Hilana Rodrigues; 20/03/2021 às 12:16

#MercadizarIndica: poesia e representatividade são abordadas nas músicas de Mulamba

O grupo procura representar a realidade de mulheres muitas vezes silenciadas que encontram na música a força para gritar por ajuda e medidas cabíveis.

Empoderamento feminino, relacionamentos afetivos, combate à violência doméstica e machismo são alguns dos temas que envolvem as músicas da banda Mulamba. Quase como uma palavra cantada em confissão de experiência, é fácil se prender e identificar nas letras que narram a experiência de ser mulher, bem como as questões sociopolíticas que as cercam.

Formado em 2015, na cidade de Curitiba, o grupo de seis mulheres começou como um tributo à cantora Cássia Eller, organizado pela vocalista Amanda Pacífico e a baixista da banda Orquestra Friorenta, Naíra Debértolis. Mais tarde o grupo ganhou a presença de Cacau de Sá, também vocalista, Érica Silva, guitarrista, a violoncelista Fer Koppe e Caro Pisco, baterista, que se conheciam de outros projetos musicais. Já o nome do grupo vem o intuito de proporcionar mudanças. O termo ‘mulamba’ que no dicionário caracteriza uma ‘pessoa desleixada, feia, desarrumada’ é ressignificado para demonstrar força e protagonismo.

Você até pode pensar que é só mais uma banda de mulheres que fala sobre o feminismo, mas ao escutar as músicas lhe garanto surpresa. Pode ser observado nas melodias elementos de MPB, hard rock, funk carioca e até música erudita, uma mistura muito bem harmoniosa onde as integrantes dizem carregarem influências do carimbó, rock clássico, blues e rap.

Mesmo com poucos anos de banda, o grupo já carrega uma grande bagagem voltada ao ativismo. Podendo ser percebido em sua participação em ‘Escuta as Minas’ campanha organizada pelo Spotify com o intuito de dar mais visibilidade à mulheres da música brasileira, reunindo-as com outras mulheres de destaque como Elza Soares, Maiara & Maraisa, Tiê e Mart’nália. O grupo também carrega participações de outras artistas em suas músicas e clipes, entre a mais popular temos  a vocalista Ju Strassacapa, da banda Francisco, el Hombre, na versão da canção “P.U.T.A.” que narra a revolta de um estupro e as vítimas que são sileciadas:

Ouviu-se um grito agudo engolido no centro da cidade

E na periferia? Quantas? Quem?”

Algumas letras de Mulamba podem ser percebidas como um verdadeiro “dedo na ferida” causando até um mal estar a quem escuta. O grupo procura representar a realidade de mulheres muitas vezes silenciadas, mas que encontram na música retratada a força para gritar por ajuda e medidas cabíveis.

Além dos diversos elementos musicais já citados, a banda também possui canções que tratam sobre assuntos leves, dançantes e felizes como a música ‘provável canção de amor para estimada Natália’, feita para demonstrar a amizade sentida por uma ex-integrante do grupo.

Em suas músicas e vídeos o sexteto traz um quê místico na forma como retratam acolhimento e proximidade. Nas canções sobre relacionamento afetivo, as palavras proporcionam aos ouvintes a versatilidade de dedicá-las desde para um namoro, para uma amiga ou para um familiar. Os clipes mostram a delicadeza e a força de cada significado presente nas músicas.

O álbum e singles de Mulamba estão disponíveis no Youtube e Spotify, e contabilizam mais de 50 mil ouvintes mensais no streaming musical.

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