Não é novidade para ninguém que o universo cinematográfico, por trás das câmeras, é uma área do entretenimento dominada por homens. Desde os primórdios até o dia de hoje ao estudar a história do cinema nas salas de aula em cursos e universidades, somos acompanhadas por nomes como Polanski, Hitchock, Almodóvar, Fellini, Truffout, homens que fizeram e ainda fazem história. No entanto, raramente encontramos algum nome feminino na lista dos principais cineastas estudados. Afinal de contas, onde estão Alice Blache, Agnes Varda, Cléo Verberena, Adélia Sampaio, Kathryn Bigelow? E estes são apenas alguns nomes mais influentes entre as mulheres cineastas que movimentaram e ainda movimentam a história.
Alice Guy Blanche (1873-1968), por exemplo, foi uma cineasta francesa que atuou como diretora entre 1894 e 1922. Ela não só foi a primeira diretora do cinema francês como provavelmente a primeira mulher a dirigir um filme na história e uma das primeiras pessoas a ser reconhecida como diretora no mundo. A pioneira foi inovadora na utilização de cor, sons e efeitos especiais no primeiro filme narrativo da história do cinema A Fada do Repolho (1896). No entanto, mesmo com uma mulher entrando tão cedo na sétima arte, a representatividade feminina, até os dias de hoje, ainda não é relevante.
Não podemos deixar de falar sobre Agnes Varda, falecida em março de 2019. Até seus 90 anos seguiu trabalhando e influenciando de tal forma o cinema feminino que não é exagero dizer que se trata de um dos maiores nomes do cinema e da arte no mundo de hoje. Famosa por trabalhar com não-atores e cenários reais, Varda utilizava um experimentalismo estético de rara beleza e força, tratando questões fundamentais como o feminino, questões sociais e vida real com um olhar documental e experimental sobre o que é ser mulher no mundo.
E falando de mundo, não podemos deixar de falar do Brasil. Pouco se conhece sobre Cléo Verberena (1904-1972). Essa mulher incrível e pouco notada no cinema nacional foi a primeira mulher a dirigir um filme. Em 1931 ela comandou a obra O Mistério do Dominó Preto, que tem como pano de fundo o carnaval da época.
Aqui no Brasil ainda temos outro nome singular: Adélia Sampaio foi a primeira mulher negra a dirigir um filme. Amor Maldito, de 1984, conta a história de Fernanda e Sueli que vivem um tórrido romance. A relação passa por crises e Sueli acaba caindo nos braços de um mulherengo.
Outro nome que precisa ser citado é Kathryn Bigelow. Nascida em 1951, foi a primeira mulher na história da Academia do Oscar a ganhar a estatueta de melhor diretora – e por enquanto, a única. Sua obra Guerra ao Terror também lhe rendeu o prêmio de melhor filme, melhor mixagem de som, edição de som, montagem e roteiro original.
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