O Festival de Cinema e Cultura Indígena (FeCCI), em sua primeira edição, é o maior festival de Cinema Indígena do Brasil. A iniciativa busca levar para Brasília, dos dias 2 a 11 de dezembro, produções cinematográficas em torno das questões indígenas e sua resistência, promovendo o pensamento e o fortalecimento da cultura originária que os mais de 305 povos existentes no Brasil lutam para preservar.
Além da exibição presencial, o festival conta com uma mostra no Território Indígena do Xingu, localizado no Mato Grosso, e sessões on-line. A primeira fase do festival acontece nos dias 8 a 28 de agosto, com a abertura das inscrições para o FeCCI Lab, um laboratório de desenvolvimento de filmes que proporcionará a realizadores de origem indígena a oportunidade de aprimorar seus projetos com o apoio de profissionais da área.
Com inscrições gratuitas, pessoas de todo o território nacional poderão se inscrever pelo site. Serão selecionados três projetos de curta-metragem que estejam na etapa de finalização. Os filmes selecionados pelos curadores do festival receberão consultorias individuais da Associação Cultural de Realizadores Indígenas (ASCURI), que poderão orientar o realizador sobre possíveis caminhos para sua obra. Além da mentoria on-line, os selecionados terão os custos cobertos para participar presencialmente dos dois dias do FeCCI Lab, em Brasília.
“A finalização de um filme é um desafio para muitos realizadores independentes e envolve custos e a participação de outros profissionais. O Lab é voltado para auxiliar o aprimoramento do projeto de curta-metragem, com mentores que vão apoiar caminhos e processos criativos no momento da edição”, diz Takumã Kuikuro, diretor-geral do festival.
Os filmes selecionados no laboratório serão exibidos na programação do FeCCI. Além da mentoria individual, cada projeto receberá uma premiação no valor de R$ 3 mil como incentivo financeiro para os custos de sua finalização.
O Festival de Cinema e Cultura Indígena foi idealizado pelo cineasta Takumã Kuikuro e realizado pela produtora Terrestre, sendo o primeiro festival nacional de cinema indígena idealizado por indígenas. Trata-se de um festival focado na produção audiovisual de cineastas, coletivos e realizadores de origem indígena, cujo objetivo é contribuir para a difusão de filmes e da cultura dos povos originários do Brasil, tornando-se, também, um panorama das mais recentes realizações da comunidade criativa indígena.
O FeCCI é composto por uma mostra competitiva e uma mostra paralela, além de sessões on-line, e conta com prêmios oficiais e prêmios de parceiros, contemplando filmes de curta e longa-metragem.
“O FeCCI vem para celebrar as existências e a força das culturas indígenas, com produções audiovisuais plurais e diversas. Temos a oportunidade e o privilégio de, em nossa nação, estarmos com nossos povos originários. O festival é uma forma de despertar a sensibilidade quanto às origens brasileiras e mostrar ao público olhares, vivências, subjetividades, histórias e realidades dos povos indígenas”, diz Caliane Oliveira, diretora da A Terrestre.
A programação inteira é gratuita e conta ainda com laboratório de finalização de projetos audiovisuais, ciclo de rodas de conversa com convidados especiais, masterclasses e apresentações culturais que promovem encontros, diálogos e conexões com realizadores, pensadores, artistas e público.
Os consultores que fazem parte da curadoria do Festival de Cinema e Cultura Indígena são:
Gilmar Kiripuku Galache
É Terena do Pantanal sul-mato-grossense. Possui graduação em Design e mestrado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (CDS/UNB 2017). Especializou-se em Cinema na Escola de Cinema e Artes Audiovisuais de La Paz (ECA/Bolívia). É idealizador da Associação Cultural de Realizadores Indígenas (ASCURI), onde atua como coordenador de estratégias, videomaker, designer gráfico, montador e fotógrafo. Atualmente, trabalha como editor e gerenciador de mídias e redes sociais no Instituto Socioambiental (ISA).
Juan Iván Molina Velasquez
É da etnia Quéchua, da Bolívia. Estudou Sociologia na Universidade Superior de San Andrés (UMSA), Bolívia, e na Universidade Centroamericana (UCA), Nicarágua. Estudou Cinema na Escola Internacional de Cinema e Televisão (EICTV), em Cuba e no Canadá. Realizador de documentários desde 1989, já trabalhou em Alicante (Espanha) na nova proposta do canal Cetelmon e esteve ligado à Radiodifusão-Televisão Francesa (RTF) em Paris. No campo da formação, fez parte da primeira equipe de facilitadores do Plano de Comunicação Audiovisual Indígena (CEFREC-CAIB); até o momento, continua ligado ao treinamento de jovens. Foi consultor de projetos audiovisuais para a América Latina, em Banff, Canadá, diretor acadêmico da Escola de Cinema e Artes Audiovisuais de La Paz (ECA) e diretor-geral da Escola de Cinema. Paralelamente, foi coordenador dos projetos de formação no Mato Grosso do Sul e um dos fundadores da Associação Cultural de Realizadores Indígenas (ASCURI). Do ponto de vista da realização, inclina-se ao documentário testemunhal e participativo, em defesa dos direitos humanos, dos direitos dos povos indígenas e dos direitos de crianças, jovens e mulheres.
Ademilson Concianza Verga (Kiki)
É Kaiowá e realizador da Associação Cultural de Realizadores Indígenas (ASCURI) desde 2010, onde atua como editor, fotógrafo e videomaker. Já participou de inúmeras formações audiovisuais, tanto como aluno quanto como professor. Foi ator do longa-metragem “Terra Vermelha” (Birdwatchers, 2008). Estudou montagem e edição na Escola Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro, e participou de muitos festivais e mostras pelo mundo.
*O Mercadizar não se responsabiliza pelos comentários postados nas plataformas digitais. Qualquer comentário considerado ofensivo ou que falte com respeito a outras pessoas poderá ser retirado do ar sem prévio aviso.