Num estalar de dedos e 21 filmes depois, 11 anos de um dos maiores e melhores universos da Marvel chegou ao fim de forma impensável. Quando, ao final de ‘Guerra Infinita’, metade do universo foi levado às cinzas após um estalar de dedos de Thanos (Josh Brolin), pouco se imaginava aonde o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) nos levaria em seguida, mas uma coisa era certa: nossos super-heróis iriam em busca de vingança.
Apesar de servir como uma sequência direta para ‘Vingadores: Guerra Infinita’, ‘Vingadores: Ultimato’ traça uma linha clara entre o antes e o depois do MCU ao reapresentar os personagens em meio a um mundo traumatizado e transformado por uma tragédia e fazer referências aos filmes anteriores. Enquanto Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth) e os vingadores restantes planejam uma revanche contra Thanos, eles também precisam aprender a lidar com suas perdas pessoais.
Embora com poucas cenas de ação, todo o primeiro ato do filme funciona muito bem como uma calmaria após a tormenta, antecedendo uma ainda maior, sempre mantendo o tom sombrio e melancólico, às vezes dividido com pequenos instantes bem humorados. Encaminhado surpreendentemente rápido, ele amarra pontas soltas de outros filmes, explicando diversos questionamentos dos fãs e, de certa forma, botando um ponto final em tudo. Podemos ver também o reflexo da ação de Thanos não somente sobre nossos heróis, mas também sobre o restante da humanidade, tornando tudo mais emocionante e urgente. Acrescentando à tensão, alguns personagens agora encontram-se em novas fases de suas vidas e devem considerar os riscos de uma missão contra o titã.
Assim que os vingadores partem em missão, se dá início ao segundo ato do filme, marcado por muita aventura, ação e um pouco mais de humor escrachado, típico dos filmes da Marvel. O ritmo diminui e o tom se altera. Nas salas de cinema, o público vai à loucura a cada recompensa que recebe por sua fidelidade ao longo dos anos. O grande mérito dos produtores e diretores é conhecer seu público e entender que pode tomar alguns desvios e não ser julgado por isso.
O segundo ato chega a cansar e, quando parece arrastado demais, o terceiro chuta a porta e pede passagem. A essa altura, o público já entendeu tudo o que podia acontecer e o êxtase dava lugar à preocupação com os personagens a cada cena. É aquele momento em que a sala de cinema se transforma em uma arquibancada assistindo a um espetáculo, em uma experiência rara, que todos deveriam viver um dia. A conclusão é, sem meias palavras, épica.
‘Vingadores: Ultimato’ parece ter sido feito pelos fãs, sem parecer uma fanfic, e para os fãs. Ele é uma recompensa e um agradecimento da Marvel para aqueles que estão na jornada desde o início. É o fim da história iniciada no primeiro ‘Homem de Ferro’, em 2008. Mas muito mais do que apenas uma continuação de ‘Guerra Infinita’, ele poderia, facilmente, ser o quarto filme do Thor, Homem de Ferro ou do Capitão América. Assim como poderia ser o filme da Viúva Negra ou do Gavião Arqueiro.
Toda jornada precisa de um fim e a Marvel entendeu isso. O quarto filme dos ‘Vingadores’ é sobre o amor, luta, culpa, luto, vínculos, amizade e, sobretudo, escolhas. É sobre colocar fim a uma história e dar início a outras. O filme dos irmãos Russo não é perfeito, claro, tem seus problemas na narrativa e no tom. Mas o cinema não é sobre a perfeição. É sentimento, é experiência.
É sim o fim de uma era. Mas, não se engane, a Marvel tem outra era nas mangas.
Direção: Anthony Russo e Joe Russo
Roteiro: Stephen McFeely e Christopher Markus
Elenco: Anthony Mackie, Benedict Cumberbatch, Benedict Wong, Bradley Cooper, Brie Larson, Callan Muvay, Carrie Coon, Chadwick Boseman, Chris Evans, Chris Hemsworth, Chris Pratt, Cobie Smulders, Danai Guirira, Dave Bautista, Don Cheadle, Elizabeth Olsen, Jeremy Renner, Josh Brolin, Karen Gillan, Mark Ruffalo, Paul Rudd, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson, Sebastian Stan, Tessa Thompson, Tom Hiddleston, Tom Holland, Vin Diesel, Zoe Saldana
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