No dia 24 de setembro, a artista Carla Ruaro iniciou a segunda edição do “Um Piano na Amazônia”, pelo Rio Amazonas, projeto idealizado com o intuito de estabelecer conexões e trocas culturais com comunidades indígenas remotas.
O trajeto teve início em Santarém e passará por 15 cidades ribeirinhas que receberão a embarcação com o imponente instrumento. Além das apresentações, o público local poderá participar de oficinas e sentir na prática o som de compositores da região amazônica. A expedição encerra em 18 de outubro, com um grande concerto no Teatro Amazonas, em Manaus.
O projeto parte de um sonho de Carla de levar um piano para comunidades remotas, muitas das quais nunca viram um piano antes. A artista espera que, indo à fonte dos compositores e dos sons que inspiram seu trabalho, ela possa encontrar um novo sentido de realização criativa e conexão. E, ao fazer isso, talvez ela também possa se tornar uma fonte de inspiração para artistas ao redor do mundo perseguirem seus sonhos mais ousados.
“Desta vez seguimos viagem pelo rio Amazonas, levando novamente o piano para mais comunidades ribeirinhas, apresentando músicas de grande valor cultural de compositores dos estados do Pará e Amazonas, por onde o barco vai passar. Quero que o piano seja não só um instrumento musical, mas que também tenha um impacto de transformação na vida das pessoas, assim como foi com a minha. Acho relevante levar a arte produzida na Amazônia para comunidades remotas, tão importante fonte de inspiração para muitos compositores amazônidas.”
A embarcação de dois andares, chamado Barco Regional, abriga o piano, içado por uma grua, no convés superior. Apesar de já existir um roteiro pré-definido, é esperado que possa haver alterações no decorrer da viagem. A expedição depende de algumas situações, como quando ocorrem chuvas, por exemplo, e precisam ser feitas adaptações de acordo com as condições climáticas.
Primeira edição
Em 2017, a pianista Carla Ruaro, de forma independente, organizou um projeto inovador que envolvia levar um piano ao interior da reserva extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará, a bordo de um barco. O projeto visava oferecer oficinas e concertos para as comunidades ribeirinhas, fortalecendo os laços locais e valorizando as culturas locais e seus artistas. Ao longo do trajeto, foram realizadas mais de 1000 oficinas para crianças e concertos em diversas comunidades. O projeto foi precedido por uma pesquisa sobre compositores amazônicos e culminou no curta-metragem “Raízes – Um Piano na Amazônia”, lançado em 2018 e premiado internacionalmente.
Carla Ruaro
Carla Ruaro iniciou seus estudos de piano aos seis anos e rapidamente dominou peças importantes da música clássica. No entanto, sentiu-se limitada pelo mundo clássico, onde as apresentações são frequentemente comparadas a versões passadas. Insatisfeita, abandonou seu doutorado e decidiu buscar respostas na Amazônia. Daí surgiu o projeto “Raízes”, no qual Carla fez uma peregrinação musical, levando um piano de barco pelos rios amazônicos, em uma jornada que envolveu três pianos, três barcos e durou 40 dias.
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