Paulista de São Manuel, a turismóloga Teresa Surita, de 63 anos, ocupa pela quinta vez a Prefeitura de Boa Vista, Roraima, cidade onde chegou em 1987. Além de prefeita, ela também foi eleita deputada federal por Roraima (1990-1992). Em 2012 e 2016, foi a única mulher eleita para comandar uma Prefeitura de capital no Brasil.
Um dos nomes mais fortes e conhecidos atualmente, Surita abriu espaço para as mulheres na política brasileira. Nos últimos anos, essa representação vem aumentando, mas ainda temos um longo caminho para encontrar o equilíbrio nos números. “A política no Brasil é machista. Infelizmente transitamos num ambiente onde a mulher tem dificuldade em circular com facilidade. Muitas mulheres se tornam mais duras pela exigência que a política impõe. Eu sempre tive votações expressivas e sempre trabalhei no corpo a corpo com população para conquistar o voto e mostrar meu compromisso e responsabilidade. Tenho o apoio das pessoas e isso me faz forte. Nas últimas eleições, em 2016, tive 80% dos votos quando fui reeleita Prefeita para um 5º mandato. Acredito que a escolha do meu nome tem a ver com trabalho, confiança, resultados e com respostas e a efetividade de programas que criei e implantei, e que ajudam as pessoas a viver melhor. As mulheres têm mais dificuldade para conquistar seu espaço não só na política, mas em todas as esferas administrativas, públicas ou privadas. Acredito que a representatividade feminina na política pode crescer, mas ainda temos que caminhar muito para se ter um equilíbrio”, afirma.
O pior momento vivido por ela, como conta, aconteceu em 2018, quando foi agredida verbalmente por um deputado enquanto dava uma entrevista a uma rádio. “Esse ataque que sofri é algo que jamais esquecerei na minha vida. Tenho certeza que o deputado não faria isso se fosse um homem que estivesse dando aquela entrevista. Nunca sofri uma agressão assim e pude sentir a fragilidade de uma mulher em relação à força física de um homem, é muito desigual. E aquela agressão não foi só verbal, houve agressão física com minha equipe de mulheres, isso está registrado em vídeo. Foi um episódio triste que lamento e repudio. Nada justifica o que aconteceu. Sou contra o abuso de autoridade, o abuso de poder e a intimidação. Sempre fui a favor da democracia, dos direitos iguais, do respeito ao próximo e da liberdade de expressão. E sigo com esses valores na minha vida. É triste relembrar esse dia”, relata.
Como legado e inspiração, Teresa quer deixar seu trabalho. “Espero poder inspirar minhas filhas, meus netos e deixar um legado do meu trabalho para todas as pessoas – inspirar jovens, homens e mulheres – venho construindo esse legado ao longo de toda minha carreira. Motivar o despertar de uma consciência mais lúcida, com valores definidos, do cuidado ao próximo, começando pelas crianças, pelos bebês, com a primeira infância. Quando enxergamos as crianças, enxergamos as famílias, alcançamos a sociedade por inteiro”.
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