A guitarrada é, oficialmente, uma manifestação da cultura nacional. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto que reconhece o gênero paraense como expressão cultural brasileira na última sexta-feira (29).
O ritmo, nascido em Barcarena, a 15 quilômetros de Belém, foi criado por Mestre Vieira e tornou-se símbolo da identidade cultural do Pará, agora elevado ao status de patrimônio do Brasil.
Para o ministro do Turismo, Celso Sabino, o reconhecimento tem importância especial.
“A guitarrada carrega a alma do povo paraense e agora ganha o devido reconhecimento como patrimônio da cultura brasileira. É motivo de orgulho para o nosso estado e reforça o papel da Amazônia como berço de tradições únicas que encantam o Brasil e o mundo”, destacou.
A sonoridade da guitarrada resulta da fusão de diferentes ritmos, como choro, carimbó, merengue, cúmbia, mambo, bolero, jovem guarda e brega.
Seu instrumento central é a guitarra elétrica, em papel solista, o que lhe rendeu também a alcunha de “lambada instrumental”.
As origens da guitarrada

O marco inicial do gênero foi o lançamento do disco Lambadas das Quebradas, em 1978, de Mestre Vieira.
O trabalho foi pioneiro ao trazer temas instrumentais para guitarra que valorizavam tanto ritmos amazônicos quanto influências caribenhas.
Na década seguinte, nomes como Mestre Curica e Aldo Sena consolidaram a cena, influenciando toda uma geração.
Já em 2003, o álbum Mestres da Guitarrada, idealizado pelo guitarrista Pio Lobato e lançado pela Funtelpa, ajudou a projetar o estilo em todo o Brasil.
Além de Vieira, outros músicos também se tornaram referência dentro do gênero, como Mário Gonçalves (irmão de Pinduca), Solano, João Gonçalves, Oséas (do grupo Lambaly), Magalhães, André Amazonas, Barata (irmão do tecladista Manoel Cordeiro), Didi (músico de estúdio do selo Gravasom nos anos 1980) e Marinho, conhecido como “guitarra de ouro”.
Considerados a primeira geração da lambada instrumental entre os anos 1970 e 1990, esses artistas pavimentaram o caminho para novas experimentações e para o reconhecimento conquistado agora, que consagra a guitarrada como um gênero genuinamente paraense e brasileiro.

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