Hilana Rodrigues; 09/07/2021 às 12:00

Importância de abordar a diversidade em peças publicitárias

A diversidade em peças publicitárias tem grande poder, mas é importante não deixá-la somente no visual e sim na prática também

Por muitas décadas, vimos em comerciais de TV e em outros meios de propaganda a representação de pessoas e famílias que não refletiam no que é presente no mundo. Essa ausência de diversidade sempre foi prejudicial para os consumidores, tendo em vista que tornava parte da população invisível.

Com a popularização das redes sociais, a quantidade de empresas que introduziram a diversidade de pessoas em suas propagandas cresceu consideravelmente. Isso porque as gerações estão cada vez mais conectadas e compartilhando o que encanta e representa, e o compartilhamento positivo é a chave de um bom marketing.

Outro fator que pode ter incentivado as empresas a abordarem mais diversidade em peças publicitárias, foi o crescimento dos movimentos sociais que, mostrando a importância na inclusão e seus papéis na sociedade, passaram a não mais aceitar serem invisibilizadas, consumindo e divulgando marcas que se preocupavam em lhes reconhecer e valorizar.

Embora algumas marcas brasileiras ainda se utilizem de estereótipos irreais para retratar os produtos e a empresa, podemos observar que esta não é uma escolha boa, tendo em mente que quanto menos um empreendimento se preocupa em retratar pessoas reais, consequentemente, menos comentários positivos receberá.

O poder da diversidade

As atuais campanhas são produzidas com o intuito de gerar interação e compartilhamento de determinado público-alvo. Ao representar vidas, identidades e corpos reais, essa aproximação é realizada com quem consegue se ver na mensagem que a marca pretende passar, além de desconstruir estereótipos pré-determinados e propor reflexões até na persona não representada.

Se preocupar em representar pessoas invisibilizado na publicidade é uma forma de estar em sintonia com o público. Um exemplo dessa preocupação é a campanha do Banco Bradesco de 2019. “Brilhe do seu jeito”, mostrando uma criança, em ilustração, com Síndrome de Down, tocou diversas mães que puderam ver seus filhos representados e em sintonia com os valores da marca. Só no Youtube, a propaganda possui mais de 190 milhões de visualizações.

O mesmo pode ser citado para a publicidade da empresa de cervejaria Heineken. Anos após ter apresentado um vídeo propaganda machista e enfrentado diversas críticas, a marca mudou seu estilo de marketing e passou a abordar o produto como também sendo algo fortemente consumido pelas mulheres. Entrando assim, na visão mais agradáveis do público.

Cuidado com a falsa promoção do consumo ideológico

Com muitas empresas, entendendo a inclusão e diversidade como forma de ser bem vista e engajada pelo público, devem ficar atentas para que a luta por direitos não seja apenas uma ferramenta banalizada de estratégia de marketing.

O termo consumo ideológico surgiu para descrever o consumo praticado por certos grupos. Tal fato influenciou alguns setores que passaram então a focar mais na produção e divulgação de suas produções.

Um exemplo disso são produtos de beleza cruelty free, denominados Green Money, assim como Black Money para caracterizar e incentivar empreendimentos de pessoas pretas, ou o famoso termo Pink Money para ilustrar o dinheiro gasto por pessoas do universo LGBTQIA+.

Para não ser iludido por marcas que se aproveitam de datas comemorativas para parecem inclusas, fique atento às demais campanhas publicitárias produzidas, se a empresa só se manifesta nos meses que possuem eventos importantes como o mês do orgulho LGTQIA+ ou Semana do Meio Ambiente.

Se informe se a empresa, além da publicidade, está focada em construir campanhas socialmente responsáveis com inclusão de pessoas na produção e distribuição do trabalho, como a empresa de cosméticos Natura. Conhecida por seus produtos naturais, também possui responsabilidade em trabalhar com os moradores, ribeirinhos ou não, de onde sua matéria-prima é retirada.

Inclusão na equipe de produção

Talvez você já deva ter visto alguma propaganda que tinha o intuito de ser algo inclusivo e acabou por repercutir negativamente na internet com frases do tipo “se tivesse alguém da comunidade específica na produção isso não teria acontecido”.

Pois bem, muitas vezes faltam, no time de criação, uma pessoa que realmente faça parte do público que a marca pretende representar. E então vem outro ponto necessário que é: tão importante quanto incluir pessoas reais na publicidade é também incluí-las nas empresas como profissionais capazes que são.

São as pessoas pretas, indígenas, gordas, deficiêntes, LGBTQIA+ e entre outras que conhecem o que representa ou não a própria comunidade, como pode ou não ser comunicado e em que linguagem será melhor entendida.

Somente seguir um manual de diversidade para saber quem e como representar não é o suficiente para promover inclusão, pois uma empresa realmente engajada na representatividade valoriza também os profissionais que refletem o público consumidor, colocando na prática o papel social que além de divulgar absorve como valor.

A diversidade no ambiente de trabalho também reforça o desenvolvimento de uma sociedade que sabe se relacionar e tratar as pessoas promovendo uma cultura de respeito às diferenças.

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