Nascer com uma limitação física já foi sinônimo de incapacidade e exclusão. Com o passar do tempo, as pessoas com deficiência de qualquer natureza construíram suas histórias, traçaram seus próprios caminhos e mostram à sociedade sua capacidade de superar limites e ultrapassar barreiras pessoais e, principalmente, sociais.
Graduada em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ingrid Godeau tem 22 anos. Aos 6, ela foi diagnosticada com Charcot-Marie-Tooth (CMT), uma doença nervosa degenerativa que afeta os nervos motores. A CMT é a neuropatia hereditária mais frequente e afeta uma em cada 2.500 pessoas.
“Eu caía muito e não tinha força para correr como as outras crianças. Depois de vários exames descobriram o que eu tinha e, assim, eu cresci com a CMT e só com 14 anos passei a usar cadeira de rodas”, afirma.
Ingrid sofreu com o preconceito que afetou, principalmente, suas relações sociais. “A CMT impactou na minha autoestima a ponto de eu não gostar de mim com nenhum tipo de roupa porque achava estranho. Aos 15 anos, por exemplo, escutei um garoto falar que gostava muito de mim mas precisava se afastar para não amar uma pessoa com deficiência”.
Hoje, Ingrid busca conversar com portadores da CMT sobre o processo de adaptação, sempre inspirando que todos vivam suas vidas sem medos e limitações. “Eu passei a me amar com quatro rodas, a me amar sem maquiagem e amar meu corpo. Demorou para acontecer, mas aconteceu. Ser cadeirante é mostrar todos os dias aos outros que não é uma cadeira que te segura. A única coisa capaz de te impedir de algo é você mesmo. Quanto mais mostrarmos que a cadeira de rodas é um acessório necessário, como um aparelho dentário, as outras pessoas começam a nos ver de verdade e não só a deficiência”, finaliza.
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