Dia Mundial da Liberdade de Imprensa: pilar da comunicação é celebrado neste 3 de maio
Em entrevista, professora Grace Soares destaca a liberdade de imprensa como base da democracia e aponta a educação midiática como ferramenta contra a desinformação
O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado neste 3 de maio, destaca a importância da atuação livre, segura e autônoma dos profissionais da comunicação. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1993, em homenagem à Declaração de Windhoek, aprovada em 1991, na Namíbia, durante um seminário da Unesco. O documento reconhece que meios de comunicação independentes são fundamentais para a construção de sociedades democráticas.
Arte: Mercadizar
Em entrevista ao Mercadizar, a jornalista e professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Grace Soares reforçou que a liberdade de imprensa é indissociável da democracia. “Sem a liberdade de imprensa, é impossível sustentar um regime democrático. Esse direito surge da obrigação que temos, enquanto comunicadores, de defender a pluralidade, a independência, que é algo tão difícil de conquistar, e a sustentabilidade de uma comunicação que esperamos que seja livre. Talvez, por meio dela, possamos garantir que a cidadã e o cidadão estejam bem informados”, afirmou.
Nos últimos anos, o Brasil apresentou avanços nesse campo. Segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o número de ataques a jornalistas caiu 40,7% em 2023 em relação a 2022, totalizando 330 casos. O país também subiu da 92ª para a 82ª posição no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, divulgado pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF) em 2024.
Apesar dos progressos, os desafios estruturais permanecem. Grace Soares chama atenção para a concentração da mídia nas mãos de poucos grupos econômicos, o que torna os veículos vulneráveis a pressões e influencia suas linhas editoriais. “Essa concentração histórica torna a área da comunicação suscetível a abalos econômicos e a interferências externas, impactando diretamente as redações”, destacou. Ela também aponta a violência contra jornalistas como um problema contínuo: “A cadeia de violência é diária, intensa, e consolida um ambiente muito desfavorável para o exercício da profissão”, completou.
Grace Soares (Foto: Acervo pessoal)
Para fortalecer o direito à informação, a professora defende a promoção da educação midiática. “Grande parte da sociedade desconhece o funcionamento dos veículos de comunicação e os cuidados necessários ao consumir conteúdos digitais. A educação midiática orienta a população sobre como diferenciar informações confiáveis de desinformação”, explicou.
O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é, assim, uma oportunidade para reafirmar a defesa do jornalismo profissional, da liberdade de expressão e da necessidade de regulamentação do ambiente digital.
“Nunca antes na história do mundo nós precisamos tanto de uma imprensa atuante, que possa esclarecer, comprovar a verdade e distinguir o falso do verdadeiro. Esse é o papel do jornalismo: tornar o cidadão e a cidadã capazes de se autogovernar”, concluiu Grace Soares.
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