Com a proposta de mitigar os impactos das mudanças climáticas na região e incentivar o protagonismo das juventudes em causas sociais para a preservação da Floresta Amazônica e de seus povos, o projeto Maré Mobilizadora fortaleceu e formou 17 coletivos de jovens paraenses, alcançando 29 territórios do estado com ações on-line e off-line de conscientização da sociedade em prol de seus direitos e do meio ambiente, além da distribuição de mais de 4 mil materiais como cartazes, lambes, cartilhas e informativos por meio de uma jornada formativa que premiou em dinheiro os três grupos que mais se destacaram durante o processo.
Todas as mobilizações culminam em uma imersão presencial para desenvolver uma agenda pautada nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) para nortear políticas públicas, projetos e programas construídos por juventudes organizadas.
Concebido pela ONG Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável (COJOVEM), com o apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e The Nature Conservancy (TNC), dentro do Programa A Maré tá pras Juventudes, o projeto tem o objetivo de mobilizar as juventudes da Amazônia paraense para agirem em suas localidades, sendo estimuladas a debater e comunicar sobre pautas como mudanças climáticas, direitos fundamentais, educação midiática e cidadania, em espaços on-line e off-line, cocriando perspectivas mais resilientes e sustentáveis para os seus territórios.
Dessa forma, foram 111 jovens selecionados, passando por dez formações e diversos desafios que culminaram nos três grupos que mais pontuaram durante a jornada. O primeiro lugar foi para o coletivo Jovens pelo Futuro Xingu, do município de Altamira, recebendo R$ 7 mil; o segundo lugar foi para Coletivo Gaya, do município de Limoeiro do Ajuru, recebendo R$ 5 mil; e o terceiro lugar foi para o Cursinho Popular Marielle Franco, do município de Castanhal, recebendo R$ 3 mil.
Para Kenai, jovem ativista integrante do coletivo Jovens pelo Futuro Xingu, participar da Maré Mobilizadora foi uma vivência transformadora dentro do seu trabalho com o ativismo. “Foi uma experiência única, uma experiência de cooperação. Já participei de outros programas e grandes formações de acompanhamento, mas nada foi como o Maré nesse sentido de estar cooperando diariamente, fazendo conexões e tratando diretamente sobre o nosso território, focado nas especificidades de cada um deles.”
A ativista complementa: “O mais desafiador foi construir o dia das juventudes e o dia das Amazônias, porque exigiu uma articulação e liderança para além do escritório, do logístico, administrativo, para essa parte de engajar mesmo as pessoas, que muitas vezes não temos oportunidade de falar aqui no município [Altamira], por não existirem esses espaços. Então, a gente estar lá ajudando a construir esses espaços para as pessoas se expressarem foi muito bonito! Ver a forma como as pessoas foram impactadas pelas ações e também estar nesse papel de puxar essa onda de transformação me animou muito!”
Além das premiações em grupo, 14 juventudes que se destacaram individualmente durante a Maré Mobilizadora foram convidadas a assumirem o título de Embaixadores da Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável e a participarem da cocriação de uma agenda de mitigação dos impactos da crise climática nas juventudes do estado do Pará.
Rebujo da Maré
Após a enchente da maré, vem o “Rebujo”, a matéria que está nas profundezas dos rios, misturada, amorfa, diversa e que vem à superfície com efervescência devido ao movimento dos peixes. Essa movimentação vem da juventude unida e organizada para a construção de uma agenda de diretrizes e proposições para políticas públicas, projetos e programas que mitiguem os impactos das mudanças climáticas nas juventudes paraenses.
Com essa premissa, nasceu o Rebujo da Maré, um projeto de pesquisa e levantamento de informações sobre o cenário de políticas públicas e demais oportunidades para participação cidadã das juventudes no estado do Pará, objetivando a construção de uma agenda sociopolítica propositiva das juventudes para materializar a mudança que querem ver nos seus territórios.
“A gente colheu muitos resultados positivos a partir das formações e ações propostas no Maré Mobilizadora. Com o advento da covid-19, somado a todo o processo de ausências de oportunidades para as juventudes, muitos jovens ficaram inertes e desacreditados das possibilidades de mudança de suas realidades. Percebemos também que as formações foram muito importantes para conscientizá-los acerca do cenário de vulnerabilidade socioambiental no qual nós, povos da Amazônia paraense, estamos, e, consequentemente, isso também foi superimportante pra gente ecoar nossas narrativas em espaços que muitas vezes as desvirtuam. Esses resultados desaguam no Rebujo, onde, através de metodologias participativas, iremos cocriar uma agenda com diretrizes para políticas públicas, projetos, programas e editais que busquem mitigar as vulnerabilidades sociais, econômicas, culturais e ambientais nas juventudes paraenses”, afirma Karla Giovanna Braga, coordenadora de Projetos e Sustentabilidade da COJOVEM.
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