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#MercadizarIndica: Apesar de críticas, ‘Hunters’ nos lembra porque o nazismo não deve ser esquecido

Ao melhor estilo Tarantino, a primeira cena de Hunters impressiona. A produção, mais uma original da Amazon Prime Video, traz ao centro do debate um tema muito abordado no cinema e na televisão: o nazismo.

Dentre os diversos títulos que servem como conscientização sobre um dos períodos mais obscuros da história mundial, aulas de história ou até mesmo reparação histórica, com um maior foco na tortura, como Bastardos Inglórios, o embate entre dois questionamentos é sempre retratado e pode fazer muitas pessoas refletirem melhor sobre o assunto: seria “certo” vingar a violência com mais violência? Milhões de pessoas, entre judeus, negros ciganos e LGBTs, morreram no Holocausto das formas mais cruéis possíveis. Logo pensamos que quem fez parte disso deve ter uma punição no mesmo nível, não somente na cadeia, mas com a tortura por igual ou, ainda, a morte. Essa é uma das premissas da série.

Lançada oficialmente em fevereiro deste ano, a produção é estrelada por Al Pacino e Logan Lerman, e acompanha um grupo de caçadores de nazistas na Nova York de 1977. Ao longo da narrativa, descobrimos que existem vários oficiais nazistas infiltrados nos Estados Unidos – principalmente no governo – conspirando para criar um Quarto Reich. Esses vigilantes decidem se unir para caçar os nazistas e, assim, iniciam uma jornada para interromper o plano genocida.

Al Pacino e Logan Lerman (Foto: Reprodução/Internet)

Toda história começa quando Jonah Heidelbaum, interpretado por Logan Lerman, vê Ruth (Jeannie Berlin), sua avó e sobrevivente do Holocausto, ser assassinada. Não demora muito para ele descobrir que ela foi vítima de nazistas e que também estava envolvida na vingança. Na verdade, era ela quem realmente comandava o grupo ao lado de Meyer Offerman (Al Pacino).

Passada nos anos 1970, a série traz de forma irreverente – e às vezes até divertida – todas as referências da época e da cultura nova-iorquina. A equipe de caçadores de nazistas é formada por alguns personagens bem caricatos, trazendo todos os estereótipos setentistas. Além disso, a série não deixa de abordar ainda questões sociais, como o crescimento do movimento negro, o preconceito e a violência policial.

(Foto: Reprodução/Internet)

Antes de conduzir os assassinatos dos nazistas, o grupo faz questão de analisar todo o seu passado para ter certeza de que são realmente eles e que são culpados de todos os crimes que cometeram. Tudo isso é exibido em forma de história até o momento da vingança, sempre com um paralelo da história de Meyer e Ruth, como eles se conheceram nos campos de concentração e o relacionamento que desenvolveram. 

Muitas vezes, a caçada contra os nazistas acaba se separando um pouco da questão histórica e dos maus princípios, entrando também numa questão relacionada a distúrbios psicológicos, como a psicopatia, que claramente vemos em um dos personagens de mais destaque do lado dos vilões, liderados pela Coronel. Em especial, o destaque é o norte-americano chamado Travis Leich (Greg Austin), simpatizante do nazismo e que ganhou papéis de destaque na missão do Quarto Reich. Ele não tem pena e nem mede esforços para matar e se sentir poderoso. 

Com uma produção quase perfeita e uma fotografia impecável, a série é composta por bastante ficção, mas passa por alguns momentos e figuras históricas que realmente existiram durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar disso, não é como um documentário que ensina ao público, mas sim propõe aos telespectadores que se aprofundem em alguns eventos e grupos históricos que foram reais e inspiraram a trama.

Falando nisso, segundo reportagem do Canaltech, Hunters se inspirou em diversos grupos de caçadores de nazistas que realmente surgiram depois da Segunda Guerra Mundial, como o Nakam, formado por sobreviventes do Holocausto e que buscou vingança pelos seis milhões de judeus torturados e mortos pelo nazismo.

Há ainda um rumor de que a série pode ter se inspirado em Simon Wiesenthal, sobrevivente do holocausto que, de forma não-violenta, foi atrás de criminosos de guerra afim de levá-los ao tribunal. No entanto, o Simon Wiesenthal Center, organização internacional de direitos humanos com sede em Los Angeles, na Califórnia, nega qualquer tipo de conexão com a produção. 

David Weil, inclusive, é judeu e descendente de sobreviventes do Holocausto, o que faz com que a série esteja estreitamente relacionada ao seu passado. Durante entrevistas, ele contou que grande parte de sua inspiração veio de ouvir histórias sobre o Holocausto de sua avó, uma sobrevivente. Para ele, ouvir tudo aquilo dava a mesma sensação de ler quadrinhos ou assistir a super-heróis. “Qual seria a minha responsabilidade, agora, além de continuar a história dela?”. Ele ainda completou dizendo que os verdadeiros caçadores de nazistas, que surgiram naquela época, escaparam da punição depois da Segunda Guerra Mundial e que centenas desses nazistas se mudaram para os Estados Unidos para se esconder. Mesmo sabendo que, de fato, existiam caçadores de nazistas, não há o registro de nenhuma operação violenta parecida na época.

Críticas

Apesar de ter sido uma das séries mais esperadas da plataforma, principalmente pela participação de Al Pacino, a produção não agradou a todos. Criada por David Weil e produzida por Jordan Peele, a série recebeu muitas opiniões controvérsias da crítica, alcançado apenas 65% de aprovação no Rotten Tomatoes.

A CNN questionou sobre o objetivo da série: “Hunters tem uma premissa tão atraente que supera seus problemas de execução, pelo menos por um tempo”. Já o The Verge foi um pouco mais incisivo na avaliação negativa: “Boa em matar nazistas, ruim em quase todo o resto”. Além disso, o site falou sobre a premissa da produção e criticou o caráter conflitante dos objetivos.

Além de críticas a produção em si e ao roteiro, outro ponto foi questionado: a representação do Holocausto. Críticos afirmam que a série incentiva o negacionismo ao inventar atrocidades ficcionais relacionadas ao período – uma referência específica a uma cena em que prisioneiros do campo de Auschwitz são forçados a matar uns aos outros em um jogo de xadrez humano.

“Auschwitz foi repleto de terríveis dores e sofrimento humano, documentados nos relatos de sobreviventes. Inventar um falso jogo de xadrez humano para Hunters não é só uma bobagem perigosa e uma caricatura. É algo que incentiva futuros negacionistas. Nós honramos as vítimas ao preservar a precisão factual”, escreveu no Twitter a organização Auschwitz Memorial, que preserva o antigo campo de concentração na forma de espaço histórico.

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