Isabella Botelho; 20/09/2022 às 14:00

Alunos de Coari (AM) concorrem a programa global da Samsung com protótipo portátil para tratamento da água

Projeto começou a ser desenvolvido em 2019

Alunos da Escola Estadual CETI Professor Manuel Vicente de Ferreira Lima, de Coari, no interior do Amazonas, estão entre os 20 semifinalistas da 9ª edição do Solve For Tomorrow, programa global da Samsung. Eles desenvolveram uma microestação portátil de tratamento de água domiciliar, com o objetivo de levar água potável às pessoas que não têm acesso a um sistema de tratamento. 

O projeto foi desenvolvido como uma forma de contribuir para a mudança da realidade em diversos lugares do Brasil, incluindo próximo ao município, em que muitas comunidades não têm acesso a água potável e são expostas ao consumo de água contaminada, o que causa riscos à saúde. Fabio Cano, professor de biologia e orientador da equipe, explica que houve casos de contaminação por conta desse consumo indevido. “Eu trabalhei em uma comunidade próxima daqui, onde vivem alguns amigos próximos que tiveram febre tifóide por beber dessa água”, conta.

Fabio e quatro de seus alunos do primeiro ano começaram a trabalhar no projeto em 2019, e atualmente, em sua terceira versão, a ideia é que a microestação passe por testes de filtragem em casas de famílias da região. Na atual etapa do trabalho, os alunos querem filtrar um pouco de água em cada casa para ajudar mais de uma família ao mesmo tempo. Pensando nisso, eles criaram um protótipo leve e totalmente desmontável, facilitando a locomoção do sistema de casa em casa.

“Em 2019 fizemos o primeiro protótipo usando dois galões de água. Usamos esse material especificamente porque ele não contém uma substância tóxica chamada bisfenol e, na maioria das vezes, é descartado sem nenhuma reutilização. A microestação é montada com um galão deitado, porque quando a água chega até ele, é preciso remover as substâncias mais pesadas. Esses resíduos são depositados no fundo do galão. O próximo passo foi usar o filtro com galão de pé, e colocamos pedregulhos e areia falsa para testar a capacidade de filtração”, detalha o professor.

Para Anna Karina Pinto, diretora de Marketing Corporativo da Samsung Brasil, o projeto demonstra sua importância ao trazer novas possibilidades para a comunidade ribeirinha. “Esse tipo de iniciativa estimula mais estudantes da região a ingressarem no campo das ciências, e este é um dos grandes objetivos do Solve For Tomorrow. Estamos muito contentes com o que vimos até agora.”

“O projeto do professor Fabio e de suas alunas e alunos mostra como a ciência e o trabalho de pesquisa podem ser significativos, tanto para a comunidade local quanto para o contexto escolar”, destaca Beatriz Cortese, diretora executiva do Cenpec, organização responsável pela coordenação geral do Solve For Tomorrow no Brasil. “Assim como as demais propostas semifinalistas, esse projeto é um exemplo de como docentes e estudantes das escolas públicas brasileiras podem unir esforços para elaborar soluções para desafios reais. Ficamos muito felizes em contribuir para a visibilidade e o aprimoramento de iniciativas como essa.”      

Segundo Fabio, o programa é essencial para que os alunos entendam a importância do trabalho dos pesquisadores e da ciência, e que um cientista não trabalha apenas na construção de projetos grandes e complexos. “Muitos acreditam que só é possível fazer ciência nas universidades, tendo laboratórios e equipamentos especiais. Mas o que estamos fazendo é o caminho contrário. Estamos popularizando a ciência, e fazemos isso utilizando materiais de baixo custo.”

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