O termo “desenvolvimento sustentável” foi utilizado pela primeira vez em 1972 na Conferência de Estocolmo e, a partir disso, houve um movimento global em prol da sustentabilidade. Com isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) passou a organizar conferências que reunia lideranças de todo o mundo para debater e incentivar projetos que promovessem a sustentabilidade.
No ano de 2000, durante a Cúpula do Milênio, foram elaborados os Objetivos do Milênio (ODM), conhecidos no Brasil como “8 jeitos de mudar o mundo”. Com a não conclusão deles em 2015, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram pensados visando atingir novos e antigos objetivos.
Os 17 ODS foram instituídos pela ONU com o objetivo de orientar governos, empresas e sociedades para o desenvolvimento de um mundo mais sustentável e inclusivo. Criado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável no Rio de Janeiro, conhecida também como Rio+20, além deles também foram estabelecidas 169 metas e ambos integram a Agenda 2030, um plano de ação que busca a paz universal com mais liberdade.
“Todos os países e todas as partes interessadas, atuando em parceria colaborativa, implementarão este plano. Estamos decididos a libertar a raça humana da tirania da pobreza e da penúria e a curar e proteger o nosso planeta. Estamos determinados a tomar as medidas ousadas e transformadoras que são urgentemente necessárias para direcionar o mundo para um caminho sustentável e resiliente. Ao embarcarmos nesta jornada coletiva, comprometemo-nos que ninguém seja deixado para trás”, diz o site da ONU.
Conheça abaixo os 17 ODS:
ODS 1: Erradicação da pobreza
Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
ODS 2: Fome zero e agricultura sustentável
Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.
ODS 3: Saúde e bem-estar
Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.
ODS 4: Educação de qualidade
Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
ODS 5: Igualdade de gênero
Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
ODS 6: Água potável e saneamento
Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos.
ODS 7: Energia limpa e acessível
Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos.
ODS 8: Trabalho decente e econômico
Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos e todas.
ODS 9: Indústria, Inovação e Infraestrutura
Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
ODS 10: Redução das igualdades
Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.
ODS 11: Cidades e comunidades sustentáveis
Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
ODS 12: Consumo e produção responsáveis
Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
ODS 13: Ação contra mudança global do clima
Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.
ODS 14: Vida na Água
Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.
ODS 15: Vida terrestre
Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.
ODS 16: Paz, justiça e instituições eficazes
Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
ODS 17: Parcerias e meios de implementação
Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
Atlas ODS Amazonas
Em maio de 2019 foi lançado o Atlas ODS AM, um projeto vinculado ao programa de pós-graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que no primeiro momento visava a construção de indicadores que avaliassem o status dos ODS e as metas da Agenda 2030 no estado. Com a pandemia do covid-19, pesquisadores do Atlas precisaram seguir outra direção, e hoje o projeto está totalmente voltado para a pesquisa de informações e dados que permitam compreender o avanço do novo coronavírus no Amazonas.
Com coordenação geral do professor Henrique Pereira e a coordenação técnica do também professor Danilo Egle, o Atlas ODS AM possui em sua equipe seis pesquisadores e tem como seus objetivos: promover a governança cooperativa, onde setores da sociedade podem se informar melhor e colaborar com a gestão pública local; Justificar para novas tomadas de decisão governamental; Desenvolver conjunto de indicadores específicos para os territórios do Amazonas; Destacar casos de sucesso; e alertar para realidades que precisam ser investigadas.
Para divulgar as pesquisas feitas no projeto, o Atlas publica um boletim que já conta com 13 edições e, até o momento, oito deles tratam exclusivamente do covid-19. “Sem dúvidas a maior projeção que tivemos com o Atlas foi nesse período de pandemia, quando começamos a trabalhar mais com saúde pública. Além disso, os primeiros boletins, que tratam da erradicação da pobreza, também tiveram uma repercussão muito boa”, disse Bruno Lorenzi, um dos pesquisadores do projeto Atlas e mestrando do mesmo programa de pós-graduação.
Em entrevista ao Portal Mercadizar, Bruno contou como o Atlas funciona, como a pandemia afetou os ODS e quais perspectivas para alcançá-los.
Mercadizar: Como é feito o mapeamento dos dados e indicadores?
Bruno Lorenzi: Os dados que sempre buscamos, são dados em fontes abertas e de órgãos públicos das três esferas do governo e eles têm que compreender os 62 municípios do Amazonas. Fazemos esse levantamento, fazemos a tabulação e depois aplicamos a metodologia proposta pela ONU e adaptada para a nossa realidade brasileira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
O documento da ONU que apresenta os 17 ODS, diz o seguinte: “Ninguém fica para trás”. Trazer os dados a nível local, medir o desenvolvimento sustentável de forma que atenda as mais remotas localidades é muito importante. A gente sempre trabalha com essa ideia de incluir todos os municípios, nenhum indicador nosso inclui somente Manaus.
Mercadizar: O quanto a pandemia da covid-19 pode ter impacto nesses objetivos?
A pandemia do covid-19 afeta de forma integral todos os ODS. Não temos dúvida disso. Essa grave crise que nós enfrentamos atrasa o processo mundial que estava ocorrendo e é também importante ressaltar que em um momento como esse, o diálogo seria a melhor saída. Infelizmente o que vemos, de forma geral, são debates bastante ideológicos e que só vem atrasar o nosso desenvolvimento.
Mercadizar: Estamos nos aproximando mais de 2030 e o que você acredita que falta para atingirmos os ODS?
Bruno Lorenzi: Acreditamos que estamos bem distantes de atingir os ODS, até pelas características do país e dos índices de pobreza, você pode acompanhar no nosso painel que os índices de extrema pobreza assustam bastante a nossa realidade amazonense e o Brasil como um todo.
A solução para isso primeiro é sem sombra de dúvidas a necessidade de encararmos o problema da sustentabilidade com uma visão transdisciplinar. Nós temos o tripé da sustentabilidade firmado em meio ambiente, economia e sociedade. Nada poderá ser analisado de forma independente. Os gestores públicos precisam se capacitar para trabalhar de forma que integrem as mais diversas áreas do conhecimento e percebo uma carência maior no interior do estado. Nós temos poucos exemplos de prefeituras que tem alguma pasta ou secretaria voltada para o desenvolvimento sustentável.
Para Carlo Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global das Nações Unidas, é preciso acelerar os trabalhos para cumprir Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“Os ODS representam desafios muito importantes para o mundo, e especialmente para o Brasil, que precisa reduzir desigualdades e diminuir seus impactos ambientais para ter uma economia mais forte e resiliente”, disse Carlo Pereira em um evento da ONU.
Para acessar o Atlas ODS Amazonas, clique aqui. Recentemente, foi incluído nele um painel de dados exclusivo para os índices de isolamento social no estado, uma pesquisa feita em parceria com a empresa In Loco. Além disso, você pode encontrar dados e pesquisas sobre os ODS, projeções do covid-19, óbitos registrados pelo vírus e intensidade do tráfego em Manaus.
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