O Baobá – Fundo para Equidade Racial, em parceria com a Johnson & Johnson, encerra as atividades do Projeto Saúde Mental Quilombola: Direitos, Resistência e Resiliência, que levou atendimento e ensinamentos básicos sobre saúde a 14 comunidades quilombolas do estado do Pará. Os resultados serão apresentados em um minidocumentário que integra o projeto e será lançado nesta quinta-feira, 26, às 19h, na comunidade França, na cidade de Oeiras do Pará. O minidocumentário também será exibido em 27 de outubro na sede da Comunidade de Araquembaua e em Igarapé Preto no dia 28 de outubro, dentro da sede da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombo de Igarapé Preto e Baixinha (ARQIB).
O audiovisual idealizado pelo Baobá, e registrado pela Negritar Produções, traz reflexões dos quilombolas no que diz respeito a um resgate de autoconhecimento, empoderamento e identidade racial presente nos afrodescendentes que habitam a região, além de destacar o quanto o racismo estrutural e as diversas violências oriundas do Estado Brasileiro impactam na saúde mental dos quilombolas. Ao todo foram aproximadamente 30 pessoas envolvidas no minidocumentário, entre lideranças da Coordenação Estadual das Associações de Comunidades Remanescentes de Quilombo (Malungu/Estado do Pará) e Associação das Comunidades Remanescente de Quilombo de Igarapé Preto a Baixinha (ARQIB), bem como uma equipe de profissionais da área da saúde como psicólogos e enfermeiros, que trabalharam para amenizar os danos causados a partir dos processos históricos de opressão e desigualdades ali vivenciados.
Atualmente, segundo o IBGE 2022, a população quilombola corresponde a 1,3 milhão de pessoas, o que equivale a 0,65% do total de habitantes do país, e habitam em aproximadamente 1.696 municípios brasileiros, ainda que em territórios não oficialmente delimitados. Somente no Pará, concentram-se 135.033 quilombolas.
Para a psicóloga Bianca Tsubaki, que deu assistência no projeto, a presença de diversos profissionais da psicologia trouxe vários impactos positivos, como mobilização da própria comunidade em buscar essa ajuda e a desmistificação do cuidado com a saúde mental, tradicionalmente vista como algo desnecessário e fútil, principalmente após o contexto cruel da pandemia de Covid-19. Bianca acredita que não é só um diagnóstico e sim um tratamento muito mais amplo para o bem viver desses quilombolas.
Segundo Fernanda Lopes, Diretora de Programa do Baobá – Fundo para Equidade Racial e doutora em Saúde Pública pela USP, o Projeto tinha como um dos principais objetivos fortalecer as lideranças comunitárias, devido à situação de isolamento e ao contexto conflituoso que é a luta atual pelos direitos quilombolas. Entender como essas populações se concentram e se localizam foi importante para o Baobá, em conjunto com as demais organizações do Projeto, formar uma equipe multidisciplinar de profissionais para atuar nesses espaços, gerando o mínimo de assistência no que se refere à saúde mental, visto que a reivindicação de políticas públicas para esses ambientes, ainda que urgente, é negligenciada.
Ao todo, o projeto alcançou aproximadamente outras 685 pessoas em 14 comunidades, com um total de mais de 60 atividades realizadas pelas equipes técnicas, além da produção do minidocumentário.
O Baobá – Fundo para Equidade Racial é o primeiro fundo patrimonial dedicado, de forma exclusiva, à promoção da equidade racial para a população negra no Brasil. Criado em 2011, o Baobá mobiliza pessoas e recursos, no Brasil e no exterior, para apoiar projetos, iniciativas e ações de enfrentamento ao racismo, promoção da justiça social e da equidade racial para a população negra. Até agosto de 2023 o Baobá já havia lançado 20 editais e apoiado 893 iniciativas que tiveram impacto em mais de 800 mil pessoas.
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