Ariel Bentes Giovana Barbosa; 11/11/2020 às 09:00

Novos hábitos de consumo 

A pandemia da Covid-19 mudou o jeito como vivemos e, sobretudo, consumimos

O consumo faz parte do dia a dia do brasileiro e é feito cada vez mais através da internet. Em 2019, de acordo com a pesquisa Global Consumer Insight Survey, realizada pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), quase um terço da população comprou produtos on-line ao menos uma vez na semana, sendo um aumento de 5% comparado a 2018. 

“Os resultados também indicam que os smartphones serão, em breve, a principal tecnologia para compras on-line no Brasil: metade da nossa amostra usa o celular para fazer compras pelo menos uma vez por mês, parcela que vem crescendo em ritmo acelerado em comparação com aqueles que usam um PC ou que frequentam a loja física”, diz o relatório da pesquisa que entrevistou mais de 21 mil pessoas.

Com a pandemia da Covid-19, o comércio no Brasil foi afetado e, consequemente, o consumo da população mudou. Um exemplo disso, é que as atividades do comércio caíram 31% no Dia das Mães e 27,8% no Dia dos Namorados, segundo o Serasa Experian. 

As casas, que no geral antes exerciam um papel de acolhimento e descanso após um longo dia de trabalho ou estudo, a partir de março precisaram se transformar em espaços mais funcionais. O comércio, que estava dividido em “serviços essenciais” e “serviços não essenciais”, obteve um aumento, de março a 15 de abril, na procura por álcool em gel, máscara, sabão e papel higiênico. Já após abril a busca por alimentos, livros, serviços de assinatura e móveis confirmam a nova rotina de consumo. A informação faz parte do estudo “Google Academy: o boom do delivery e novas soluções digitais para produtos e serviços” que apresenta dados internos do Google Brasil. 

Confira abaixo algumas das áreas que mais se destacaram neste período: 

Busca por mais conforto em casa  

Segundo uma pesquisa realizada pela ACI Worldwide, as compras online de itens domésticos aumentaram em 190% no mês de maio de 2020, em comparação ao mesmo período no ano anterior. Além disso, o Google aponta um aumento, entre 9 e 15 do mesmo mês, de 98,7% nos itens de cama, mesa e banho. 

Além disso, este também é o momento em que os supermercados estão faturando mais. Em São Paulo, a Associação Paulista de Supermercados afirma que as empresas tiveram uma alta de 15%, enquanto no Rio de Janeiro, segundo a associação de supermercados do estado, o aumento das vendas atingiu 21%, um reflexo de uma população que tem diminuído drasticamente as suas saídas de casa e guardando mais alimentos. Já no Amazonas, de acordo com Alexandre Zuqi, superintendente da Associação Amazonense de Supermercados (Amase), o crescimento desse segmento no estado ficou entre 15% e 20%. 

Moda e beleza

As atividades do segmento de beleza são feitas essencialmente de forma presencial e foram proibidas em muitas cidades no período de quarentena. Apesar disso, os e-commerces de cosméticos cresceram 138% e o de moda 110% em relação ao mesmo período em 2019, segundo a empresa Corebiz

Este dado confirma a informação da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC). Segundo ela, houve aumento de 92,8% em volume de vendas das máscaras faciais, 14,7% dos cosméticos antirrugas/sinais/idade e 8,3% dos hidratantes faciais, comparando os meses de janeiro a maio de 2020 com o mesmo período no anterior. 

Delivery

Os gastos com o delivery nos aplicativos de entrega Rappi, Ifood e Uber Eats cresceram 94,67% na pandemia, é o que diz uma pesquisa feita pelo Mobills, startup de gestão de finanças pessoais. Somente em abril o aumento foi de 60,67% em comparação com março, e em maio, 39,58% em relação a abril. Outro dado interessante apontado pelo estudo, é que em janeiro o valor médio de transações no Rappi era de R$ 50,51, já em maio esse valor subiu para R$ 97,20. 

Já o Galunion, empresa especialista em foodservice, e o Instituto Qualibest desenvolveram um estudo para entender quais as comidas mais pedidas neste serviço. A primeira escolha é a pizza com 73%, seguida dos hambúrgueres com 59%, sanduíches com 46% e, por último, as massas com 40%. Eles também avaliaram que a higiene e limpeza, o preço justo e serviço bem feito são os fatores determinantes na hora de escolher um restaurante através do delivery. Além disso, 21% dos entrevistados responderam que acreditam que vão gastar ainda mais com esse canal de compras no pós-pandemia.

Tecnologia e serviços de streaming

Com a quarentena, boa parte dos estudos e trabalhos passaram a ser feitos a distância e os cinemas foram fechados. Assim, a tecnologia tornou-se ainda mais necessária no dia a dia e os serviços de streaming passaram a ser uma das poucas opções de entretenimento. A procura por estes serviços se intensificaram e, segundo o Google, no Brasil a busca por tablets aumentou 101%, eletroportáteis 92,5%, informática 85,7% e TV e vídeo 81,7%. 

Já a Conviva, plataforma de monitoramento de streaming, identificou um aumento de 20% na audiência de serviços de streaming como, por exemplo, Amazon Prime e Netflix. Entre janeiro e março, a Netflix teve 15,77 milhões a mais de assinantes pagos no mundo, número bem acima do esperado pela empresa, de acordo com a FactSet. Além disso as ações da Netflix já cresceram 35% este ano, fazendo com que a sua receita total passasse R$ 23,9 bilhões para R$ 30,5 bilhões. 

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