“O Wi-Fi da Floresta está ligado”. Essa é a máxima que abre caminho para o lançamento do novo álbum do rapper paraense Cronixta que estará disponível em todas as plataformas digitais. Seu novo projeto vem como um dia quente de verão para nos conduzir por uma viagem inspiradora e dançante entre as diferentes influências culturais que guiaram o cantor desde o início de sua vida na parte de cima do nosso mapa, em Belém do Pará. A obra foi lançada na terça-feira, dia 19 de setembro.
“Wi-Fi da Floresta” conta com oito faixas inéditas e mistura conexões musicais e visuais por meio de visualizers em formato de filmagem 360º que ilustram a obra de Cronixta com imagens captadas em sua cidade natal, convidando o público para uma imersão completa em seu trabalho.
“É sobre diferentes ritmos e o movimento da dança para obter conexão. Eu coloquei o ouvido na boca da intuição para receber esse sinal, e, carinhosamente, venho chamando ele de ‘Wi-Fi da Floresta’”, comenta o artista.
O álbum foi produzido por Matheus Padoca, co-produzido por Guri Assis Brasil e Chico Correa e conta com a estética visual dirigida por Rafa Rocha em parceria com o próprio Cronixta, com assistência de Matheus Linhares e figurino por Kamila Kaczanowski.
O processo criativo de Cronixta tem como referência gêneros brasileiros, música latina, sonoridades amazônicas contemporâneas, sem perder sua conexão com o rap, ritmo no qual se descobriu compositor. Essa mistura de ritmos e sons resulta em um trabalho rico em elementos regionais que moldaram a vida e a personalidade do artista e, ao mesmo tempo, construíram a identidade cultural de todo o povo brasileiro.
O visual foi baseado na obra do tropicalista Hélio Oiticica, a partir dos parangolés e seus metaesquemas, nitidamente marcados pela busca para integrar a dança, cores, movimentos e a arte na experiência cotidiana. Segundo Cronixta, o detalhe é que faz a diferença.
“Detalhe esse que se movimenta, que se inventa e traz a essência para se tornar essencial. É a mistura do idioma de Hélio Oiticica com a Amazônia que conecta uns aos outros e todos a um só. A dança, a nossa criança, do princípio ao momento. É rir com os rios e a nostalgia da felicidade. A sina, os sinais e a alegria de um povo. O AMOR é a senha do nosso Wi-Fi.”
Para enriquecer ainda mais a narrativa construída em “Wi-Fi da Floresta”, Cronixta conta com algumas participações especiais ao longo do disco, como é o caso de “Jambú”, parceria com Cleiton Rasta.
“Foi um convite inusitado, eu nunca tinha participado assim em uma música, cantando junto e simulando um ao vivo discotecando, acho importante que o norte e nordeste estejam juntos para fazer a música dos nossos lugares e foi um prazer receber esse convite do meu amigo Cronixta”, comenta o DJ.
Ao ser convidado por Cronixta para participar da faixa “De cima do mapa”, Thiago Elniño viu uma oportunidade de agradecer e retribuir a região norte pela cultura e inspiração que ela proporciona ao seu trabalho.
“Quando o Cronixta me chamou para participar desta música, eu vi como uma possibilidade de compartilhar com quem tá aqui pra baixo no mapa um pouco do impacto que Belém me causou, da forte presença e influência dos povos indígenas em tudo, da chuva que cai todo dia, do Tambor de Mina a um passeio no Ver-o-Peso, são coisas que temperam minha vida e que, mesmo miudinho e sem querer tirar o protagonismo de vários artistas incríveis de lá que já fazem isso, eu queria também poder ser veículo de propagação das belezas e encantos daquele território”.
O álbum ainda apresenta feats com Bixarte, Felipe Cordeiro e Chico Correa. As faixas foram mixadas por Guigo Berger, com assistência de José Mizael, masterizadas por Felipe Techauer com direção artística de Cronixta, Matheus Padoca e selo Dog Music Lab.
Sobre Cronixta
Vindo de cima do mapa, norte do Brasil, o músico Cronixta desde criança se viu rodeado pela diversidade da cultura que habita em sua região. Ondas sonoras do Caribe recriadas em Belém, no Pará, os gêneros latino-brasileiros e amazônico contemporâneo dão o tom à sua obra. O rap é o fio condutor de seu estilo musical, que se conecta com a essência da sua cidade e os muitos “Brasis” que existem em nosso país.
Segundo Cronixta, “na minha terra a música não para, o volume dos sons nas ruas e nas casas sempre foi muito alto. É a mistura de ritmos locais, dos bregas, sons internacionais e a brasilidade de forma intensa. E quando se trata do meu lado musical, eu deixo toda essa diversidade pulsar e se conectar com a minha arte.”
