Matheus Menezes; 13/08/2025 às 14:32

Instituto Alok e artistas indígenas lançam a Coleção Som Nativo, projeto em destaque para a preservação da língua originária e sua riqueza cultural

Conexão com as línguas indígenas: A coleção é composta por músicas de diferentes etnias e foi lançada como celebração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas (9)

Foto: Pacto Global da ONU no Brasil / Divulgação

A Coleção Som Nativo, composta por sete álbuns inéditos de diferentes etnias, é contribuição do Instituto Alok à Década Internacional das Línguas Indígenas (2020-2030) em cooperação com a Unesco visto que, devido à ameaça de extinção dessas línguas, a música é uma ferramenta que incentiva a preservação e transpassa o seu significado para diferentes gerações. O projeto foi apresentado por Alok e pelo músico Mapu Huni Kuin, em uma visita à Unesco, em Paris. 

“A Coleção Som Nativo é uma expressão importante da força das culturas indígenas e da potência da música como instrumento de preservação linguística, memória ancestral e diálogo com o mundo. A Unesco se orgulha de caminhar ao lado do Instituto Alok nessa iniciativa, que contribui de forma concreta para a Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), ao mesmo tempo em que reforça o nosso compromisso com a diversidade cultural, com os direitos dos povos originários e com a construção de um futuro mais justo, igualitário e sustentável para todos”, pontua Marlova Jovchelovitch Noleto Diretora e Representante da Unesco.

Os álbuns foram lançados no Dia Internacional dos Povos Indígenas (9) e estão disponíveis em todas as plataformas digitais. Em um trabalho conjunto, o instituto do artista brasileiro e a Unesco dividem o propósito de explorar as possibilidades para construir um acervo diversificado e representativo, com sonoridades vindas dos povos originários de diversos continentes. 

“Minha intenção era que a gravação fosse a mais fiel possível à experiência original, desde os cantos que ecoam até o som dos pés marcando o ritmo no chão. O resultado é um registro que, ao fechar os olhos, faz você se sentir dentro da aldeia”, afirma Jones, produtor musical.

Confira os novos álbuns da Coleção Som Nativo e outros detalhes, clicando AQUI

Foto: Divulgação

As gravações mantêm os arranjos autorais, ou seja, não sofrem alterações criativas de Alok, incentivando a originalidade musical e a preservação das culturas originárias.

“Não participo como produtor musical nesses álbuns, são para o público desfrutar das tonalidades originais desses artistas incríveis. Meu desejo é que possamos gravar novos álbuns no futuro. Há uma fabulosa riqueza musical entre as centenas de etnias indígenas que habitam o Brasil”, diz Alok.

A maioria das faixas foi gravada em idioma nativo. As letras entoadas pelos Guaranis Kaiowás (MS), Kariri Xocós (AL), Huni Kuins (AC), Yawanawas (AC), Guaranis Mbyás (SP), Kaingangs e Guaranis Nhandewas (PR) constroem um mapa sonoro e geográfico brasileiro que alerta o mundo sobre a conexão com a natureza, o cotidiano nas aldeias e séculos de resiliência cultural.

 “Na nossa cultura, os mais sábios ensinam as novas gerações. Os cânticos sagrados que tocam a alma das pessoas, falam da importância do respeito à natureza e ao meio ambiente”, diz Everton Lourenço da etnia Guarani Nhandewa.

“Recebemos do criador o dom de cantar alto, assim como as onças e os pássaros. Nós povos amazônicos não temos escrita, então as músicas gravadas nesse álbum vem assegurar a continuidade de nossos conhecimentos e valorizar nossas tradições”, fala do líder indígena Tashka Yawanawa.

Foto: Divulgação

No site do Instituto Alok, também estão disponíveis as letras com tradução em português, inglês e espanhol, permitindo que as mensagens milenares possam ser compreendidas e sentidas por pessoas de todo o mundo. Além disso, o lançamento insere novos artistas indígenas na indústria fonográfica e potencializa as suas artes, transmitidas pela força da ancestralidade e conectadas pelas transformações do contemporâneo.

“Desde 1500, com a chegada dos portugueses, há um preconceito enorme contra a gente, com os povos indígenas. Falam que o indígena quando usa o rap, perdeu a sua cultura. E, quando a gente mostra a nossa cultura, falam que o indígena é selvagem. Mas a gente vai continuar seguindo, mostrando nossa cultura, nossa arte e nossa tecnologia, que também é cultura”, OWERÁ, da etnia Guarani Mbyá.

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