O Coletivo Tarântula estreia no próximo dia 12 de setembro, no CAIA – Centro de Artes Integradas da Amazônia, o espetáculo Poço dos Desejos.
A montagem inédita é baseada no texto homônimo de Lenine Charles, vencedor do Concurso de Dramaturgia do XVIII Festival de Teatro da Amazônia (FTA) em 2024.
No palco, Lenine e a atriz Duca Vieira, ambas travestis, compartilham suas histórias de amor, dores e sonhos, expondo a negligência histórica do direito ao afeto para mulheres trans e travestis.
A peça transforma essa ausência em uma denúncia poética e artística. A entrada é gratuita e a classificação indicativa é 16 anos.
Direção e produção

Além de atuar, Lenine Charles assina a direção e dramaturgia do espetáculo, enquanto Duca Vieira atua na assistência de direção.
A produção executiva é realizada pela Esquina Produções Culturais, e o projeto foi contemplado pelo edital Aldir Blanc 2024.
Para Lenine, a peça é um espaço de resistência e visibilidade.
“Por dezesseis anos seguidos, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. O afeto não é apenas um desejo: é um recurso de sobrevivência. Negligenciar essas carências também é uma forma de violência”, afirma a artista.
Afeto como resistência
Poço dos Desejos nasceu da experiência histórica de hostilidade às mulheres trans, colocadas como “sujeitos essencialmente indignos de afeto”.
Lenine explica que escreveu o texto de forma instintiva, guiada pela necessidade de se expressar e pelo desejo de ser compreendida.
“O maior triunfo foi justamente criar um espaço de trocas. Trabalhar com Duca Vieira me ajudou a perceber a importância deste trabalho no contexto social, artístico e emocional. Nem sempre o teatro se propõe a ser um espaço de cura, mas ele pode funcionar como um lembrete de que ainda somos humanos”, destaca.

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