Isabella Botelho; 19/04/2020 às 09:00

8 documentários para assistir no Dia do Índio

Conheça filmes que mostram os povos indígenas pelo Brasil

Diversas foram as mudanças que ocorreram nas terras brasileiras desde a chegada dos primeiros colonizadores. Aqui, já habitavam diversos povos com as mais diferentes culturas, costumes e histórias que, em grande parte, acabaram dizimados. Séculos depois, as batalhas não cessaram e os indígenas ainda lutam por seu espaço e reconhecimento no país. 

Hoje, Dia do Índio, é uma ótima oportunidade para nos reconectarmos com nossas raízes e valorizarmos nossa cultura ancestral. Pensando nisso, separamos 8 documentários que mostram a exploração, os conflitos e, sobretudo, a cultura dos povos indígenas pelo Brasil.

Ex-Pajé 

Exibido na 68ª edição do Festival de Berlim, o documentário desperta a reflexão sobre como ocorre o etnocídio – extermínio da cultura de um povo. Na obra, que trata das grandes desigualdades sociais no Brasil, os índios da tribo Pater Saruí, que vivem isolados na Amazônia, foram, ao longo dos anos, perdendo sua identidade por conta da invasão de suas terras. 

O documentário mostra as consequências do avanço do agronegócio e, principalmente, da religião evangélica na tribo. Até 1969, a comunidade situada em Rondônia não havia travado contato com os brancos. Para isso, a história gira em torno de Perpera, um pajé que foi forçado a abrir mão do posto de liderança e autoridade espiritual da tribo depois que seus ritos, conhecimentos e contatos com os espíritos da floresta foram considerados “coisas do diabo” por um pastor evangélico que atuava na região. Mesmo após se tornar pastor evangélico, ele continua tendo visões dos espíritos da floresta. 

Além do drama vivido por Perpera, a obra também aproxima o telespectador do índio contemporâneo. A imagem dos nativos que usam arco e flecha dá lugar à figura do índio que porta armas, usufrui de energia elétrica, celulares, redes sociais e dirige caminhonetes. 

Martírio 

Premiado no Festival de Brasília de 2016, o documentário mostra o massacre vivido pela comunidade Guarani Kaiowá, que vive no Mato Grosso do Sul, assim como a desapropriação de suas terras e a luta desse povo contra o agronegócio brasileiro. 

Martírio é o segundo filme de uma trilogia do cineasta Vincent Carelli, indigenista, documentarista e criador do projeto Vídeo nas Aldeias, que utiliza recursos audiovisuais para fortalecer a identidade e cultura dos povos indígenas. A trilogia, diferentemente do projeto, é baseada num longo trabalho investigativo e tem o objetivo de apresentar a luta indígena junto às mudanças no país. 

 

Piripkura 

Piripkura mostra a luta do indigenista Jair Candor, que, vivendo em uma floresta pressionada pelo avanço do desmatamento, luta para salvar um povo quase à beira da extinção em Rondônia. A comunidade nômade do povo Piripkura, também conhecido como “povo borboleta”, vive cercada por fazendas e madeireiras, no meio da Floresta Amazônica. Ao longo da história, ele acompanha a movimentação dos índios Pakyi e Tamandua, respectivamente tio e sobrinho, pelas matas para fazer um monitoramento periódico e comprovar que eles continuam vivos. 

O filme venceu a categoria de Melhor Documentário no Festival do Rio. Também foi premiado no Festival de Documentário de Amsterdã, na Holanda, na categoria Direitos Humanos.

Memórias Nawa: Das Malocas ao Contexto Urbano 

Por cerca de 100 anos, o povo Nawa foi considerado extinto das terras que ocupavam no Vale do Juruá, no Acre. Eles foram tirados de suas aldeias pelos donos de seringais durante o boom da borracha no estado, escravizados e mortos pelas mãos dos patrões, donos dos seringais.

Somente anos depois, foram reconhecidos os sobreviventes do povo Nawa. Foi essa história que motivou o estudante de Jornalismo Tarisson Nawa, de origem indígena, a produzir o documentário Memórias Nawa: Das Malocas ao Contexto Urbano

Na produção, estão registrados relatos das pessoas mais velhas do povo sobre o processo de ruptura desse povo com sua identidade. 

Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos

Vencedor no tradicional Festival de Cannes com o Prêmio Especial do Júri da mostra Un Certain Regard, a segunda mais importante da premiação, Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos, filme de João Salaviza e Renée Nader Messora, conta a história do índio Ihjãc, jovem da etnia Krahô, que mora na aldeia Pedra Branca, em Tocantins.

Ihjãc, que é casado e tem um filho pequeno, foge para a cidade após a morte de seu pai, rejeitando a ideia de se tornar um xamã. Longe de seu povo e da sua cultura, ele enfrenta as dificuldades de ser um indígena no Brasil. 

Totalmente falado na língua dos Krahô e filmado ao longo de nove meses, o documentário já participou de mais de 50 festivais internacionais e conquistou 11 prêmios. 

Ka’a Zar Ukyze Wà – Os Donos da Floresta em Perigo

O mini-documentário é um alerta e um pedido de socorro dos índios Guajajara para a proteção das florestas e de seus parentes isolados, os Awá Guajá, com quem compartilham a Terra Indígena Araribóia, no interior do Maranhão.  

O povo Awá Guajá,  um dos últimos de caçadores e coletores do mundo, é um dos mais ameaçados da Amazônia. Em sua história, estão vários relatos de violência ambiental e discriminação do povo, que já perdeu diversas terras por conta do desmatamento.

Além de detalhar a situação de extrema tensão nas terras Araribóia, o documentário registra um encontro inesperado entre os dois povos durante uma caçada na mata. 

Quando Dois Mundos Colidem 

Disponível na Netflix, o documentário estreou em 2016 e apresenta o violento conflito entre as tribos indígenas e o governo peruano pela terra e recursos da Amazônia. 

À Sombra de um Delírio Verde 

À Sombra de um Delírio Verde mostra a exploração de indígenas Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, em plantações de cana. No que restou de suas terras, encontram-se milhares de hectares de cana-de-açúcar plantados por multinacionais que, juntamente com governantes, apresentam o etanol para o mundo como o combustível “limpo” e ecologicamente correto, enquanto adultos e adolescentes são explorados nos canaviais.

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