Thaís Andrade; 04/12/2023 às 14:50

Sioduhi, indígena Piratapuya, é considerado a Personalidade de Moda em 2023 pelo Prêmio Fashion Futures

Sioduhi Studio expressa orgulho da origem indígena e a resistência das populações amazônidas e originárias

O Sioduhi Studio, fundada em 2020, no ápice da pandemia, por Sioduhi, indígena do povo Piratapuya do Alto Rio Negro, Amazonas foi o vencedor da categoria “Personalidade da Moda” da segunda edição do prêmio Fashion Future. Dentre 382 inscrições de todo Brasil que submeteram mais de 750 aplicações nas diferentes categorias, foram selecionadas seis iniciativas e uma personalidade do ano que receberam reconhecimento e, em algumas categorias, apoio para o desenvolvimento de sua atuação com incentivo financeiro.

Imagem: Divulgação

A Sioduhi Studio expressa o orgulho da origem indígena e a resistência das populações amazônidas e originárias. Esta energia circula e abraça indígenas e não indígenas que vivem nesta casa comum. Têm como referência o futurismo indígena e amazônico, vem estabelecendo uma nova conexão a valores e territorialidades ancestrais – que refletem o tempo-espaço, o passado, o presente e o futuro, simultaneamente.

“Nesta segunda edição do Fashion Futures, tivemos como objetivo reconhecer, reunir e mobilizar os atores-chave da indústria que com seus projetos e ações pensam em soluções para os impactos socioambientais negativos sob a perspectiva da moda do amanhã. Os esforços e iniciativas de quem produz uma moda mais justa, diversa e democrática precisam ser destacados e premiados e acredito que conseguimos cumprir a nossa meta quando colocamos todos os olhares sobre os finalistas e vencedores do prêmio”, diz Gustavo Narciso, gerente executivo do Instituto C&A.

Outras categorias

Na categoria “Projetos Sociais advocacy e políticas públicas”, o projeto Coletivo Tem Sentimento foi ganhador de R$ 50 mil. A ONG que atua no território da cracolândia em São Paulo, oferece gestão de risco, assistência psicossocial e tem um programa de corte e costura, com vendas das peças, que nasceu e foi estruturado em parceria com o Instituto C&A e ganhou tração nos últimos anos, atendendo mulheres cis e trans da região.

Em “Desfile ou Fashion Film”, dois projetos foram vencedores para ganharem além do reconhecimento, um prêmio de R$20 mil para uma produção em conjunto. Um dos escolhidos foi a marca Apartamento 03, fundada pelo Luiz Claudio, preza pelo toque de seus tecidos, texturas e contato físico, recentemente foi prestigiada por desenvolver uma coleção toda em só tom de azul que possuem origens africanas do pigmento waji. Matheus Cardoso foi o segundo vencedor, ganhador do Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, em projetos que marcam presença com os ateliês de alfaiataria junto do universo criativo.

A marca Trucss, fundada por Silvana Bento, foi a ganhadora da categoria “Marca para inclusão e redução de desigualdades”. A fundadora deixou o trabalho em hospitais de São Paulo para criar a marca que desenvolve calcinhas para mulheres trans. A marca luta para que pessoas trans sejam incluídas de fato, considerando todas as exclusões que passam ao longo da vida, para que não sofram com os preconceitos da sociedade.

Em “Novos materiais, inovação e combate a mudanças climáticas”, o vencedor foi o MABE Bio, centro de Inovação Têxtil que combina tecnologia e natureza para criar novos materiais e acabamentos a partir de plantas. A marca impacta a moda fornecendo não apenas produtos com baixo impacto ambiental, mas também construindo uma cadeia de valor que seja limpa, regenerativa e que respeite as pessoas e o planeta.

A Manui Brasil foi a vencedora na categoria “Marca com impacto ambiental positivo”. A slow fashion, adepta à moda consciente e produções sustentáveis, produz peças versáteis, atemporais e únicas. Cada peça é produzida através de tingimento natural e estampadas manualmente. Já a Florent, primeiro ateliê lixo zero no Brasil, com foco especial em solucionar o problema do resíduo têxtil foi a vencedora da categoria “Economia circular”.

Banca de avaliação 

O Fashion Futures contou com uma banca de avaliação formada por um time renomado que atua no universo da moda: Fernanda Simon, da Fashion Revolution; Gustavo Narciso, diretor executivo do IC&A; a revista ELLE, Camila Zelegolo, da Abit; Kamila Merle, do SEBRAE, João Souza, diretor Comercial e de Produtos do Feminino da C&A; Cyntia Kasai, gerente-sênior de ASG da C&A e Edmundo Lima, da ABVTEX.

 

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