O projeto “Aglomeração Literária: Palavrartes em Move-Mente” está realizando oficinas de criação de poemas e contação de histórias em cinco municípios do Amazonas: Manaus, Iranduba, Novo Airão, Rio Preto da Eva e Coari.

Idealizado pela atriz e arte-educadora Jackeline Monteiro, as atividades, que acontecem entre julho e setembro, são gratuitas e têm o objetivo de fortalecer a expressão artística, a escuta sensível e a valorização das narrativas biográficas no contexto amazônico.
O projeto compreende a literatura como invenção territorial, social e cultural, capaz de transformar histórias e reescrever futuros por meio de trocas afetivas, espaços de cura e acolhimento.
Cerca de dezoito artistas das áreas de literatura, teatro, educação, pedagogia, música, além de produtores culturais locais e monitores aprendizes, participam da produção e execução das oficinas.
Jackeline Monteiro relata que a ideia do projeto surgiu durante a pandemia, quando a literatura se tornou uma companhia íntima e instrumento de introspecção.
“Desde lá, não parei mais de escrever”, conta. O projeto ganhou forma a partir de uma experiência na educação inclusiva para dependentes químicos, possibilitando a expansão das oficinas para públicos diversos.
Primeiros municípios da ‘Aglomeração Literária’
As primeiras oficinas ocorreram no Lar Terapêutico Ágape, em Iranduba, e no Centro de Reabilitação em Dependência Química Ismael Abdel Aziz (CRDQ), em Rio Preto da Eva.
Com a participação de arte-educadores, poetas, atrizes e escritores, as atividades exploraram a contação de histórias e a expressão poética como ferramentas de escuta ativa, ressignificação e cura.
O arte-educador Vitor Lima explica que a metodologia valoriza o corpo, o som, o silêncio e a poesia como matéria para narrar a vida, reforçando o papel da arte como meio de transformação humana.
Já o poeta Deihvisom Caelum destaca o método “Psicoesia”, que estimula a mente dos participantes a se movimentar em direção à criação artística, respeitando os perfis individuais.

Participações especiais e inspiração literária
A escritora e comunicadora Aritana Tibira ressalta o impacto da literatura quando ela emerge de lugares marginalizados, ampliando vozes e identidades.
A atriz Neuriza Figueira compartilha a emoção das oficinas, que reavivaram memórias e afetos por meio das lendas amazônicas, como a Vitória Régia e a cobra Honorato.
Entre as inspirações para as oficinas está o livro “Introspecção: Da natureza à arte ancestral”, da própria Jackeline Monteiro, que aborda a conexão com a ancestralidade e a resistência social, especialmente das mulheres negras e afro-indígenas. Também são referências autores como Ailton Krenak e Conceição Evaristo.
O projeto também incorpora a “poesia slam”, que valoriza a voz e o corpo do poeta para abordar temas sociais e políticos, funcionando como expressão de resistência e empoderamento.
Segundo Jackeline, a oficina é um bordado entre palavra, corpo e poesia, um gesto político e poético capaz de ser lugar de cura e memória inventiva.
O músico e pesquisador Stivisson Menezes acrescenta que a oficina de experimentação poética em “corpo-sonoridade” promove reflexões sobre ritmicidade, som e palavra, fortalecendo a relação entre arte, educação e transformação social.
Próximas etapas e programação
As oficinas do “Aglomeração Literária” seguem ao longo do mês de agosto no Centro Espírita Casa do Caminho, no bairro Nova Cidade, em Manaus, com atividades aos sábados a partir das 14h, até o dia 7 de setembro.
Em setembro, o projeto continua no município de Coari, entre os dias 3 e 5. Para outubro, está previsto o Encontro de Contação de Histórias, a ser realizado no dia 26, na Escola de Artes e Turismo da UEA, na Praça 14 de Janeiro, em Manaus.
No município de Novo Airão, as oficinas ocorrerão nos dias 15 (14h às 17h) e 16 de agosto (9h às 12h) na Fundação Almerinda Malaquias. No dia 16, o Parque Pinheiral receberá o sarau de encerramento das atividades locais, com acesso livre e gratuito.

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