Patrícia Patrocínio; 21/12/2020 às 15:25

Através das perspectivas de artistas do cenário urbano manauara, o Mercadizar lança a série “O que é arte?”

Em parceria com a produtora audiovisual Oro Creators, a série neste primeiro episódio apresenta o que é arte para seis artistas do cenário urbano manauara e para o Artista e Professor da Universidade Federal do Amazonas, Otoni Mesquita

O Mercadizar em parceria com a produtora audiovisual Oro Creators lançam o primeiro episódio da serie “O que é arte?” pela perspectiva de seis artistas do cenário urbano manauara e com a presença especial do Artista e Professor da Universidade Federal do Amazonas, Otoni Mesquita. 

Quem faz a Arte de Rua?

Pensar em Arte de Rua nos leva a refletir sobre os elementos considerados para conceituar dessa forma esse tipo de manifestação. Porque a rua? por que os espaços públicos? por que não o teatro? Quem são esses artistas? Os motivos que levam pessoas a se expressarem nesse contexto, nos remete a ideia de busca, de rompimento e no que essas expressões têm em comum: surgiram pela necessidade de criar alternativas de comunicação que rasgassem as determinações fixadas por práticas de poder presentes na sociedade.

A Arte Urbana de rua comunica lutas, denúncias e protestos relacionados a questões sociais e políticas ao mesmo tempo em que cumpre um propósito estético de intervenção urbana. Essas expressões artísticas e culturais criam possibilidades de ultrapassar o que está preestabelecido e trazem à tona a existência do que por muito tempo foi considerado inapto ou invisível. 

Arte considerada de rua tem cor e classe demarcadas e em vista ao contexto histórico do nosso país, trata-se de um instrumento de empoderamento a partir daquilo que se tem em mãos e que é acessível para uma parcela significativa daqueles que não possuem muitas oportunidades e que se encontram em um lugar de pouca escuta por parte das autoridades. São saberes e fazeres antes ignorados que trazem à luz perspectivas e ideias, à medida que por meio disso expressam seus anseios de mudança. E para além, esses artistas ousam ir contra todas as lógicas que são impostas a eles, de que é preciso ter um emprego “digno” e não aventurar-se nas artes.  

Reconhecer é avançar. Mas até que ponto?

Com cerca de 20 mil anos de evolução cultural, fazem apenas nove anos que o Governo brasileiro aprovou a emenda da Lei de nº 706/07 que descriminaliza o grafite, um dos vários elementos pertencentes ao universo da arte de rua. Vale lembrar, que essa expressão artística sofre muitos preconceitos a partir dos estigmas associados a cor e classe dos seus praticantes, que em sua maioria, são negros ou pobres, ou ambos. No entanto, há um avanço, ainda que pequeno, no reconhecimento dessas intervenções como artes, ou até mesmo, dessas pessoas como artistas, pois, por muito tempo esses títulos só pertenciam a narrativas brancocentricas. 

A valorização da arte de rua, em especial a periférica, é um uma das questões mais pertinentes a serem destacadas, apesar do seu reconhecimento como arte, na cabeça das pessoas de alguma forma predomina que esse tipo de expressão vale menos e isso ocorre devido os esquemas mentais estigmatizantes que pessoas fazem em relação aos artistas e suas produções. É importante ressaltar que a periferia faz arte e faz ela MUITO BEM!

Para esses artistas a rua é o palco, a tela e a inspiração, no entanto, a falta de incentivo para arte brasileira, sobretudo, para arte periférica, em especial, durante a pandemia, parece ser uma das grandes dificuldades enfrentadas por esses produtores e que não deixa de perpassar pelas questões de raça e classe. Sobre os desafios da cultura e economia criativa, o setor cultural do Amazonas deixou de arrecadar cerca de R$ 20,7 milhões durante os primeiros 30 dias de vigência dos decretos que paralisam as atividades culturais. O levantamento, realizado pelo Mercadizar, leva em consideração duas bases de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):  A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que aponta 1,100 milhões de domicílios no estado e também o Sistema de Informações e Indicadores Culturais, que revela o gasto médio mensal das famílias amazonenses com atividades de cultura, lazer e festas de R$ 18,89.

Por isso, o Mercadizar e a Oro Creators criaram a iniciativa “o que é arte?” e neste primeiro episódio é apresentada as narrativas de seis artistas que navegam pelo universo da Arte de Rua e apresentam a perspectiva deles sobre o que é arte, seja ela feita por meio do grafite, das batalhas de rimas, do teatro andante ou pelas artes plásticas e ilustração. 

Participam do episódio: O artista plástico e professor da Universidade Federal Otoni Mesquita, a atriz e acrobata Orixá-Mulher,  os grafiteiros Biels e Tial, a grafiteira Slackera, a artista plástica e ilustradora Medusa e o Produtor musical, Mc de batalhas de rima e mestrando de antropologia, André MC

As gravações ocorreram na Galeria do Largo, durante a exposição “Os lambes de Todo Mundo” pelo Festival Internacional de Lambe, organizado por Eraquario com o apoio da  Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, Centro de Artes Visuais e Galeria.

 Confira abaixo:

*O Mercadizar não se responsabiliza pelos comentários postados nas plataformas digitais. Qualquer comentário considerado ofensivo ou que falte com respeito a outras pessoas poderá ser retirado do ar sem prévio aviso.