‘Representar a cultura de um povo, composto de minorias, mas em seu todo uma maioria’ (Ferréz, 2005).
Não há uma forma melhor de começar este artigo do que trazer à tona uma tentativa de resumir a essência do Grafite, um movimento representativo de comunidades marginalizadas pela sociedade abastada.
O Grafite se tornou meu objeto de estudo em 2018, como tema do meu Trabalho de Conclusão de Curso em Relações Públicas, motivado pela parceria até então inédita e de sucesso entre os artistas e a Prefeitura de Manaus. O estudo culminou na produção do documentário Amazônia Urbana: Os Muros de Manaus (disponível no Youtube).
Durante anos tratado com preconceito pelas pessoas e, por vezes, considerado até como ato criminoso pelos órgãos de controle, o movimento ganha novamente um fôlego na cena cultural manauara com intervenções que chamam a atenção da população e da mídia local.
No período de 2017 e 2018, a cidade vivia encantada com a repercussão dos murais pintados em suas vias públicas, como nos complexos viários da av. Djalma Batista e Darcy Vargas.
Trabalho que ganhou destaque em sites internacionais, como o da Gráfica Mestiza, que listou por uma semana a pintura do Complexo Viário Gilberto Mestrinho, no Coroado, entre os três melhores grafites do continente, ao lado de pinturas do Chile e México.
De lá pra cá, os grandes painéis urbanos gerados pelo projeto em parceria com o poder público, além de encantar os moradores e turistas que chegam até Manaus, também colocaram a cidade no mapa da arte urbana mundial. Artistas manauaras têm sido convidados para realizar trabalhos em outros estados e países, como Deborah Erê e Rai Campos que recentemente realizaram trabalhos em Alter do Chão (Pará) e Washington D.C. (Estados Unidos).
Agora, o Grafite ressurge em 2021 como pauta de importantes projetos de divulgação da arte urbana e novamente agrada a população manauara. Seja com um painel que pode entrar no Livro dos Recordes na Orla da Manaus Moderna, em paradas de ônibus no centro da cidade ou no novo documentário ‘Floresta Urbana Viva’, o Grafite Manauara mostra sua força em dar voz ao povo da Amazônia por meio da Arte.
“A gente não tem medo não, ninguém vai calar um artista” – Rogério Arab, 2018, documentário Amazônia Urbana: Os Muros de Manaus.
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