O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista Dom Phillips estão desaparecidos desde o último domingo, 5, quando navegavam pela terra indígena no Vale do Javari, interior do Amazonas. Por meio de denúncias anônimas relacionadas ao desaparecimento de ambos, o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como “Pelado”, foi preso no município de Atalaia do Norte (AM), mas por porte de munição de uso restrito.
De acordo com informações divulgadas pelo G1 nesta quinta-feira, 9, a lancha que Amarildo usava foi apreendida e passou por perícia, que constatou vestígios de sangue na embarcação. O material encontrado foi enviado para análise em Manaus, que especificará se trata-se de sangue humano ou animal. Com isso, sua prisão preventiva foi requerida.
Em entrevista à Agência Amazônia Real, uma testemunha revelou que na manhã de sábado, 4, Pelado e mais dois pescadores ameaçaram com armas Bruno Pereira, Dom Phillips e toda a equipe de Vigilância Indígena da Univaja (EVU), com quem eles viajavam. O jornalista, que colabora com o jornal britânico The Guardian, registrou em imagens a ação.
Em entrevista à Amazônia Real, a testemunha informou que no dia anterior ao desaparecimento de Bruno e Dom, Pelado e seu grupo invadiram a área demarcada e, quando Bruno se aproximou, foi ameaçado com espingardas. Dom Phillips, que estava elaborando uma reportagem sobre o trabalho dos indígenas na região, documentou a cena com fotos, vídeos e anotações. Após o ocorrido, o objetivo de Bruno era levar essas informações à Polícia Federal na segunda-feira, 6.
Durante uma coletiva da Polícia Federal, reportada pela matéria da Agência Amazônia Real, o superintendente Eduardo Alexandre levantou a possibilidade do narcotráfico estar relacionado ao desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips. Isso porque, segundo apuração da agência jornalística, o narcotráfico usa rotas dentro e fora da terra indígenas para escoar em embarcações carregamentos de drogas produzidas no Peru e na Colômbia. Inúmeras reportagens nacionais já exibiram como a ilegalidade em terras indígenas é normalizada na região da Amazônia, onde as atividades do tráfico de drogas, garimpo ilegal e roubo de madeira ocorrem à luz do dia.
As buscas por Dom Phillips e Bruno Pereira estão sendo feitas por Exército, Marinha, Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) e Polícia Federal.
Ao todo, a equipe de buscas conta com cerca de 250 homens, com militares especialistas em operações em ambiente de selva que conhecem o terreno onde acontecem as buscas. Duas aeronaves, três drones e 20 viaturas foram deslocadas para prestar apoio às investigações.
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