Isabella Botelho; 02/12/2021 às 15:00

Artista visual Gisele Riker lança exposição fotográfica “Amazônia Surreal” no sábado, 4

A artista visual Gisele Riker lança no sábado, 4, a partir das 19h, a exposição “Amazônia Surreal” durante a programação do Circuito Amazon, promovido pelo Espaço Cultural Casa Som Amazônia, localizado na Travessa Planalto, nº 3, Parque Dez de Novembro. O evento é gratuito e os ingressos podem ser retirados por meio do link.

“Apresento uma produção artística que reflete sobre ‘Ser Amazônida’, um sentimento que envolve rios, florestas, clima e a diversidade da cultura nortista”, declara a artista.

Foto: Divulgação

“Amazônia Surreal” é fruto da pesquisa iniciada pela artista no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo Gisele, algumas experimentações, inclusive, foram realizadas em exposições coletivas anteriores como “Mostra de Artistas Contemporâneas” (2017) e “Mostra de Arte Contemporânea Feminina” (2019), mas só teve a oportunidade de serem continuadas nos últimos dois anos, após o projeto ser contemplado no Edital Prêmio Feliciano Lana, via Lei Aldir Blanc e Apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e do Governo Federal, através da Secretaria Especial da Cultura. 

De acordo com Gisele, a fase inicial da prática artística é estabelecida por passeios em áreas de mata, especificamente na região da Amazônia, somados ao ato fotográfico das paisagens da floresta. A segunda fase consiste no armazenamento das fotografias e a terceira fase, na experimentação por meio do Adobe Photoshop.

“O termo ‘passeio’ é empregado nesta pesquisa como uma ação de saída da cidade para vivenciar ambientes naturais. Entrelaçado a estas práticas cultivo o pensamento indígena ao significar a terra como um ser vivo e me aproprio de sua cosmologia para fazer relações poéticas com o imaginário dos mitos. Seguido da experiência do encontro da câmera fotográfica com a mata, instauram a segunda fase da pesquisa o armazenamento das capturas em memórias digitais datadas e nomeadas pela localidade visitada, assim como as ações de eleger as imagens que serão transfiguradas digitalmente. A terceira fase consiste nas experimentações virtuais através do software Adobe Photoshop”, explica a artista.

Ao todo, a exposição conta com um total de  14 fotos, subdivididas em 4 ensaios. Os trabalhos foram impressos em Fine Art, Papel Hahnemüler Photo Rag, 308 gramatura,100% algodão.

Conheça um pouco sobre cada um desses ensaios, através do olhar poético-visual da artista:

Nas águas de Balbina

“Os Yanomamis consideram que existem espíritos presentes nos elementos da natureza, eles são descritos como ‘humanóides minúsculos paramentados com ornamentos e pinturas corporais extremamente luminosos e coloridos’, para vê-los é necessário ser um xamã, somente os xamãs podem entrar em contato com estes espíritos, eles possuem a capacidade de ‘fazer dançar’ e ‘fazer descer’ os seres-imagens. Durante minha passagem pela ponte sob o Rio Uatumã, observei por horas o fluxo das águas. Grandes pedras avermelhadas despontavam suas formas nas águas do afluente do Rio Amazonas. A vida corre neste rio…”

Alcançar o Céu

“Na série ‘Alcançar o Céu’ reflito poeticamente sobre a metodologia do processo de pesquisa e criação individual. Comparo aqui este processo trabalhoso, com o crescimento das trepadeiras na Floresta Amazônica. Existe uma diversidade de cipós em desenvolvimento na mata, eles não possuem apoio próprio e seus caules são estreitos e flexíveis. Assim é o surgimento do pensamento do artista pesquisador, a ideia brota tal qual as lianas no solo, se regeneram de sementes e só começam a subir quando suas mudas atingem altura para se manter de pé.”

A pele da Floresta

“Procurei aproximar a lente dos elementos naturais que habitam o solo das trilhas. Com este pensamento, idealizo a série “Pele da floresta”, imagens escolhidas de um total de 131 fotografias arquivadas e realizadas no final de abril de 2021. Registros na sua maioria das texturas, raízes, musgos e folhas que cobrem o solo por onde caminhei. Penso que transformar fotografias desta camada orgânica e viva da floresta em material da Arte é uma maneira de lutar contra as calçadas que se expandem no olhar. Não devemos nos acostumar com essa paleta cinza e preta do chão das cidades.”

Igapós 

“No Parque Nacional de Anavilhanas, em Novo Airão, encontro a floresta inundada. A região sofre as consequências de uma cheia histórica. As árvores que encontraria em trilhas terrestres agora são acessadas por caminhos do rio, passagens aquáticas. O nível das águas sobe cerca de 20 metros formando os igapós, tenho a oportunidade de chegar mais perto das copas de grandes árvores e por consequência mais perto do céu. As águas se fazem presente na maioria das fotografias coletadas em Novo Airão, elas me trazem o céu refletido em muitos desses registros. Inauguro aqui a série Igapós, utilizando procedimentos de repetição da imagem e adição de camadas nas edições das fotografias inventando assim florestas inundadas policromáticas.”

Curadoria

A curadoria da exposição ficou por conta da artista, professora e pesquisadora Sandra Rey, natural do Rio Grande do Sul, é quem assina a curadoria da exposição “Amazônia Surreal”. Sandra é docente no Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da UFRGS e pesquisadora junto ao CNPq, além de orientar pesquisas na área de Poéticas Visuais. 

“Viver na Amazônia, na cidade de Manaus, cujos processos civilizatórios imagino serem constantemente tensionados pela onipresença da floresta, sensibiliza os artistas a pensar e produzir, imbuídos que são pelo ambiente impregnado da energia viva e cósmica no interior da selva. Não surpreende, então, que tendo sempre vivido na Amazônia, Gisele Riker coloque a floresta no centro de seu processo de pesquisa artística. Ela adentra a floresta como um ato inaugural, para viver a experiência sempre renovada de se reconectar com a natureza exercitando o olhar e o imaginário nas formas emaranhadas da vegetação”, explica.

Fonte: Assessoria

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