No Brasil, existem inúmeros estereótipos atribuídos a pessoas pretas, em especial mulheres. Tais representações tornaram-se naturalizadas e difundidas sem a menor responsabilidade até mesmo por grandes veículos de comunicação. que reforçam e auxiliam com frequência a manutenção desse tipo de preconceito e discriminação racial na sociedade.
Segundo o autor Luís Martino, estereótipos são representações que ganham em tempo o que perdem em profundidade, e ganham um status de verdade por serem repetidos por um grande número de pessoas. A partir disso, essas ideias tendem a reduzir a complexidade das coisas em um movimento de essencialização, como se pessoas fossem objetos. Isso vai ao encontro de ideias racistas, uma vez que um dos fundamentos do racismo é a desumanização da população negra, sobretudo da mulher negra.
Tais representações contribuem e apresentam mulheres e homens pretos como inferiores, violentos e objetificados, e até legitimam a violência contra essas pessoas. Um levantamento realizado por pesquisadores do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro identificou cerca de 7 estereótipos racistas atribuídos somente a mulheres pretas em produções do cinema nacional. Essas produções nada mais são que reflexos da sociedade que exemplificam como esses personagens são apresentados e vistos pela população. Em contrapartida, para chamar atenção para esse problema, o Governo do Paraná lançou uma campanha em parceria com a Assessoria Especial da Juventude e o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, chamada “Teste de imagem”.
O experimento busca evidenciar o quanto estereótipos impactam a vida de homens e sobretudo mulheres negras e contribuem para as manifestações de racismo institucional, onde instituições públicas ou privadas atuam de forma diferenciada em relação a uma pessoa por conta da sua origem étnica, cor ou cultura, privando-a de oportunidades profissionais e sociais diariamente. Para isso, profissionais de Recursos Humanos foram convidados e separados em dois grupos. Um mediador mostrou ao primeiro grupo imagens de pessoas brancas em situações comuns do dia a dia. Já o segundo grupo viu imagens de situações idênticas, mas protagonizadas por pessoas negras.
O resultado foi alarmante, e os estereótipos levantados na pesquisa do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro podem ser facilmente identificados no vídeo da campanha do Governo do Paraná.
Abaixo, confira o vídeo do “Teste de imagem”:
Elencamos os estereótipos referentes a mulheres negras identificados na pesquisa do Instituto de Estudos Sociais e Políticos do Rio de Janeiro e abordados no vídeo acima:
1.A empregada
Reforça a ideia de que mulheres pretas não podem ter outras profissões e que estão presentes somente em posições subalternizadas.
2. A trombadinha
Busca atribuir à imagem de mulheres pretas a condição de terem caráter duvidoso, serem problemáticas e estarem prontas para infringir alguma regra ou lei.
3.A favelada
Reforça a ideia de que mulheres pretas estão presentes somente em cenários de pobreza, drogas, prostituição e criminalidade.
Refletir sobre os estereótipos atribuídos a mulheres pretas é um passo importante para a desconstrução dessas representações, mas essa reflexão precisa ser contínua para que as ideias que reforçam essas imagens sejam identificadas e reconstruídas de maneira constante.
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