Isabella Botelho; 18/03/2020 às 10:00

Nem todas as histórias têm finais felizes

Além de mostrar inspiradoras trajetórias de mulheres em vida, temos o dever de contar histórias que, infelizmente, têm finais tristes. A de Lorena dos Santos Baptista é uma delas.

Perita criminal da Polícia Civil, Lorena sempre foi uma mulher forte e que buscou a independência em todos os âmbitos de sua vida. Aos 24 anos, ela engravidou e casou-se. Foi revelado no julgamento que, durante todo seu casamento, viveu violência psicológica, física e sexual de seu marido e pai de seus três filhos, Gabriela, Pedro e Juliana. Mas, apesar de ser uma mulher de punho firme e posicionamentos fortes fora de casa, ela nunca conseguiu sair do ciclo de violência instaurado em seu casamento, assim como muitas outras mulheres mundo afora.

Na madrugada do dia 05 de julho de 2010, Lorena foi assassinada por seu ex-marido. Aquele tiro foi a faceta final de um crime que acontecia há anos e das mais variadas formas, como afirma seu filho, Pedro Baptista. “Eu falei por muito tempo e falo até hoje que a minha mãe não foi morta em um dia. Ela foi morta desde o início do casamento. Aquele tiro foi só o final”.

Em 2016, como homenagem por seus serviços prestados, o Governo do Estado do Amazonas atribuiu o nome de Lorena ao Instituto de Criminalística do Amazonas, passando, assim, a ser denominado Instituto de Criminalística Lorena dos Santos Baptista.

A história de Lorena não é muito diferente de outras milhões de mulheres. Se desprender de um casamento e de um companheiro violento não é fácil. “Eu gostaria muito que mais mulheres não permitissem que isso acontecesse consigo. Eu sei que num ambiente doméstico há muita dependência psicológica e é isso que geralmente impede as mulheres de denunciarem e saírem daquela situação. Mas eu, como homem, como filho e irmão de mulheres, gostaria muito que a história fosse diferente e, acima de tudo, que ela inspirasse outras mulheres a fazerem diferente”, completa Pedro.

Apesar de o crime ter acontecido há mais de nove anos, o julgamento apenas foi realizado em fevereiro deste ano e, após quatro dias, o júri popular condenou o acusado a 9 anos e 6 meses de prisão.

Registramos aqui o nosso desejo e nossa esperança de dias melhores e justiça para todas as mulheres. Mas, sobretudo, que lutemos por todas as Lorenas silenciadas brutalmente sem uma chance de defesa e fala.

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