Inspirada em artistas como Brian Eno e Neil Young, a banda alternativa Cambriana nasceu em 2010. O projeto, iniciado por Luis Calil, surgiu da vontade de produzir músicas diferentes do estilo padrão na época.
“Tinham bandas independentes e alternativas no Brasil, mas não necessariamente no estilo que eu encontrava em algumas vertentes americanas e europeias. Inicialmente a gente se inspirou muito em bandas contemporâneas como The National, Grizzly Bear e Beach House” comenta o vocalista.
Com os lançamentos seguintes, a banda introduziu elementos de música africana, cubana e brasileira em suas canções. O álbum de estreia, House of Tolerance, foi gravado, produzido e mixado pela própria banda, sem qualquer ajuda externa. Ele foi disponibilizado gratuitamente na internet no dia 27 de Janeiro de 2012 e recebeu diversos elogios da indústria musical, dando início a carreira de sucesso da Cambriana. Ainda em 2012 saiu o primeiro clipe da banda com a música “The Sad Facts”. Além de Luis, completam a banda hoje Pedro Falcão (baixo), Heloísa Cassimiro (bateria) e Wassily Brasil (teclado).
“Acho que no primeiro álbum, eu queria provar que conseguia compor músicas pop, que fossem acessíveis, fáceis de escutar, mas sem perder uma certa sofisticação. Acho que a boa recepção do HOT me deu confiança pra tentar ousar mais. Meu objetivo virou fazer um disco que tentasse desbravar uns caminhos novos, que misturasse coisas que as pessoas não tinham tentado misturar antes”
Manaus Vidaloka
Além de inspirações musicais, há também inspirações cinematográficas na criação dos discos da banda. House of Tolerance, por exemplo, teve como inspiração um filme de mesmo título do cineasta Bertrand Bonello. Para Luis, “o nome isolado do filme interagia com a capa e com a atmosfera das músicas”.
O mais recente disco da banda tem uma influência cinematográfica ainda maior. Aspirando criar um álbum que soasse como a trilha sonora do filme ‘Aguirre: A Cólera dos Deuses’ de Werner Herzog, surgiu o Manaus Vidaloka.
“Nunca tinha visitado Manaus, mas sempre quis conhecer. Eu sempre tive um fascínio por natureza e, especificamente, por terras pouco exploradas e pouco habitadas. Então Manaus era interessante não só por estar situada ali no meio da Amazônia, mas por ser uma cidade industrial, meio que um oásis de civilização num deserto de selva. Foi um contraste que sempre me instigou e que casou com as ideias que eu queria explorar nas músicas, que falam do relacionamento de amor/ódio do homem com a natureza”
Assim, Luis e Pedro Falcão – co-compositor – embarcaram numa aventura na cidade para incorporar Manaus de forma mais concreta no álbum. Aqui, eles puderam gravar sons ambientes, alguns takes no meio da mata e o clipe da música “Manaus”.
“Eu e o Pedro adoramos a cidade e a natureza ao redor dela, e queremos voltar. Todo mundo que a gente conheceu lá, da gerente do hostel que a gente ficou ao Carlão, nosso barqueiro durante a estadia, foi incrível, e o lugar tem umas belezas indescritíveis. Pra quem mora aí deve ser banal, mas pra dois moleques do Cerrado, a ideia de se encontrar na beira do ecossistema mais complexo do mundo foi até meio assustador (no bom sentido)”.
Assim, ‘Manaus Vidaloka’ explora a efemeridade das coisas, incluindo a preocupação com o meio ambiente. “Essa pandemia rolando agora deixa claro o quanto é difícil movimentar toda a humanidade a fazer certos sacrifícios por uma causa maior, e se numa situação imediata já é difícil, imagina tentar convencer as pessoas de um mal que só vai se revelar completamente daqui a décadas” afirma Luis sobre o alerta que existe no álbum.
https://open.spotify.com/album/1c30ce4GborlJwVBqMmZ6e
Para o futuro da banda, o vocalista dá um possível spoiler: criar um álbum do zero, composto e gravado durante esse isolamento coletivo, e lançá-lo antes da pandemia acabar.
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