Desde o início de abril, o Prêmio Megafone de Ativismo 2025 tem revelado os indicados e vencedores das 14 categorias que celebram ações ativistas realizadas no Brasil em 2024. Com mais de 1.200 inscrições, a premiação reúne 60 indicados e reconhecerá 14 vencedores até o fim do mês. Entre eles, representantes da Região Norte já vêm se destacando nas categorias anunciadas, reafirmando a força e a urgência das lutas sociais e ambientais da região.

Na categoria Ação Direta, o destaque foi para o Pará, com a vitória do 7º Grito Ancestral do Povo Tupinambá, realizado em Santarém. O ato reuniu povos indígenas como os Tupinambá, Kumaruara, Jaraqui, Tapuia, Arapiun, Munduruku, Tapajó, Apiaká e Kayapó, além de ribeirinhos, movimentos sociais e organizações locais. A mobilização denunciou os impactos socioambientais de grandes empreendimentos como a Ferrogrão e a Hidrovia Tapajós, com manifestações que incluíram cantos, protestos e até a paralisação de balsas de comboio no Rio Tapajós.

Também foi indicada nesta categoria uma ação de Manacapuru, no Amazonas, que levou uma mensagem de alerta sobre a seca extrema de 2024 diretamente ao leito seco do Rio Amazonas. A intervenção buscou chamar atenção para os efeitos das mudanças climáticas na região amazônica.
Na categoria Fotografia, o norte do país voltou a aparecer com três nomes: Bruno Kelly (Manaus), Michael Dantas (Rio Solimões) e Carolina Costa, que foi a vencedora com um registro impactante feito em Lábrea, no Amazonas. A foto, publicada sob o nome artístico “Carolina Costa Jaguatirica”, retrata os efeitos das queimadas na fronteira agrícola do município.

A imagem denuncia como o fogo altera o cotidiano das comunidades locais e destrói a floresta, trazendo à tona não só uma realidade preocupante, mas também uma forte indignação.

A cidade de Manaus também esteve entre os indicados da categoria Arte de Rua, com o projeto “Colore Mossoró”, que levou arte e oficinas para uma comunidade local. O vencedor da categoria, no entanto, foi um mural em lambe-lambe no Quilombo Vó Tereza, em Trindade (GO).
Na categoria Jovem Ativista, três nomes nortistas chegaram à final: Tay Silva (Belém-PA), Natielly Castro (Rio Branco-AC) e Vitória Pinheiro (Manaus-AM). A vencedora foi Luana Maria, de Recife (PE).

O Norte também teve presença forte na categoria Marcha ou Manifestação, com a indicação de duas mobilizações do Pará: o protesto contra a violência obstétrica no Hospital Municipal Infantil de Marabá (HMI) e a 1ª Marcha dos Manguezais Amazônicos, realizada pelas associações das reservas extrativistas marinhas de Belém. A vencedora foi a Marcha por Decreto de Emergência Climática, de Porto Alegre (RS).
Na categoria Cartaz em Manifestação, três ações nortistas foram indicadas:
- Cartaz “Que a injustiça não te entristeça, mas te radicalize”, da campanha pelo fim da escala 6×1 no Amazonas;
- Cartaz “Estuprador não é pai!”, contra o PL 3850/2023, em Belém (PA);
- Cartaz “O Povo Turiwara existe”, da resistência indígena em Belém (PA).
O vencedor foi o cartaz de Alex Frechette, usado em uma manifestação pela Palestina durante o G20, no Rio de Janeiro.
Em Perfil de Rede Social, a influenciadora manauara Rita de Cássia (@ritafloroficial) foi indicada. O prêmio, no entanto, ficou com a Revista AzMina.
A categoria Reportagem de Mídia Independente teve três finalistas do Norte:
- Série sobre indígenas com deficiência, de Belém (PA);
- Reportagem sobre os impactos da seca histórica na Amazônia, de Tefé (AM);
A matéria vencedora foi “Carbono: Vozes Excluídas”, da Amazônia Real, escrita por Nicoly Ambrosio, de Manaus (AM). A reportagem revelou a falta de consulta às comunidades ribeirinhas sobre projetos de crédito de carbono na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro.

A música nortista também marcou presença na categoria Música ou Videoclipe, com os indicados:
- “Vazante 2” – LF, Vicente Blow, Walle, Dom Brawl e Prism4 (Manaus-AM);
- “Da Beira” – Gabriê (Porto Velho-RO);
- “Da Nascente à Foz” – Suraras do Tapajós e Maria Leusa Kaba Munduruku (Santarém-PA).
O prêmio ficou com “Nenhum Hectare a Menos”, em defesa do Cerrado.
As categorias Meme ou Humor da Internet, Cidadão Indignado e Documentário não tiveram finalistas da Região Norte.
Nas categorias especiais, o Megafone do Ano foi para a campanha “Criança Não é Mãe”, organizada por mais de 20 entidades que mobilizaram o país contra o PL 1904/24, que propunha a proibição do aborto legal inclusive em casos de estupro de crianças. A campanha reforçou o papel do ativismo na defesa das infâncias e dos direitos reprodutivos.

Já o Prêmio do Júri homenageou a trajetória do líder Yanomami Davi Kopenawa, reconhecido por sua luta histórica pelos direitos indígenas e pela defesa da Amazônia frente à destruição provocada pelo garimpo ilegal e outras ameaças ambientais.
A edição 2025 do Prêmio Megafone encerra reafirmando a pluralidade, o engajamento e a resistência que marcam o ativismo brasileiro — e com a Região Norte ocupando um espaço de destaque entre as vozes que lutam por justiça social, ambiental e pelos direitos humanos.
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