Sofia Lourenço; 27/09/2024 às 18:00

Turismo sustentável na Amazônia: Promovendo a preservação cultural e ambiental

Equilibrando desenvolvimento e preservação na indústria do turismo amazônico

O turismo na Amazônia tem o potencial de movimentar a economia local, proporcionar lazer e gerar novos empregos e renda em diversos setores. No entanto, quando praticado sem considerar uma série de problemas ambientais e sociais que pode causar, torna-se crucial relembrar a importância de equilibrar o desenvolvimento econômico com a conservação ambiental e a valorização das comunidades locais. 

Nesse cenário, o turismo sustentável surge como uma alternativa para buscar minimizar os impactos negativos e maximizar os benefícios para as comunidades locais, a biodiversidade e a economia regional.

Arte: Mercadizar

O que é turismo sustentável?

Turismo sustentável refere-se à prática de viagem que prioriza o bem-estar a longo prazo dos ambientes, comunidades e a economia do local visitado. Esse tipo de turismo envolve a adoção de práticas como a redução de resíduos, a conservação dos recursos naturais, o apoio às culturas locais e a promoção da responsabilidade ambiental. 

O objetivo do turismo sustentável é criar um equilíbrio entre as necessidades dos turistas, das comunidades anfitriãs e do meio ambiente, garantindo que o turismo possa continuar a prosperar sem comprometer a capacidade das futuras gerações de desfrutarem desses destinos​.

O turismo tradicional pode levar ao uso excessivo de recursos naturais, destruição de habitats, poluição e erosão cultural. Por outro lado, o turismo sustentável protege e preserva o patrimônio natural e cultural, mantendo assim o apelo do destino para futuros visitantes. Além disso, o turismo sustentável apoia as economias locais, gerando empregos e incentivando o uso de produtos e serviços locais, o que pode ajudar a diminuir a desigualdade social e melhorar a qualidade de vida dos residentes.

Ambientalmente, essa prática ajuda a conservar habitats naturais, reduzir a pegada de carbono e promover a biodiversidade. Economicamente, gera renda e oportunidades de emprego para as comunidades locais, garantindo que os benefícios financeiros do turismo sejam distribuídos de maneira mais equitativa. Socialmente, o turismo sustentável promove o respeito pelas culturas e tradições locais, melhora a qualidade de vida dos residentes e fomenta a compreensão mútua entre turistas e anfitriões. Ao focar na sustentabilidade a longo prazo, essa abordagem garante que o turismo permaneça uma atividade viável e benéfica tanto para as gerações atuais quanto para as futuras​.

Turismo de Base Comunitária

Segundo o levantamento divulgado pelo Governo do Amazonas, por meio da Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur), em 2023, o Amazonas recebeu 381 mil turistas, um aumento de 4,75% em relação ao ano anterior, que registrou 363 mil visitantes. Esse crescimento foi impulsionado por um aumento significativo de 370% no fluxo de turistas internacionais, totalizando 65 mil estrangeiros. Os principais emissores de turistas internacionais foram os Estados Unidos (24,08%), Alemanha (9,65%), Colômbia (9,59%), Espanha (6,53%), França (4%) e Inglaterra (3%). Esse aumento no turismo destaca a necessidade de práticas de turismo sustentável para minimizar o impacto ambiental e beneficiar as comunidades locais. 

Nesse contexto, o turismo de base comunitária emerge como uma solução eficaz, onde as comunidades locais gerenciam e se beneficiam diretamente das atividades turísticas, promovendo a preservação cultural e ambiental da Amazônia.

O turismo de base comunitária (TBC) é uma forma de turismo que é gerida e organizada pelas próprias comunidades locais, geralmente indígenas ou ribeirinhas, com o objetivo de promover a sustentabilidade ambiental e cultural, bem como o desenvolvimento econômico local. Este modelo de turismo valoriza o conhecimento e os costumes tradicionais, oferecendo aos turistas experiências autênticas e imersivas, enquanto gera renda para a comunidade e promove a conservação dos recursos naturais.

Kiara Julca, especialista do Serviço Nacional Peruano de Áreas Naturais Protegidas, comentou sobre a troca de conhecimentos sobre turismo sustentável de base comunitária, como uma estratégia de preservação da Amazônia.

“A estrutura proposta facilita a identificação de ferramentas, práticas e soluções aplicando-as nos diferentes empreendimentos de TBC que estamos desenvolvendo no Peru”​, apontou Kiara.

No TBC, a comunidade tem o controle sobre a gestão das atividades turísticas e a distribuição dos benefícios gerados. As práticas incluem hospedagem em casas de moradores, visitas guiadas por membros da comunidade, demonstrações culturais, e a participação em atividades cotidianas da vida local. Esse modelo de turismo não apenas proporciona uma fonte de renda adicional para as comunidades, mas também fortalece a identidade cultural e incentiva a preservação dos ecossistemas locais.

Festival de Parintins

O Festival de Parintins, realizado anualmente, atrai milhares de turistas para a Amazônia, colocando em evidência a cultura local e a biodiversidade da região. O evento não é apenas uma celebração cultural, mas também um exemplo de como eventos podem promover práticas sustentáveis. 

Este ano, a terceira edição do projeto “Recicla, Galera” superou as metas de coleta de resíduos pelo segundo ano consecutivo, destinando 9.180,48 quilos de resíduos para reciclagem durante a 57ª edição do Festival de Parintins. O projeto é uma iniciativa de reciclagem e sustentabilidade promovida pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), em parceria com o Sistema Coca-Cola Brasil e outras entidades locais.

O “Recicla, Galera” tem como objetivo principal incentivar o tratamento correto de resíduos recicláveis, promovendo um impacto ambiental positivo e gerando renda para os catadores locais. Para alcançar esses objetivos, foram instalados 41 Ecopontos em locais estratégicos da cidade, como praças, supermercados e avenidas movimentadas, facilitando o descarte adequado dos resíduos. As estruturas funcionam como Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), e estão espalhados por toda a cidade.

 

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