Giovana Barbosa; 09/09/2020 às 12:46

Cada traço meu: conheça o projeto sobre autoaceitação e corpos livres

Compreender que o amor próprio é melhor que o padrão estabelecido

Em um mundo onde a beleza física é maior que o psicológico, as pessoas se veem obrigadas a se sentirem e estarem perfeitas ao nível do padrão estabelecido pela sociedade, esse que nunca chegamos ao denominador positivo, aos olhos nu sempre há um detalhe a ser melhorado, uns quilos a serem perdidos e uns centímetros a mais ou menos, e várias ideias de procedimentos estéticos a ser feito. A excessiva mudança,  influenciados pela famosa ‘’Ditadura da Beleza’’ pode chegar a níveis relacionados a saúde mental e a autoestima que podem desenvolver distúrbios alimentares, alteração de humor, isolamento social e inclusive depressão e ansiedade. 

Muito das regras socioculturais do padrão de beleza são estereótipos que com a ajuda da internet podem aumentar, aquele tutorial que ensina a ter a cintura perfeita, fazer várias dietas em casa, fazer procedimentos estéticos caseiros e etc, são meios que podem chegar mais rápido a pessoas que com a autoestima baixa podem se tornar gatilhos, por outro lado vemos o crescimento de projetos de autoaceitação do corpo natural que com a ajuda de influencers, artistas e pessoas engajadas no conceito de amor próprio, também de uma forma melhor chegam a pessoas que precisam de um apoio ou mensagem para se libertar das amarras do padrão estético. Exemplo disso, nasceu o projeto fotográfico Cada Traço Meu da fotógrafa profissional Iana Porto que há 10 anos apresenta diversos trabalhos e em meio a um processo de mudança interno dela surgiu a ideia do projeto que apresenta as histórias de cada personagem através do corpo nu e real, e os traços que lhe definem.

‘’Acredito que todo esse processo de mudança vem de dentro, é lento e começa pelos detalhes. Todo dia a gente se olha no espelho e ama um pedacinho diferente de quem somos, uma estria, uma gordurinha, um pêlo, um sinal, uma ruga ou o que seja. É tudo traço, identidade, unicidade. Partindo desse ponto, de se entender e (re)conhecer a nossa própria casa que eu quero registrar os nossos traços em detalhes, a história que o nosso corpo conta, a pele nua e a nossa poesia mais pura’’, disse Iana. 

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“Eu sempre achei que eu sou mais do que um corpo. Por conta disso, eu nunca aceitei que eu só poderia ser considerada bonita se eu me encaixasse no padrão imposto pela sociedade. Apesar disso, já cansei de ouvir comentários do tipo, “tá se achando bonita, mas todo mundo tá comentando que tu estás horrorosa” ou “teu rosto é tão lindo, só precisa perder uns quilinhos.” Essa fala machuca a gente e deixa cicatriz, afinal, por que eu consigo me amar e os outros não?! Nos últimos anos eu aprendi que magreza não é sinônimo de saúde e que exercício físico é terapia. Aprendi que a minha ansiedade afeta a minha pele e depois de uma crise de depressão, aprendi a respeitar a minha saúde mental e a me colocar em primeiro lugar. A terapia me ensinou que o julgamento fala mais sobre os outros do que sobre nós. A terapia holística me ensinou a me blindar. Minha mente, meu corpo e meu espírito estão conectados e quase sempre em equilíbrio. Eu sou mais do que um corpo, eu sou um universo. Dentro de mim existem galáxias, estrelas prestes a se tornarem supernovas, planetas, cometas e até buracos negros. Eu sou infinita, eu sou uma força da natureza, eu sou Lorena.” ✨ @lorenadaoupaixao #cadatraçomeu #womanempowerment #beproudofwhoyouare #girlpower #empoderamento #juntassomosmasfuertes #meucorpomeutemplo

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O projeto tem como personagens mulheres e através da lente várias cenas, formas e formatos de registro juntamente com os trechos de cada história contada a partir da modelo que está sendo fotografada, o processo de convite para as seções é feito pela fotógrafa e sua forma de conectar a mulher com o seus traços são por meio da troca de reconhecimento e extensão do amor próprio.

‘’Para refletirem quem elas eram a uns anos atrás, quem são agora, todos os processos de aceitar algum pedaço delas e do corpo delas e refletir sobre as mudanças que o corpo já passou, digo para fazerem uma cartinha pra si mesma, pensando em quem são para lerem no futuro com mais carinho o que elas foram hoje, tendo a coragem e a disponibilidade de se doar para um projeto que ajuda não só a elas mais a muitas outras mulheres’’, disse Iana.

