Sofia Lourenço; 10/10/2024 às 15:30

PUC-Campinas cria selo ‘Mulheres Negras Publicam’ e lança edital para publicação de seis obras inéditas

Iniciativa inovadora é uma parceria da Editora Splendet e do Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiro Dra. Nicéia Quintino Amauro, ambos da Universidade

A Editora Splendet, em parceria com o Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros Dra. Nicéia Quintino Amauro, da PUC-Campinas, lançou o selo “Mulheres Negras Publicam” para dar apoio e visibilidade à literatura produzida por mulheres negras no Brasil. Em sua primeira ação, o selo abriu um edital que selecionará seis obras inéditas para publicação física e digital.

Imagem: Divulgação

De acordo com o Edital n. 1/2024, podem concorrer mulheres negras que tenham obras originais concluídas, inéditas e com até 200 páginas. Caso a obra seja de coautoria, ambas as autoras precisam atender aos critérios de participação. As inscrições estão abertas até 29 de novembro de 2024 e devem ser realizadas online no site da PUC-Campinas.

“É um dever de toda a sociedade adotar medidas que promovam a igualdade racial. Djamila Ribeiro, no Pequeno Manual Antirracista questiona ‘Você está fazendo o que pode para contribuir para a luta antirracista?’. A editora Splendet entendeu essa pergunta institucionalmente. É urgente termos publicações literárias mais diversas e para isso precisamos de medidas intencionais. Existem boas iniciativas desenvolvidas na área, como o Cardernos Negros, em 1978, Mulheres Negras na Biblioteca (para aumentar o acervo), Literafro, Livaria Bantu, Preta Poeta e Margens (UNICAMP). Essa é mais uma que chega para somar esforços. A parceria é mais uma iniciativa que foi pensada para a comunidade negra e com a comunidade negra”, afirma a Profa. Dra. Camila Brasil Gonçalves Campos, Pró-Reitora de Inovação da PUC-Campinas.

A Profa. Dra. Waleska Miguel Batista, do Centro Afro da universidade, também celebrou a iniciativa, esperando que mulheres negras de todas as regiões do Brasil participem e contribuam para a valorização dos saberes dessa comunidade.

“O Selo Mulheres Negras que publicam é uma iniciativa preciosa para a comunidade interna e externa, especialmente, reconhecendo a intelectualidade e a potência dos saberes das mulheres negras. Espera-se que mulheres negras do Brasil inteiro participem”, afirmou a Profa. Dra. Waleska Miguel Batista, responsável pelo Centro Afro.

O cenário nacional ainda apresenta desigualdades na produção literária. Segundo um levantamento da Universidade de Brasília (UnB), até 2014, apenas 2,5% das obras publicadas no Brasil eram de autores negros. O Selo Mulheres Negras Publicam surge como uma iniciativa para tentar corrigir essa disparidade e incentivar a participação de autoras negras no campo literário brasileiro.

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