O reaproveitamento de alimentos como fonte sustentável de preservação do meio ambiente

Por
Débora Castro
Há 4 anos atrás
Quem é Débora Castro?

Débora Castro, Bacharela em Engenharia de Alimentos pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências de Alimentos na Universidade Estadual de Campinas-Unicamp, já publicou Artigos em Periódicos Internacionais e foi responsável pelo controle de qualidade em frigorífico.



Na região Amazônica, temos a maior Floresta Tropical do mundo e, dentro dela, existe uma vasta biodiversidade em frutos, os quais podem ser usufruídos de diversas maneiras além da alimentação habitual.

Claro que você já ouviu falar no caroço do tucumã sendo usado para artesanato, mas o que eu quero dizer é que, este simples conceito de “reaproveitamento” vai muito além. 

Reaproveitamento é definido no dicionário como “ato ou efeito de reaproveitar”, ou seja, consiste em transformar um determinado material já beneficiado em outro. Na questão dos alimentos é a fabricação de um produto a partir das partes que iam ser descartadas, evitando assim o desperdício e validando o aproveitamento máximo da matéria-prima.

Em Manaus, existem institutos de pesquisa e desenvolvimento que já colocam em práticas essas atividades, como a fabricação de linguiças, hambúrgueres e almôndegas a partir do pescado, utilizando partes que não servem para filés e postas. E o que seria descartado, como as vísceras e cabeças, também é reaproveitado na fabricação de ração para gado. Assim, nada é desperdiçado, mas tudo é reaproveitado!

E quais as consequências desse reaproveitamento no Meio Ambiente?! 

Além do impacto socioeconômico, pois a cadeia de reaproveitamento gera uma renda para trabalhadores autônomos de comunidades da região, fazendo com que a economia circule dentro do estado, temos o impacto ambiental, pois, atualmente, as indústrias e empresas de alimentos são responsáveis pelo seu tratamento de efluentes e solos, e por como esse descarte afetará a natureza. Algumas dessas empresas são certificadas pela ISO 14001, um selo de qualidade conferido àquelas organizações capazes de minimizar os efeitos nocivos ao ambiente provocados pelas suas atividades, que também define objetivos baseados em indicadores ambientais definidos pela própria organização, retratando necessidades que vão desde a redução de emissões de poluentes até a utilização racional dos recursos naturais. Ou seja, quanto maior for o descarte correto, menor é a contaminação do meio ambiente.

E como fazer isso dentro de casa?! Sabe aquela banana verde?! Você pode usá-la para fazer biomassa, introduzindo-a no feijão ou na sopa, deixando-os mais nutritivo ou, ainda, para fazer hambúrguer vegano. E quando ela está “passada”?! Você pode usá-la em substituição aos ovos em suas receitas. E quando madura, além do consumo “in natura”, poderá utilizá-las para fazer panquecas, geléias e saladas de fruta. Isso é reaproveitamento máximo de algo que, provavelmente, poderia ser descartado.

Lembra que eu falei do tucumã lá no começo? Além de colocá-lo no seu “x-caboquinho”, aqui na região Norte também é encontrado na forma de sorvete e doce em pasta. O caroço pode ser usado tanto no artesanato, para confecção de brincos e colares, quanto para extração de óleo usado na confecção de produtos cosméticos para pele e cabelos danificados, proporcionando hidratação, brilho e aceleração do crescimento capilar.

E aí, qual alimento você quer reaproveitar hoje?


Essa é uma opinião do autor e não do Portal Mercadizar.


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