A sua exibição é feita através de uma página no instagram e tem como objetivo maior conectar essas histórias a outras pessoas. 

‘’Quando uma de nós começa a se curar e começa a se aceitar e falar sobre isso a gente está curando muitas outras’’, diz Iana. 

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Vamos falar e refletir sobre padrões de beleza irreais impostos pela sociedade?! Já parou pra pensar em quantos “padrões ideais” já existiram ao longo dos anos? Em como eles mudam a cada século ou em poucas décadas? Em como esse “ideal” é diferente em cada canto do mundo? E já parou para pensar que essas mudanças acontecem cada vez mais rápido e que é humanamente impossível alcançarmos esses padrões? Não quero aqui condenar os tratamentos estéticos, as dietas (seja pra engordar ou emagrecer) nem nada do tipo, o objetivo da reflexão é identificar se isso é mesmo algo que não faz sentido para você ai dentro, se é algo que você precisa mudar por saúde ou se é apenas uma vontade vinda das tantas “referências ideais” que consumimos diariamente. Precisamos aprender a nos acolher, amar e aceitar nossos traços e corpos como são; Entender que a mudança, satisfação e felicidade em ser quem somos não vem de fora, nem de uma mudança estética, isso tudo vem de dentro, começa primeiro em nossas mentes, na forma como nos reconhecemos e admiramos sem a casca que mostramos para os outros. É apenas nos conhecendo profundamente que saberemos identificar o que faz ou não parte de quem somos, seja dentro ou fora dos nossos corpos. ✨ #cadatraçomeu #beproudofwhoyouare #womanempowerment #empoderamento #girlpower #juntassomosmasfuertes #meucorpomeutemplo

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A importância de projetos, mensagens, campanhas e tudo que potencialize e aumente a autoaceitação com o corpo, alma e mente são de grande relevância pois ajuda a combater as definições que o mercado e cultura impõe e são as formas de dar voz àqueles que precisam falar, ouvir e entender que o corpo é templo da nossa vida e precisa ser aceito e amado por si mesmo.  

 

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“O Corpo é como um planeta. Ele é uma terra por si só. Como qualquer paisagem, ele é vulnerável ao excesso de construções, a ser retalhado em lotes, a se ver isolado, esgotado e alijado do seu poder. A mulher mais selvagem não será facilmente influenciada por tentativas de urbanização. Para ela, as questões não são de formas, mas de sensação. O seio em todos os seus formatos tem a função de sentir e de amamentar. Ele amamenta? Ele é sensível? Então é um seio bom. Já os quadris, sua largos por um motivo. Dentro deles há um berço de marfim acetinado para a nova vida. Os quadris da mulher são estabilizadores para o corpo acima e abaixo deles. Eles são portais, são uma almofada opulenta, suportes para as mãos no amor, lugar para as crianças se esconderem. As pernas foram feitas para nos levar, às vezes para nos empurrar. Elas são as roldanas que nos ajudam a subir; são o anillo, o anel que abraça o amado. Elas não podem ser criticadas por serem muito isso ou muito aquilo. Elas simplesmente são. No corpo, não existe nada que “deve ser”de algum jeito. A questão não esta no tamanho, no formato ou na idade, nem mesmo no fato de ter tudo aos pares, pois algumas pessoas não tem. A questão selvagem está em saber se esse corpo sente, se ele tem um vínculo adequado com o prazer, com o coração, com a alma, com o mundo selvagem. Ele tem alegria, felicidade? Ele consegue ao seu modo se movimentar, dançar, gingar, balariçar, investir? É só isso o que importa.” Clarissa Pinkola Estés, Mulheres que correm com os lobos. . #cadatraçomeu #womanpower #meucorpo #meucorpomeutemplo #corpolivre #gestar #gestacao #pregnancy

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‘’O objetivo do projeto é mostrar corpos reais e a essência de quem são essas mulheres por dentro, com suas vitórias e suas batalhas. Tudo de forma muito natural e não sexualizada, não é um nu artístico e não é um nu sensual. É realmente a liberdade e naturalização do corpo feminino com todas as suas formas e nuances. Convidei algumas mulheres que acho que se encaixam nesse propósito e tenho procurado sempre por diversidade de peles, corpos, cabelo etc’’, disse Iana. 

Para acompanhar o projeto e os trabalhos de fotografia, siga o perfil abaixo: 

Iana Porto: @ianaporto 

Projeto: @cadatracomeu

Estudio Lumi: @estudiolumi

 

 

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