Peças artesanais produzidas a partir da fibra de tucum pelas mãos de artesãs indígenas da Amazônia conquistaram as passarelas das semanas de moda de Nova York, nos Estados Unidos, e Milão, na Itália, duas das maiores vitrines da moda mundial. As criações fazem parte da coleção Muiraquitã, assinada pelo estilista manauara Maurício Duarte, do povo Kaixana, um dos mais promissores nomes da moda brasileira na atualidade.
As peças foram confeccionadas por mulheres das associações indígenas Numiã Kura (AMARN), Associação das Mulheres Indígenas Sateré-Mawé (AMISM), Associação de Mulheres Indígenas da Região do Alto Rio Negro (AMIARN) e Associação dos Artesãos Indígenas de São Gabriel da Cachoeira (ASSAI). O projeto, chamado Parentas que Fazem, é implementado pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), em parceria com o Google.org, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e a Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas (Makira-E’ta).
Além da fibra de tucum, retirada de uma palmeira amazônica, as criações incluíram materiais naturais como fibras de buriti, escamas de pirarucu e sementes de açaí, resultando em uma fusão de sofisticação e valorização da cultura dos povos indígenas.
Maurício Duarte estreou a nova coleção no desfile de 11 de setembro em Nova York e, logo após, seguiu para Milão, onde apresentou um showroom de marcas. A modelo Naomi Campbell chamou a atenção ao posar com uma faixa de arumã, outra fibra natural trabalhada no artesanato indígena, usada pelo estilista.
Em suas redes sociais, Maurício celebrou o momento:
“Fico muito feliz de poder vir para cá trazer a nossa arte, a história que a gente acredita. Falar sobre moda autoral, sobre Brasil, sobre o Amazonas e o pertencimento. Quero agradecer às associações de mulheres indígenas que produziram com a gente por meio do projeto Parentas que Fazem. É sempre muito prazeroso reunir o que a gente constrói no têxtil com as fibras naturais”, agradeceu.
A coleção Muiraquitã leva o nome de um amuleto de proteção indígena, e o estilista destacou que seu objetivo é partilhar simbologias e saberes ancestrais, promovendo uma produção colaborativa com propósito.
“Já precisa nascer com proteção e a certeza de vida próspera para todos que acreditam nessa ideia”, escreveu Maurício sobre sua inspiração.
O projeto Parentas que Fazem também tem fortalecido os laços entre o estilista e as artesãs indígenas. Maurício participou de oficinas na aldeia Yabi, do povo Baré, em São Gabriel da Cachoeira (a 852 km de Manaus), onde compartilhou técnicas de tecelagem e encomendou peças das artesãs da AMARN.
“Essa troca de saberes é muito rica, e estou aprendendo muito com essas mulheres que mantêm viva a tradição indígena”, afirmou o estilista.
A coordenadora da Agenda Indígena da FAS, Rosa dos Anjos, do povo Mura, reforçou a importância da parceria entre o projeto Parentas que Fazem e o estilista Maurício Duarte.
“O Maurício (Duarte) é muito talentoso, um fenômeno que vem voando e ainda vai voar muito alto. Estamos muito felizes por ele ter esse olhar especial e ainda escolher algumas peças das nossas ‘parentas’ para inserir em seu desfile”, comentou.
Sobre a Fundação Amazônia Sustentável (FAS)
A FAS é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia, com foco na conservação do bioma e na melhoria da qualidade de vida das populações locais. Ao longo de 16 anos de atuação, a FAS conseguiu aumentar em 202% a renda média de milhares de famílias beneficiadas e reduziu em 39% o desmatamento nas áreas atendidas.
Sobre a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab)
A Coiab é a maior organização indígena regional do Brasil, representando povos de nove estados da Amazônia Brasileira. Fundada há 35 anos, a organização trabalha pela defesa dos direitos indígenas à terra, saúde, educação e sustentabilidade.
Sobre a Makira-E’ta
A Makira-E’ta é uma rede de mulheres indígenas do Amazonas, criada em 2017, que luta pelo desenvolvimento social, político e econômico das mulheres indígenas. A organização promove o protagonismo feminino em comunidades que muitas vezes são negligenciadas pelas políticas públicas.
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