O Grupo Jurubebas de Teatro, de Manaus (AM), foi um dos vencedores do 23º Anual Prêmio Cenym de Teatro Nacional, promovido pela Academia de Artes no Teatro do Brasil (ATEB), uma das premiações de teatro mais importantes do País. A companhia amazonense venceu na categoria “Melhor Grupo de Teatro”, pelo trabalho com o espetáculo “Tucumã e Buriti – As Brocadas do Tarumã-Açu”. O resultado foi anunciado no fim de novembro.
O Prêmio Cenym é um dos primeiros do Brasil a dar visibilidade às produções teatrais fora do eixo RJ-SP. Ele é realizado pela Academia de Artes no Teatro do Brasil, com sede em Aracaju e realiza votação entre os membros da academia. É conhecido como o “Oscar” do teatro brasileiro.
O diretor do grupo, Felipe Maya Jatobá, explica que todos os anos existe um processo de seleção de espetáculos que passa por três etapas: a primeira é a inscrição do espetáculo, em qualquer lugar do território nacional, que tenha estreado em 2024.
“A segunda etapa é a votação entre os membros da academia que votam nos espetáculos e os mais votados entram na lista final de indicado; e por último, após o anúncio dos indicados, os votantes novamente votam nas categorias e escolhem o vencedor. Ao todo, são 23 categorias distribuídas ao longo da premiação”, pontua ele.
Ainda segundo Felipe, o grupo recebe o prêmio com o sentimento de orgulho por ser um grupo do Norte do País, principalmente por conta das dificuldades do custo teatral amazônico e as questões que, muitas vezes, impedem que os projetos do Norte cheguem a outras regiões do Brasil.
“O Grupo Jurubebas sempre fez um grande esforço para circular de Norte a Sul em festivais. O Prêmio Cenym chega para reconhecer esse esforço e abrir portas para outros grupos da Amazônia que precisam desses espaços”, coloca o diretor do grupo.
A obra e seus desafios
O espetáculo “Tucumã e Buriti – As Brocadas do Tarumã-Açu” narra a história de duas irmãs siamesas, oriundas da comunidade ribeirinha de Julião, que enfrentam desejos opostos em busca de seus destinos. Com o rio Tarumã como cenário, a trama reflete as narrativas históricas e o imaginário popular da comunidade, uma missão que coube ao dramaturgo Euler Lopes, responsável por vivenciar a localidade e traduzir em palavras as histórias e simbologias dos moradores. O Grupo Jurubebas trabalhou em parceria com a comunidade, realizando apresentações prévias em Julião para garantir que a obra respeitasse suas vivências e tradições.
O espetáculo conquistou o prestigiado Troféu Cenym, reconhecimento máximo da Academia de Artes no Teatro do Brasil, que celebra há 23 anos as melhores produções teatrais do país. Além da honraria, o prêmio reflete o esforço do grupo em criar uma obra que não apenas celebra a cultura local, mas também promove uma troca genuína entre arte e comunidade, levando a história de Julião para novos palcos com respeito e autenticidade.
Projetos
Para o futuro, a companhia possui vários projetos na manga. O Grupo Jurubebas prepara uma agenda intensa para 2025, com projetos que reforçam seu compromisso com a arte e a cultura amazônica. Em janeiro, estreia o espetáculo infantil “Vila dos Vagalumes”, protagonizado por Robert Moura, Henrique Dias e Henrique Campelo, que traz uma mensagem de preservação ambiental em uma obra marcada pela fisicalidade. Além disso, o grupo desenvolve seu primeiro espetáculo musicado, fruto da pesquisa sobre o ritmo afro-amazônico Gambá de Borba, explorando histórias da comunidade Acará e do rio Madeira, projeto viabilizado pelo edital Rumos Itaú Cultural.
Outro destaque será a circulação nacional do premiado espetáculo “Desassossego”, com apresentações em Manaus, Belém, Brasília e Rio de Janeiro, em julho de 2025. Contemplado pelo Bolsa Myriam Muniz de Teatro da FUNARTE, o espetáculo contará com o elenco de Nicka, Leandro Paz e Robert Moura, ampliando o alcance do Grupo Jurubebas e celebrando suas produções de impacto cultural e social.
História
O Grupo Jurubebas de Teatro começou a partir de alunos da Universidade do Estado do Amazonas que, após um incêndio no prédio da Escola Superior de Artes e Turismo, em 2016, decidem se reunir para praticar jogos teatrais. Desses jogos, surgiu o nome e, aos poucos, a configuração de grupo profissional foi acontecendo.
O grupo oficialmente nasce em dezembro de 2016 com o seu primeiro espetáculo, “Nihilo”, e desde então segue montando obras que dialogam com a realidade manauara e circulando o Brasil com trabalhos para todas as idades.
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