Na próxima segunda-feira, 31, às 19h30 (horário de Brasília), o Festival de Cinema das Periferias e Comunidades Tradicionais da Amazônia – Telas em Movimento promove live com a participação de juventudes do Baixo Tapajós. Eles protagonizam suas próprias narrativas com filmes produzidos em vivências sobre audiovisual realizadas nos territórios da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns e no Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande, no município de Santarém, Oeste do Pará.
“Hoje, o audiovisual é uma ferramenta de luta para nós povos indígenas na qual, a partir dela, nós podemos falar sobre as nossas dores, nossas lutas e sobre as nossas culturas, mostrando a realidade do nosso povo com um olhar de dentro e não de fora”, afirma a cineasta indígena Priscila Tapajowara, co-coordenadora do coletivo Mídia Índia que busca uma comunicação representativa para os povos tradicionais. Ela está responsável pela mediação do bate-papo on-line que contará com a presença da jovem indígena Leonara Kumaruara e do jovem assentado Darlon Neres.
Ambos participaram das vivências realizadas na 4° edição do Telas em Movimento intitulada “Telas em Rede: Conectando juventudes e ancestralidades no Baixo Tapajós”, durante o mês de agosto de 2021 na Aldeia Vista Alegre do Capixauã, dentro da Resex Tapajós-Arapiuns, e na comunidade de Vila Brasil, no PAE Lago Grande. Como resultado desse processo, os jovens produziram seis filmes por meio de smartphones, possuindo gêneros diversificados: documentário, ficção e vídeo para internet. Todos os filmes abordam temáticas que valorizam os seus territórios, exaltando as belezas naturais, as mobilizações locais e as boas práticas realizadas, como o reflorestamento e o turismo de base comunitária, contrapondo narrativas hegemônicas depreciativas a partir do protagonismo e emancipação da juventude por meio do audiovisual.
Dois dos filmes produzidos nestas vivências foram selecionados e exibidos na Mostra Ypê da última edição do Festival de Cinema Latino-Americano de Alter do Chão, realizada em novembro do ano passado: o curta O Mistério da Mangueira, dirigido por Juci Bentes, e o filme Turismo no PAE Lago Grande, dirigido por Ricardo Aires, que disputaram vaga com outras tantas produções nacionais de periferia. A mostra fez uma curadoria de filmes de comunidades ribeirinhas e indígenas com linguagem experimental, produções de baixo custo e equipamentos alternativos, com foco nas realidades brasileiras.
Para Juci, integrante da comunidade de Suruacá, na Resex Tapajós-Arapiuns, participar do Cine alter 2021 “foi uma sensação surreal!”. “Eu já me imaginava participando de festivais de cinema, mas não imaginava que seria tão grande assim. Poder estar lá durante uma semana no festival, ouvir as pessoas comentando sobre o filme, dando entrevistas. Eu estava muito honrada de estar representando a minha equipe”.
Hoje, ela integra a Natô Audiovisual, produtora audiovisual de Santarém, e afirma que essas oportunidades surgiram após a sua participação no festival: “A felicidade era imensa por ser o primeiro filme que eu dirigi e já ser exibido no Cine Alter, isso foi como um gatilho, porque depois disso foram aparecendo inúmeras oportunidades nesse ramo e, inclusive, agora eu tenho orgulho de dizer que eu faço parte da Natô Audiovisual, juntamente à Lívia Kumaruara e à Priscila Tapajowara, graças a esse reconhecimento do meu trabalho audiovisual e o Telas em Movimento tem uma responsabilidade muito grande nessas conquistas”.
Todos os filmes produzidos pelos jovens nas vivências realizadas na 4° edição do Telas em Movimento estão sendo divulgados na mostra virtual #TelasEmRede no Instagram do projeto e também no canal do YouTube.
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