O Programa Indígena de Permanência e Oportunidades na Universidade (PIPOU) está com inscrições abertas para seu terceiro edital, oferecendo 56 bolsas mensais de R$ 1,2 mil e um computador portátil para estudantes indígenas de graduação. A iniciativa é uma realização do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), em parceria com a Vale, e visa apoiar a permanência desses estudantes nas universidades e incentivar a implementação de políticas públicas voltadas para a inclusão indígena no ensino superior.
Taís Cruz dos Santos, do povo Tupiniquim, é uma das beneficiárias do programa e estudante de medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela destaca a importância do apoio:
“Meu curso é integral, o que dificulta quando não se tem renda. O auxílio do PIPOU é uma preocupação a menos, permitindo focar nos estudos. Além disso, as rodas de conversa são enriquecedoras e promovem reflexões sobre nosso papel na universidade e na comunidade.”
Além das bolsas e do computador, o PIPOU oferece atividades formativas, como oficinas de escrita acadêmica e rodas de conversa sobre as realidades dos povos indígenas. As inscrições para o programa estão abertas até o dia 11 de agosto.
Quem pode se candidatar?
Estão aptos a se candidatar estudantes indígenas matriculados em cursos presenciais de graduação de 31 universidades nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Bahia, Paraná, Paraíba, Distrito Federal, Mato Grosso, Roraima, Amazonas, Tocantins e Rio Grande do Sul, que tenham iniciado seus cursos em 2022 ou 2023. A seleção será em três etapas, começando pelo preenchimento de um formulário, envio de documentação e redação. Em seguida, haverá entrevista com os candidatos. Para se inscrever, os candidatos podem acessar o edital completo no site do ISPN. O resultado será divulgado no dia 11 de outubro de 2024.
Para mais informações, também podem entrar em contato com pipou-bolsas@ispn.org.br.
Desafios e incentivos
Os estudantes indígenas enfrentam uma série de desafios nas universidades, como a falta de recursos financeiros, ausência de acolhimento acadêmico e dificuldades pedagógicas nas disciplinas. Essas barreiras frequentemente levam à desistência dos cursos de graduação. O PIPOU surge como um incentivo importante para que esses estudantes possam concluir seus estudos com sucesso.
“Um curso de graduação ajuda muito na profissionalização desses jovens, contribuindo para que estejam melhor preparados para apoiar suas comunidades e povos na proteção e defesa dos seus territórios e direitos”, destaca Fábio Vaz, coordenador executivo do ISPN.
Desde 2021, o PIPOU já beneficiou aproximadamente 116 estudantes de 32 povos indígenas, abrangendo 40 cursos de graduação em 22 instituições de ensino superior. O programa ajudou 14 estudantes a se formarem em áreas como direito, enfermagem, matemática, saúde coletiva, fisioterapia, ciências sociais, psicologia, nutrição e licenciatura intercultural.
“É muito gratificante estar nesse programa, pois ele tem me fortalecido na universidade, ajudado a manter minha família e a comprar os materiais necessários para o curso”, conta Célia Terena, mãe de dois filhos e estudante do curso de educação do campo na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Robson Nonato, do povo Guajajara, formado em ciências sociais pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), conta que o programa vai além do auxílio financeiro, oferecendo apoio em outros âmbitos da vida acadêmica:
“O PIPOU não apenas nos auxilia financeiramente, mas também oferece aulas extracurriculares e palestras com lideranças indígenas. A seriedade das ações do programa foi crucial para superar desafios acadêmicos e concluir minha formação com sucesso.”
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