Nesse mês de março, todas as sextas-feiras, o Mercadizar trará pra você um especial com mulheres da comunicação amazonense. Elas contaram com exclusividade sobre suas carreiras e desafios da profissão.
Ana Clarissa Cavalcante
Formada em Relações Públicas pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (Ciesa), Ana Clarissa é analista de marketing da Faculdade Metropolitana de Manaus (Fametro), idealizadora da RPManaus e também do projeto Escola Experimental de Comunicação e Empreendedorismo.
“Ser relações públicas já é ser resistência, a nossa área ainda não é tão conhecida como publicidade ou jornalismo, mas com globalização as relações públicas mostram que é importante para qualquer empresa ou assessorado. Eu fico muito feliz em ter um tipo de privilégio para trilhar minha carreira sempre agindo com ética e disciplina, isso faz a diferença e precisa ser nosso DNA, principalmente no universo da comunicação que todos os dias matamos um leão.”
Camila Silva
Formada em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda desde 2014, começou a atuar no mercado quando ainda estudava no 2º período da faculdade. Trabalhou em uma agência publicitária (Procion Publicidade) e dois veículos locais (Jornal Amazonas Em Tempo e Rede Amazônica) ao longo desse período, quando ganhou boa parte da sua experiência profissional. Em 2014 recebeu o convite para trabalhar na Secretaria Municipal de Comunicação – Semcom, onde permanece até hoje. Em 2016 assumiu a função de gerente de marketing da secretaria, para coordenar toda a demanda de marketing e publicidade da Prefeitura de Manaus.
“No decorrer do caminho encontrei pessoas que me ajudaram a evoluir como pessoa e profissional, e sempre me valorizaram pelo o que sou, inclusive por ser mulher.”
Célia Carvalho
Ao longo de sua jornada sempre atuou na área de educação. Antes de ingressar como professora de carreira na UFAM, lecionava na Seduc e na Semed, atuando na educação de crianças e jovens. Em 1994, iniciou suas atividades no Departamento de Comunicação da antiga UA, hoje UFAM, no curso de Relações Públicas. Ao longo do tempo na Universidade, fez os cursos de especialização em Marketing e Teoria do Conhecimento e Filosofia das Ciências, mestrado em Ciências do Ambiente e doutorado em Biotecnologia. E atuou como assessora de Comunicação da UFAM no período de 2001 a 2013. Atualmente, ministra aulas no curso de RP, orienta alunos de PIBIC e de TCC, atua como tutora do Programa de Educação Tutorial (PET) e coordena o projeto de pesquisa multidisciplinar da Instituição, intitulado Gestão da Comunicação Organização da UFAM.
“Acredito que nós mulheres não devemos nos amedrontar frente a um mercado abrangente e muitas vezes dominado pelos homens. Todos nós somos capazes, seja o profissional do sexo masculino ou feminino que for assumir um determinado cargo na área de Comunicação. Antes de sermos homens ou mulheres, somos seres humanos com capacidade para atuarmos profissionalmente. Estamos em um momento em que não se pode mais aceitar esse tipo de diferenciação entre homens e mulheres.”
Flávia Frota
Graduada em Comunicação Social pela Ufam, com enfoque em Relações Públicas. Especialista em Assessoria de Comunicação e Mídias Digitais. Começou a trabalhar na área ainda no primeiro ano de faculdade. Passou por órgão público federal, indústria multinacional e empresas regionais. Depois, começou a atuar como autônoma, quando a criatividade mais floresceu e surgiram novas ideias e projetos, sempre com enfoque na Comunicação. Iniciou com papelaria personalizada. Depois criou o Blog Atividade Pensante, hoje FlaviaFrota.com. Seu livro de estreia, “Primeira Impressão” [crônicas], foi lançado ano passado na Bienal Internacional do Livro de São Paulo e também em Manaus. Os planos para 2019 incluem a produção de um novo livro, que já está em andamento.
“Desde a infância enfrentamos diversos desafios por sermos mulheres. Isso nos entristece, mas ao mesmo tempo serve de estímulo para fazermos o melhor, batalharmos pelo nosso espaço e oportunidades. Os obstáculos que enfrentei foram superados e não me impediram de fazer o que desejava. Em uma empresa multinacional, vi as mulheres serem respeitadas e valorizadas. Já em empresas regionais, o preconceito muitas vezes está enraizado. Nos últimos anos o debate em torno dos nossos direitos de igualdade, respeito e liberdade está em pauta. Isso é fundamental para estarmos mais atentas ao preconceito – descarado e velado – e às desqualificações que sofremos. É um mal que nos impulsiona para irmos cada vez mais longe, unidas e determinadas a vencer!”
Judy Tavares
Professora do curso de Relações Públicas da Universidade Federal do Amazonas, Judy Tavares é pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e Mestre em Ciências da Comunicação Ufam.
“Olha, o nosso curso sempre formou muito mais mulheres. Então, a nossa representação sempre foi maior. Mas assim, aonde estão essas mulheres? Eu sempre encontrei pessoas que me deram oportunidade, mas já encontrei muitas situações de machismo, só quem me conhece sabe que eu não tenho problema de falar e me posicionar, mas é um mercado que é difícil. A mulher líder quando vai lidar com uma situação que ela precisa ser mais incisiva, isso é tratado como um desiquilíbrio emocional. Por exemplo, eu já trabalhei em agência que 95% das pessoas eram homens, então várias vezes eu precisei questionar sabendo que aquilo podia custar o meu emprego. É difícil ser mulher, porque você tem que falar um pouco mais alto pra ser ouvida, tem que tá sempre provando duas vezes a tua capacidade.”