Em meados de 2017, o artista mudou o curso da sua rota para a megalópole São Paulo, enxergando na cidade diversas possibilidades de conexões ao seu horizonte artístico. Trazendo o tempero e o suingue latino, o rock doido de Laurentino e o verbo forte do norte, o músico conecta isso tudo com o movimento da dança, com a sua criança, os ritmos diversos e letras de transformações sociais.
Em 2020, Cronixta abriu caminhos com seu primeiro e aguardado álbum, “Maiandeua”. O disco foi produzido por Miro Vaz e co-produzido pelo próprio artista. Este trabalho contou também com a colaboração de grandes nomes da música brasileira, como KLjay (Racionais Mc’s), Manoel Cordeiro, Pedro Luis, Japa System (Baiana System) e Macedo (Afrocidade). O disco foi muito bem recebido pela crítica e vem conectando o músico com diversos artistas, festivais, eventos e regiões.
Em 2021, Cronixta se juntou ao rapper Djonga para o impactante single “Deus é Mãe”, trazendo a poesia cirúrgica para confirmar a nova cara da sonoridade do Pará. Em 2022, foi selecionado como “artista revelação” pela SIM São Paulo e no projeto “Prata da Casa”, do Sesc SP, se apresentando na Comedoria do Sesc Pompéia. Desde então vem se consolidando como um dos principais nomes da região Norte do país e da música brasileira.
Faixa a Faixa -“Wi-Fi da Floresta” por Cronixta
1 – “Rádio do Caribe part. Felipe Cordeiro”
“Por muito tempo, lá na década de 30, 40 a gente não conseguia conectar as rádios do nosso próprio país e essa música fala um pouco sobre essa nossa sintonia, sobre essa frequência vinda da América Central que transformou a cultura da minha região. A onda sonora depois que é emitida se propaga para sempre e eu me considero quase um roteador dessa sonoridade.”
2 – “Que Tal?!”
“Ela vai além do questionamento, é um movimento através do verbo, esse movimento de descer para subir, desse êxodo musical devido ao tamanho do país e a indústria não entender direito a música feita na minha região. Se repete a máxima dos Racionais: a gente tem que ser algumas vezes melhor pra nossa música ser percebida da forma que ela merece.”
3 – “Dejavú”
“Eu morei um tempo na casa de um parceiro na zona sul e um dia ele me disse que a casa estava na justiça, que a família do pai dele queria o imóvel, mas que demoraria um tempo. Eu tinha conhecido a galega há uma semana mais ou menos e no outro dia do papo que trocamos sobre a casa, às seis da manhã tinha um oficial e alguns policiais dentro do meu quarto me acordando pra retirar tudo do lugar porque fariam uma reintegração. Essa história precisava estar de alguma forma dentro desse disco que fala sobre conexão, porque isso me fez viver durante anos com uma das pessoas mais especiais que eu conheci na vida.”
4 – “Jambú part. Cleiton Rasta”
“Fala sobre essa ginga e o suingue diferenciado lá de cima do nosso país, esse suingue que é necessário pra gente ir levando a vida. Quando você toma uma dose de Jambú naturalmente a boca treme e essa faixa é igual uma dose, é para tremer pa pa que o cavalo nem mordeu tua cabeça.”
5 – “Wi-Fi da Floresta part. Bixarte”
“Essa faixa é muito especial porque eu quis muito trazer a Bixarte, uma mulher trans que se conecta com suas naturezas mais profundas e traz esse presente que é falar sobre se renovar e se movimentar para encontrar nossa conexão.”
6 – “Sabiá”
“Eu sempre vejo a figura do passarinho em vários lugares, ele sempre me acompanha e não queria deixar ele de fora do álbum. De alguma forma eu quis, nessa faixa, surgir pra ele e fazer esse movimento contrário. São Paulo é essa selva que faz a gente imaginar muita liberdade, mas que te prende também de muitas formas. Essa música é um vôo até a boca do céu para sentir a liberdade que a arte nos proporciona.”
7 – “De cima do mapa part. Thiago Elniño”
“O refrão dessa surgiu quando eu estava voltando de um banho de rio e rolou um lance de estar tocando na água ao mesmo tempo que o sol beijava o rio. Essa música é a lei hermética da correspondência quando se diz: o que está em cima é como o que está embaixo e o que está embaixo é como o que está em cima.”
8 – “Traficante do amor part. Felipe Cordeiro e Chico Correa”
“A música e o verbo tem disso de sair da boca, e essa venda do produto verdinho, lá de cima, pra gringo é mais caro (risos). A gente tá endolando o amor, abrindo essa banquinha, e hoje em dia com a facilidade do pix tá barato demais pra levar até a sua área esse suingue, o calor e o amor refinado do norte do Brasil.”
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