Patrícia Patrocínio; 24/05/2021 às 12:00

Como a pandemia tem refletido nos sonhos

As recentes teorias da neurociência atribuem ao ato sonhar uma função de regulação de emoções, algo parecido com o processo de digestão, mas, nesse caso, de memórias

Há mais de um ano estamos enfrentando a pandemia do novo Coronavírus, que tem deixado sequelas em todas as esferas sociais. A paralisação das atividades, o distanciamento social e as muitas preocupações que envolvem esse momento, afetaram diretamente o psicológico das populações que ainda não sabem como lidar com o medo de contrair a Covid-19 ou ainda perder alguém próximo por causa dessa doença.

De acordo com a pesquisa da psiquiatra e neurocientista, Natalia Mota, pelo ICE/UFRN (Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte), os sonhos do período pandêmico são diferentes dos relatos anteriores à pandemia. O estudo mostra que nesse período há uma maior recorrência de sonhos ligados a palavras como “raiva”, “tristeza” e a termos como “contaminação” e “limpeza”. 

Dessa forma, os resultados sustentam a hipótese de que os sonhos pandêmicos refletem sofrimento mental, medo do contágio e mudanças importantes no cotidiano, hábitos que impactam diretamente a socialização. 

Afinal, de que forma os sonhos afetam nosso psicológico?

As recentes teorias da neurociência atribuem ao ato sonhar uma função de regulação de emoções, algo parecido com o processo de digestão, mas, nesse caso, de memórias. Dessa forma, se extrai das lembranças do cotidiano o aprendizado para ser retido, e se expele as emoções, principalmente as negativas. 

Dessa forma, nosso cérebro recorre aos sonhos para metabolizar as emoções vivenciadas durante o dia e assimilar experiências que possam favorecer nossa sobrevivência, em uma estratégia de adaptação. O estudo também explica que acordar cansado, ter sonhos muito realistas, sentir medo, confusão mental, tristeza, ansiedade e dificuldade para entender a realidade, nesse momento é comum, pois estamos nos ajustando a uma nova realidade e isso é muito estressante.

Com isso, o Instituto de Psicologia (IP) da USP em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, desenvolveu o Programa Autoestima, de acolhimento psicológico, em que ocorrem semanalmente sessões públicas, abertas e gratuitas de compartilhamento e reflexão de sonhos, pela internet.

Para participar, basta acessar o link, as reuniões ocorrem todas as quartas-feiras, das 19h às 20h30 e o limite máximo de participantes, que serão guiados pelos psicólogos do grupo, é de 60 pessoas por sessão. A entrada é permitida somente até os primeiros 10 minutos do início.

 

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