No mês de junho, o espetáculo “Sebastião”, do Ateliê 23, tem única apresentação em Manaus, que acontece nesta sexta-feira, 13 de junho, às 20h, no palco do Teatro Gebes Medeiros, localizado na avenida Eduardo Ribeiro, 937, no Centro. A classificação é de 18 anos.

Os ingressos estão disponíveis a R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada) no perfil da companhia no Instagram (@atelie23) e no site ShopIngressos. No dia do evento, os bilhetes são vendidos uma hora antes do início do espetáculo.

Na fila da entrada, o público é recepcionado pela drag queen Angel, interpretada pelo ator e bailarino Andiy. É a personagem mais solar que abre as portas para a imersão nas histórias vividas no Bar Patrícia, local do primeiro ato na peça de 1h40 de duração.

“A Angel é um furacão. Ela sabe que é poderosa, sabe que é linda e que, quando chega, todos olham. Sua presença é marcante, ela não passa despercebida. Angel é glamour, vivacidade. Ela tem uma sensualidade natural, algo que simplesmente exala”, define Andiy.

O artista conta que “Sebastião” é o primeiro trabalho dele como ator e o convite partiu dos diretores do espetáculo, Taciano Soares e Eric Lima, que já o conheciam como bailarino. Ele reforça que tem recebido retornos muito positivos de quem já assistiu a obra inspirada no livro “Um Bar Chamado Patrícia”, de Bosco Fonseca.

“A mensagem tem chegado às pessoas de maneira muito especial e isso me deixa ainda mais realizado. A recepção do público tem sido muito acolhedora, é gratificante perceber, ao final de cada apresentação, o quanto as pessoas se identificam com o espetáculo, o abraçam e querem levar adiante. Acho que essa é justamente a nossa intenção: fazer com que a mensagem de ‘Sebastião’ chegue a cada vez mais pessoas”, comenta o intérprete de Angel.

Segundo Andiy, uma das experiências mais marcantes aconteceu durante o Festival Internacional de Teatro Cena Contemporânea, em Brasília.

“Ao final da apresentação, um rapaz se aproximou de mim chorando muito. Ele me abraçou e compartilhou um pouco de sua história, agradeceu profundamente e disse que passou por algo parecido em sua casa, e que o espetáculo fez com que ele se sentisse acolhido, como se não estivesse sozinho”, lembra o artista. “Saber que, por meio da nossa arte e do nosso trabalho, conseguimos levar acolhimento a alguém é uma das maiores recompensas que poderíamos ter”.

Processo de criação

Para compor Angel, o processo foi baseado na experimentação. O ator pontua que o elenco foi explorando diferentes possibilidades e as personagens foram surgindo aos poucos até tomarem vida em cena.

“O processo de criação da Angel foi muito interessante, porque acredito que cada personagem carrega um pouco da essência do ator que a interpreta. Por isso, digo que ela é uma extensão do Andiy, só que muito mais aflorada”, explica o ator. “Durante esse processo, pude descobrir um Andiy muito mais potente, trabalhar minhas inseguranças e, ao enfrentá-las, consegui dar ainda mais força para a Angel”.

“Sebastião” apresenta mais seis drag queens: Carmencita, Little Drag, Chica, Vênus, Lady Sinty e Sebastiane, interpretadas por Taciano Soares, Eric Lima, Francis Madson, Elias Difreitas, Jorge Sabóia e José Holanda. O nome da peça é uma referência a São Sebastião e a montagem traz a versão da história do santo para que ele tenha se tornado um patrono da comunidade LGBTQIAPN+.

A proposta de criar “Sebastião” surgiu em 2021, quando o grupo amazonense foi vítima de crimes de ódio, homofobia, sorofobia e racismo, entre outros. A obra que foi criada para chamar atenção para essas questões se tornou vítima e levantou a necessidade e urgência do debate numa tentativa de elaborar uma outra nova forma de diálogo sobre este tema.

“Estar em ‘Sebastião’ é poder explorar a arte e transformá-la em uma base de comunicação, amor, acolhimento, satisfação, autoconhecimento e liberdade. Acredito que trouxe a liberdade de me expressar, de me conhecer melhor, de acreditar em mim e no meu potencial”, comenta Andiy.

Plataformas digitais

“Sebastião” também está nos streamings de áudio, com as músicas “Toda La Noche”, “Baby Gay” e “Sou Todo Amor”. A banda do espetáculo é formada por Guilherme Bonates, responsável pela produção e direção musical com Eric Lima e Taciano Soares; Luana Aranha no baixo, Mady na guitarra, Bruno Rodriguez no teclado e todos assinam os arranjos das músicas.

O figurino tem assinatura de Andiy, Eric Lima e Francis Madson. A equipe tem ainda Daphne Pompeu na dramaturgia com Eric Lima e Taciano Soares, Emily Danali na assistência de direção, Lacruz na assistência de produção, Lore Cavalcanti e Paulo Martins na iluminação e Manuella Barros na assessoria de imprensa.

O projeto é uma realização do Ateliê 23, com apoio do Itaú Cultural, através do Programa Rumos, do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e Ministério da Cultura, via Fundação Nacional de Artes (Funarte).