Luciana Marques
Trabalha com marketing há mais de 20 anos, possui pós-graduação em Gestão Empresarial e cursa MBA em Marketing. Atualmente, é gerente de marketing da MAP Linhas Aéreas.
“O marketing ainda não é visto como investimento, é visto como custo na maioria das empresas, infelizmente. Então, o maior desafio é provar a importância do marketing como uma ferramenta, processo e a necessidade se ter uma qualificação. Mas isso não é só aqui no Brasil não, é uma característica global porque é tudo muito novo.”
Mariana Filizola
Formada em RP na Ufam em 2016, tendo cursado um semestre de intercambio na UnB. A faculdade abriu o mundo de possibilidades dentro das Relações Públicas e teve a chance de experimentar várias delas, desde os primeiros semestres da faculdade. Pesquisa, extensão, estágio…Tendo orgulho de lembrar que “usou” a Ufam em tudo que podia. Já formada trabalhou no terceiro setor, em agência de publicidade, no mercado de eventos e no governo. Para Mariana, ser RP é sem dúvidas ter sempre a chance de moldar a comunicação onde quer que estejamos inseridos. Apaixonada pela profissão, atualmente trabalha na Assessoria da Secretaria de Educação do Estado.
“Tive um episódio marcante quando fui assessora de imprensa pela primeira vez, em um freela. O caso tinha muita repercussão e me esforcei muito em todo o percurso. No final do trabalho, fui assediada… pelo próprio cliente. Fiquei em choque, pensando se tinha dado a entender algo errado. Hoje sei que não foi nada disso: a culpa foi inteiramente dele. Na minha cabeça eu podia escolher entre ficar calada ou fazer um escândalo e por todo meu trabalho a perder. Na época não quis falar sobre, achei que aquilo ia realmente tirar o foco de todo o trabalho que eu tinha feito sabe? Foi muito injusto, mas foi como eu senti que deveria agir. Só fiz chorar de raiva e guardar aquilo pra mim. Hoje provavelmente eu faria diferente, mas ainda assim não sei como reagiria. Na hora em que acontecem essas coisas a gente não sabe como vai ser. Mas sem dúvidas me sinto muito mais confiante pra não deixar mais passar batido. Sem dúvidas não me calaria.”
Marie Eonezava
Marie Eonezava é formada em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda pela Uninorte desde 2015. Atuando na área desde 2013 como marketing em empresas, já passou por 3 grandes empresas, onde em uma delas trabalhou coordenando o marketing das lojas em 5 estados diferentes. Em 2015 morou fora do país por 8 meses, fez intercâmbio pra aprender uma língua estrangeira e aproveitou para aprender ao máximo sobre o mercado internacional.
“Eu fui ensinada por grandes mulheres durante a minha vida acadêmica, então sempre foi muito normal ter ao meu redor muitas mulheres atuantes no mercado da comunicação. Acredito que o mercado já está dominado por grandes profissionais mulheres que tiveram e tem que enfrentar grandes desafios, tanto profissionais como pessoais, pra conseguir dar conta de tudo. É incrível como só o fato de ser mulher te faz “ser invisível” em certos locais. Cansei de ver minhas ideias sendo reprovadas só porque era eu que estava apresentando. Cansei de ver as mesmas ideias sendo aprovadas só porque quem apresentou era um homem. Então, é preciso ter um jogo de cintura bem grande pra bater o pé e falar ‘Aqui também é o meu lugar e eu vou provar isso’.”
Priscilla Leão
Sua formação inicial é em Pedagogia, o que a ajudou muito quando iniciou a vida profissional em agência de publicidade, onde era revisora publicitária da criação. Depois de muito aprendizado sobre o desenvolvimento de um job, escolheu trabalhar como Atendimento. Hoje, está se graduando em Marketing e atua na TV Em Tempo coordenando a equipe de Inteligência de Mercado e MKT. Seu objetivo é desenvolver novas soluções e produtos alinhados ao mercado anunciante a partir das análises de audiência e todas as suas expressões para obter uma comunicação mais assertiva com o espectador.
“Sabemos que no mercado as mulheres ainda são minoria nas reuniões de gestão, mas no nosso segmento, na maioria das vezes, quando pensamos em indicar um bom Atendimento, Designer ou Social Mídia, a nossa referência é em alguém do sexo feminino, não é mesmo?”
Tayara Wanderley
Formada em Relações Públicas pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Tayara já trabalhou na Secretaria do Estado da Cultura (SEC) e, atualmente, é Gestora de Mídias Sociais da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Manaus (SEMCOM).
“Definir uma mulher na sociedade e no mercado de trabalho é falar de garra. Eu sempre fui estimulada a poder e conseguir tudo o que eu quisesse, e ser mulher nunca foi visto como uma barreira. As brincadeiras que as vezes escutamos no ambiente de trabalho e muitas vezes são ignoradas, hoje, por mim, são respondidas e colocadas no seu devido lugar.
Por estar grávida, eu sinto o peso, não que alguém tenha falado nada, mas sair de licença tem me deixado um pouco reflexiva sobre esse processo. Afinal, eu tenho direito a 6 meses, no entanto, um colega de trabalho que se tornou pai só tem direito a 15 dias, o que é assustador porque uma mãe só tem o suporte do pai do seu bebê por 15 dias, isso não é nada.”
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