedorismo sustentável, design de projetos, vendas e marketing digital. A formação foi ministrada pela Associação Zagaia Amazônia, que atua na região amazônica no desenvolvimento de projetos na área de economia criativa, a partir dos ideais dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
A indígena da etnía Baré, Marcia Gregório Alemã, de 37 anos, vice-presidente da Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (AMIARN), comentou sobre a chamada.
“Metade das mulheres que trabalham na AMIARN produzem artesanato e a outra com produtos da roça, que são farinha, goma, tapioca, beiju, tucupi e etc. As experiências daqui [desse workshop] que vou levar são sobre o que é empreendedorismo, preços de produtos, a experiência sobre orçamento, acabamento de produtos para expor para os clientes. Agora, vou levar para as minhas associadas para colocarmos em prática e melhorar a qualidade dos nossos produtos. Uma das coisas principais foi aprender a colocar valor no nosso produto, porque é todo um processo [antes de fazer o artesanato] e muitas vezes colocamos um preço, mas acham caro, mas tem todo um gasto para fazer esse produto”, afirmou.
Mais detalhes sobre a chamada “Parentas que Fazem” podem ser acessados por meio do link.
Sobre a Coiab
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), é uma organização indígena com 34 anos de atuação na defesa dos direitos indígenas a terra, saúde, educação, cultura e sustentabilidade, considerando a diversidades de povos, e visando sua autonomia por meio de articulação política e fortalecimento das organizações indígenas.
É a maior organização indígena regional do Brasil em número de povos incluídos e área de abrangência. Atua em nove estados da Amazônia Brasileira (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), e está articulada com uma rede composta por associações locais, federações regionais, organizações de mulheres, professores, estudantes indígenas, e subdividida em 64 regiões de base.
Sobre a Makira E’ta
A Makira E’ta – Rede de Mulheres Indígena do Estado do Amazonas é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) independente, privada, de interesse público, sem vínculos político-partidários, com fins não econômicos, fundada no dia 29 de julho de 2017.
Tem como missão a promoção e o desenvolvimento social, político e econômico, com prioridade à mulher indígena. A Makira E’ta acredita em uma sociedade com igualdade de oportunidades a todas as pessoas e neste o protagonismo da mulher indígena, principalmente nas comunidades que não são alcançadas pelas políticas públicas estaduais e municipais.
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